Os últimos 4 anos foram devastadores para o país, já todos o
sabemos. O retrocesso atingiu principalmente os que menos têm, que se viram
impossibilitados muitas vezes de aceder em condições dignas aos serviços públicos
de saúde, de educação ou de justiça. O radicalismo do governo PPD/PSD-CDS/PP convenceu
muitos de que esta seria a melhor solução e que não haveria alternativa: “temos de
empobrecer”, “temos de passar por dificuldades”, “o Estado não pode ser para
todos”. A ironia é que, agora, os mesmos que privatizaram meio país, que
dilaceraram os sistemas públicos essenciais, vêm, numa arrogância populista,
acenar com a bandeira da seriedade e da moderação. Acusam sem vergonha nenhuma o
Partido Socialista de ser radical, de não apresentar nada de novo e de querer “estragar”
o que fizeram durante o mandato.
O facto é que hoje nos sentimos desorientados, sem rumo e
enganados. Ao longo de 4 anos, foi-nos dito que “agora é que é”, mas no final
deste período tudo está pior e mesmo assim há quem acredite que não há
alternativa: “vivíamos acima das nossas possibilidades e, por isso, não havendo
alternativa, tivemos e temos de empobrecer”. O programa do Partido Socialista
nestas eleições demonstra exatamente o contrário: há uma alternativa e há
futuro para Portugal. Não, não temos de ser pobres, não temos de voltar atrás
no tempo. O clima de intimidação e de medo está a dominar a reta final desta
campanha. Os partidos de direita estão a apostar tudo na mentira, na demagogia
e na falta de valores. Esta é a altura certa para mudarmos de rumo, para nos
impormos, para fazermos valer os nossos direitos e a Constituição, que o
primeiro ministro já disse por várias vezes que de nada serve.
Mas agora a direita conta com aliados à esquerda. A CDU e o
Bloco de Esquerda continuam empenhados no seu papel de partidos de protesto,
acomodados com o seu lugar. Com medo de perderem assentos parlamentares, vale
tudo – o principal inimigo é agora o PS. São casos crónicos. Sem terem tido ou
quererem ter responsabilidades governativas, o melhor é ficar na oposição, de
preferência com a coligação de direita no poder para que não desapareçam nos
próximos anos. O cinismo de quem se limita a dizer mal de tudo, de quem não
apresenta soluções realistas e de quem até admite a saída do Euro e mesmo da União
Europeia é posto a nu nesta última semana.
No domingo não podemos votar apenas por nós. No domingo
iremos votar pelos desempregados, pelos que perderam as suas casas, pelos que
foram empurrados do país para fora, pelos que viram as suas reformas cortadas e
a confiança no Estado defraudada, pelos que foram enganados, explorados e
maltratados durante estes 4 anos. Os números não enganam, os factos estão aí.
Agora só se deixa enganar quem quer.