terça-feira, 3 de abril de 2012

O Congresso do meu Município


No passado fim de semana decorreu o Congresso do Município do Marco de Canaveses, cujo tema era "160 anos ao serviço dos marcoenses". Confesso que a curiosidade não abundava na minha pessoa, com exceção para alguns convidados em específico. Tal como a minha falta de curiosidade por quase tudo o resto se justificou, também as expetativas para esses oradores em particular não saíram defraudadas. Mas, algumas coisas primeiro:

1. Gralha ortográfica monumental: "Empreendorismo"! Conhecem? Eu não! A desconsideração por tal palavra (consigo apenas assumir que é apenas uma palavra para Manuel Moreira, já Miguel Gonçalves, e até Belmiro de Azevedo, sublinharam que é UMA ATITUDE, UMA FORMA DE VIDA) é tamanha que não se deram ao trabalho de ver como se escrevia corretamente! E não! Não fica sem o "de" com o novo acordo ortográfico!


2. Discurso de abertura de Manuel Moreira: o expectável! Fez um sumário bem estudado da história marcoense, obviamente. Esteve muito bem até ao momento em que decide que... Os seus quase 7 anos de governação merecem cerca de 50% do tempo de antena do discurso! Quer isto dizer que Manuel Moreira se considera tão importante quanto os restantes 153 anos de história do nosso concelho!? Mas nada de novo... Alguém estaria à espera de algo menos que uma auto-promoção, uma propaganda desbaratada e despropositada? Claro que não! Pena é que os marcoenses tenham que "pagar tamanho bilhete de entrada" para saber mais acerca do Marco de Canaveses. Manuel Moreira esteve incrivelmente mal, igual a si próprio, a aproveitar todas as oportunidades para vangloriar o seu próprio trabalho (muito dele de qualidade duvidosa).

3. O meu Município não teve um congresso, teve um comício de 2 dias (às suas próprias custas): Fitas laranja, flores laranja, moderadores dos paineis de debate laranja, convidados maioritariamente laranja... Vergonhoso! Tudo isto às custas do município! Nós pagamos um comício organizado por laranjas, para divulgar trabalho laranja através de vetores (exceções existiram, é certo) laranjas! No mínimo condenável... Mas qual o motivo de todos os painéis serem mediados pela câmara municipal? Só porque organizou?! Não vou pôr em causa as escolhas dos oradores, uma vez que, por motivos diversos, existem méritos a ser reconhecidos.

4. Pontualidade precisa-se: Tenho telhado de vidro no que à pontualidade toca... Mas, atraso de 1h 30m ao longo de todo o congresso (por vezes mais ainda) é lamentável. Fossem os convidados e o público pouco flexíveis e estaria Manuel Moreira em muito maus lençóis.



5. Diversidade de temas: Foi deveras saudável a diversidade de temas e abordagens à realidade marcoense. Foi um exercício saudável pensar o Marco de Canaveses de diferentes perspetivas e perceber que temos um concelho rico, diversificado, com enorme potencial (humano e natural essencialmente).

6. Turismo: O convidado foi o Eng. António Mota... Exato! Numa intervenção pragmática, capaz de captar a audiência e muito ilustrativa... Da inexistência, na realidade, do "Marco no Turismo" que Manuel Moreira ostenta em todos os seus eventos. Ausência de oferta de alojamento, deficiências de conteúdo no panfleto turístico (que empunhou durante a intervenção) da Câmara Municipal, ausência de oferta (apenas informação), ausência de estratégia, incapacidade de exploração de uma costa fluvial imensa (Manuel Moreira e o seu slogan dos rios... É só palavras), inoperância no sentido de criação de oferta, de potenciação da mesma... Enfim! Conclusão: o Marco no Turismo não existe!





