domingo, 27 de novembro de 2011

Parabéns aos amantes do fado...de Lisboa!

Num dia em que se celebra o reconhecimento do Fado como Património Imaterial da Humanidade, permitam-me que expresse um pouco da minha indignação por não ver reconhecidos nomes como o de Carlos Paredes, Artur Paredes, Luis Goes, José Afonso, Octávio Sérgio, António Portugal, Pinho Brojo, António Bernardino, Adriano Correia de Oliveira, Almeida Santos e muitos outros que nos transmitem os mais variados sentimentos quando escutamos Fado de Coimbra. Não, não estou chateado pelo Fado, o de Lisboa, ser Património Imaterial da Humanidade, antes pelo contrário acho que é um bom reconhecimento e dou os parabéns a quem levou a candidatura em frente, estou é triste por não ver o Fado de Coimbra fazer parte desta distinção, porque era tão merecido.


sábado, 26 de novembro de 2011

A greve geral e o 25 de Novembro


Esta quinta-feira foi dia de greve geral. Como defensor da democracia e da liberdade de todos quantos trabalham em prol de um país melhor, só posso estar do lado daqueles que procuram dar um alerta a todos os que nos governam.
O direito à greve pode, e deve, ser utilizado sempre que as nossas garantias e os nossos direitos estejam em causa. No entanto, é também tempo de pensar nos nossos deveres como cidadãos. Temos suportado muito, é certo, mas temos arrastado anos a fio uma situação incomportável, desde os tempos do Cavaquismo, e que agora nos leva ao abismo. Os governos socialistas tiveram também a sua quota de responsabilidade e não podem ficar alheios a isso. Contudo, os sacrifícios têm limites. A esquerda democrática não pode, nem deve, compactuar com políticas dignas de Estados autoritários e fascistas. A esquerda representada na Assembleia da República deve estar do lado dos que mais precisam, dos desfavorecidos, dos que, nesta altura, mais sofrem. O Partido Socialista deve fazer jus à sua história e lutar pelo Estado social que, maioritariamente, criou. É isto que, como socialista convicto, espero do meu partido.

Voltando à greve geral desta semana… Aconteceu o que, normalmente, sucede. O caos nos transportes, várias empresas encerradas e uma aparente e estranha alegria nas ruas, nas manifestações de trabalhadores descontentes mas que, naquele dia, aproveitam para largar o seu mais puro entusiasmo. Na Avenida dos Aliados, no Porto, não estiveram muitos, mas estiveram os suficientes, num ajuntamento que para os turistas que por lá passavam era uma festa.
Não fico feliz em ver serviços públicos encerrados ou a trabalhar a meio gás. Não fico feliz por verificar que a greve serve de pretexto a mais um feriado, para muitos, ao invés de servir para os trabalhadores saírem para a rua e darem voz ao seu poder. Para além disso, os sindicatos acabam por diminuir os grevistas a números, simples números que, constantemente, servem de arma de ataque ao governo em funções, independentemente da cor partidária. Por isto, e porque acredito que uma greve não é feita de números, mas de cidadãos que procuram um melhor rumo para o país, era interessante ver os mesmos sindicatos organizados convocarem manifestações para domingos ou feriados oficiais. Era interessante mobilizar para uma luta comum e independente que demonstrasse que há descontentamento nas ruas e não se trata de fazer greve ao trabalho que escasseia.
Não podemos estar a favor de medidas que afundem, mais ainda, o país. Mas, não podemos, também, apelar à criação de um cenário social que possa pôr em causa o Estado democrático.

Eu sou de esquerda, de uma esquerda que proteja os mais fracos, que abrace os mais desfavorecidos, que crie um ambiente económico favorável ao crescimento e ao desenvolvimento. Sou defensor do 25 de Abril e da liberdade e benefícios que trouxe para o país. Mas, sou também defensor de que não seja esquecido o 25 de Novembro de 1975. Quantos esta sexta-feira comemoraram o fim do PREC e de um período pós revolução que assombrou o país e que culminou com a derrota de uma esquerda radical que queria o poder à força? Vale a pena pensar no jogo partidário que está por detrás de certas organizações. Tal como não me coaduno com uma política de direita, também a extrema-esquerda me assusta. O 25 de Novembro trouxe-nos o fim de uma incerteza democrática e trouxe-nos a democracia possível em que hoje vivemos. É, também, por este momento histórico que devemos lutar e guardar como garante dos nossos direitos. 