7. Belmiro de Azevedo: O nosso grande grande empresário (não esquecer que estivemos perante um conterrâneo que pontifica entre os 1000 mais ricos do mundo da revista Forbes) massacrou Manuel Moreira. Desde a lentidão de processos da Câmara Municipal, passando à lentidão operacional na mesma ("parece que há medo que o trabalho acabe" sublinhou o empresário), uma facada na falta de visão da Câmara Municipal, na incompetência da mesma quanto à "lixeira a céu aberto" que é o rio Tâmega, o sublinhar da falta de condições mínimas de progresso e qualidade de vida - leia-se água e saneamento, a descaraterização da zona industrial ("o estado a que deixaram aquilo chegar")... Poderia continuar por aqui a fora... Mas Manuel Moreira merece um descanso! Belmiro de Azevedo referiu ainda a necessidade de sermos móveis (automóveis, telemóveis... móveis), da necessidade de nos deslocarmos para os locais onde há riqueza para gerar e, por último, da necessidade de eliminar a palavra "emigrante" do dicionário! Foi uma pequena (curta) grande lição, aquilo a que se assistiu! Obrigado Eng. Belmiro de Azevedo por ter engrandecido o evento!



No cômputo geral, fiquei com uma clara sensação de que este foi um evento de promoção a Manuel Moreira e ao seu executivo... Relegando o Marco de Canaveses para segundo plano! Foi notório o destaque dado a tudo o que poderia ter um selo laranja... Salvaram-se algumas intervenções que, pessoalmente, me ficaram na retina:



a) José Carlos Meneses: uma perspetiva muito bem fundada e riquíssima em conhecimento acerca da nossa história;
b) Manuel António Moreira Teixeira: uma abordagem completa e integrada do associativismo, sustentada em dados estatísticos oficiais, com um toque pessoal (sublinhou as dificuldades dos Bombeiros Voluntários) que conferiu um valor acrescentado a esta intervenção;
c) António Mota: já acima referido, porém, em suma, o turismo marcoense abordado por quem é conhecedor da matéria e está solto de obrigações políticas no Marco de Canaveses. Resultado: Há muito trabalho a fazer no Marco de Canaveses.
d) Belmiro de Azevedo: uma honra ouvir a sua intervenção, quem não esteve fica, sem dúvida, em perda.



Não obstante tudo isto, é positivo o facto de se ter proporcionado este congresso, permitiu aos marcoenses saber um pouco mais acerca da realidade que os circunda, olhando-a de uma outra perspetiva. A repetir... Mas, POR FAVOR, DESPOLITIZADO!
Em suma: este foi o congresso de Manuel Moreira, à maneira de Manuel Moreira para publicitar tudo em torno de Manuel Moreira, não foi o congresso do MEU MUNICÍPIO, não foi o congresso do MARCO DE CANAVESES!



PS: Última nota para o "não saber estar" de Gorete Babo e Manuel Moreira que tiveram o descaramento de se justificar perante a intervenção de Belmiro de Azevedo, deixando lamentáveis (vergonhosas até) imagens de si mesmos... Fiquei com sensação de embaraço alheio! Desculpas de quem não tem argumento ou conteúdo com que refutar! Por vezes é NECESSÁRIO SABER OUVIR, ESCUTAR, APRENDER... E CALAR!

1 comentário :

  1. Parabens pela análise !
    Não estive lá, mas julgaria mais útil a realização, que sugeri, lá no longínquo ano de 2007, em post no "Marco Hoje", de uma "Jornadas sobre o Desenvolvimento do Concelho", previamente preparadas, com grupos de trabalho temáticos que trariam contributos ás ditas "Jornadas" e com participação activa (e não como espectadores...) das forças vivas locais.
    Mas isto chama-se democracia participativa e causa muita urticária social a quem (des)governa...; mas, no longínquo ano de 1993, participei activamente, em Arruda dos Vinhos,como Vereador, Município com 1/3 da população do Marco, numa iniciativa com esse contornos, que ainda hoje os participantes recordam.
    Abel Ribeiro

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