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Eça de Queirós

Uma pequena corrida contra o tempo para colocar este post antes das 12 badaladas:
José Maria de Eça de Queirós nasceu a 25 de Novembro de 1845 na Póvoa do Varzim. Há 166 anos portanto vinha ao mundo um dos mais talentosos e consagrados escritores nacionais. Fica aqui o meu tributo ao autor de Os Maias e de A Cidade e as Serras (escrito e inspirado nos pela bucólica freguesia de Tormes, concelho de Baião).



Política de Cabeçalho II


É irónica, no mínimo, a fotografia de João Proença (UGT) abaixo exibida. É óbvio o conflito de conceitos existente naquela imagem: um líder sindicalista a usufruir de luxos (Hotel luxuoso, piscina sumptuosa e charuto pomposo) de um burguês. Ora, queria apenas sublinhar um pequeno GRANDE pormenor: para se ser sindicalista não é necessário ter poucas posses. Para se defender os direitos dos trabalhadores não é necessário auferir o salário mínimo, NÃO! Os direitos laborais, e a causa que os mesmos representam, deve ser transversal.

 Não deixa, não obstante tudo isto, de ser ainda mais irónico o timing da publicação da fotografia no Jornal Notícias (JN). Presumo que não tenha sido obtida ontem, antes de ontem ou sequer no fim-de-semana passado. Concebo apenas que estivesse em arquivo para oportuna utilização. Ora, seguindo esta minha linha de pensamento (não tão descabida quanto isso), parece-me que houve lugar a controlo e utilização de media PRIVADOS para se veicular uma mensagem através da fotografia!

Presumo que não tenha sido o PS a forçar a publicação desta imagem!

Pelo que me resta concluir que o partido (ou partidos) que, por diversas vezes, argumentaram (e ainda argumentam) que o Estado não pode utilizar os media PÚBLICOS para veicular informação que pretenda, está a fazê-lo em media PRIVADOS!
Mas estes meios não são imparciais, intocáveis e sem interesses políticos?! Ironia… Ou sátira, só pode ser, esta argumentação!

Ruído... Apenas ruído para engodar o Zé Povinho!
PS: Fica também aqui uma fotografia que de ironia tem também muito… Dúvidas e comentários jocosos muitos mais gera… Mas que, na realidade, capta apenas um momento do quotidiano do executivo em funções!

Cortes nos Contratos de Direito Público

Antes de mais: estranho estar a utilizar Jorge Bacelar Gouveia enquanto referência... Mas serve como bom exemplo da abertura que por aqui existe.

Apenas uma nota para uma afirmação desta mediática figura do PSD no Programa Prós e Contras de 21 de Novembro de 2011, momento em que este afirma a inconstitucionalidade dos cortes nos salários dos funcionários públicos. Sublinha o carácter de contrato de direito público destes vínculos e prossegue afirmando que as relações jurídicas do Estado com as Parcerias Público-Privadas (PPP) têm EXACTAMENTE os mesmos contornos. Jorge Bacelar Gouveia termina o raciocínio afirmando: "se se fazem cortes INCONSTITUCIONAIS nos salários dos funcionários públicos, porque não aplicar também cortes às PPP?".

Resta-me apenas perguntar: porque não reduzir os valores contratualizados nas PPP, sob o pretexto de situação extrema de situação financeira (contexto no qual a constituição permite alguma agilização de medidas - estamos no limite? Quem o define?), aplicando método similar ao utilizado com os funcionários públicos??

Deixo a pergunta. Agradeço resposta/esclarecimentos/elucidações acerca do assunto. Sou pouco entendido na matéria, mas pareceu-me que os argumentos esgrimidos por Jorge Bacelar Gouveia (PSD) são lógicos! Posto isto, deixo ainda outra pergunta: Devemos aceitar de forma abnegada os cortes impostos pelo Governo ou devemos questionar as opções tomadas e propor alternativas construtivas?

Não sou adepto de seguidismos dogmáticos e este senhor sugeriu um trilho alternativo aos cortes nos salários da função público: dividir o sacrifício com as PPP's e torná-lo mais equitativo!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Reunião Pública de Câmara


Hoje é dia de Reunião Pública da Câmara Municipal do Marco de Canaveses, a decorrer nos Paços do Concelho. Diversos temas serão abordados de forma aberta, com a presença dos marcoenses em mais uma reunião. Contudo, a JS Marco Canaveses quer sublinhar a sua participação, de forma indirecta, nesta mesma reunião!!
Na impossibilidade de podermos estar presencialmente na Reunião de Câmara, articulamos com o Vereador Agostinho Sousa Pinto, PS Marco, uma intervenção na mesma. Esta intervenção está relacionada com a proposta por nós apresentada na última Assembleia: Marco à Boleia!!! Apresentamos essa proposta construtiva e pertinente e entregamos diversas cópias da mesma aos vários intervenientes da Assembleia Municipal (grupos partidários, executivo, vereadores e mesa de assembleia municipal)... O Dr. Manuel Moreira respondeu a esta proposta com um vago: é positivo, é algo a ver!! Não se esperaria mais também, diga-se... Não me recordo de o Dr. Manuel Moreira reconhecer mérito em alguém que não o próprio executivo!

A intervenção de hoje remonta a esta temática, com intuito de saber qual o estado de avaliação (já lá vão meses, ainda não deverá ter passado da avaliação!!) da proposta Marco à Boleia e qual o possível resultado dessa avaliação!! Queremos saber se houve realmente consideração pela proposta apresentada e, se houve, qual o veredicto!

Aguardamos assim pela conclusão da Reunião Pública de Câmara com a expectativa de ouvir um "sim" relativamente à proposta "Marco à Boleia"!!

Uma pequena observação: semanas após termos entregado a proposta soubemos que esta ainda não tinha chegado ao devido pelouro e aos respectivos decisores para avaliação!! Ou seja: esqueceram o assunto e ignoraram uma possível contribuição para a juventude Marcoense!! Entretanto voltamos a entregar cópias aos devidos responsáveis para que se estude a proposta (Obrigado sincero ao Márcio que se interessou pelo projecto e revelou o seu carácter sério e de trabalho em prol do Marco)!! Executivo fantástico: É NECESSÁRIO INSISTIR PARA CONSTRUIR MELHORES CONDIÇÕES PARA OS JOVENS MARCOENSES!

Greve Geral: Inconformismo vs Indignação



Hoje é dia de greve geral, uma greve com o selo conjunto da UGT e da CGTP. Hoje é dia de greve e eu escrevo estas palavras da forma mais leviana e ligeira possível: tenho o luxo do meu portátil para as elaborar e o conforto do meu sofá para as ruminar! Outros não terão… IMPORTANTE NÃO ESQUECER ISTO!!
A greve é, inexoravelmente, um direito… Mas hoje, dia 24 de Novembro de 2011, é um dever!! Todos, enquanto Portugueses, temos o direito a manifestar as nossas preocupações e a denunciar as injustiças sociais, mas hoje, enquanto Portugueses, temos o dever de sair à rua e denunciar a uma só voz o estado de sítio social em que se encontra a nossa nação. Não se trata de uma questão de classes (como foi o caso dos professores), trata-se, isso sim, de uma questão de valores: de idoneidade e de exigência.
Esta Greve Geral tem de acontecer e é preponderante que aconteça com uma adesão massiva (apesar dos métodos ilegalmente utilizados para a tentar limitar) por parte dos Portugueses. É importante levantar a voz e reclamar aquilo que está a ser injustamente retirado (que ninguém tenha dúvidas que é injustamente retirado). Mas, aqui e agora, entra uma questão fulcral: estamos inconformados ou estamos indignados?
Considero eu (não esquecer que esta opinião é absolutamente “pessoal e intransmissível”) que quem está indignado não deve exercer o seu direito à greve! Porquê? Porque a indignação, a meu ver, não é positiva ou construtiva. A indignação é natural, mas é também limitadora dos horizontes da razão. Aqui e agora, chega a hora do inconformismo!
Quem se sente inconformado DEVE exercer o direito à greve! Porquê? Porque todos os Portugueses que estejam inconformados têm no seu pensamento o contexto em que este greve ocorre, as imposições externas que se abatem sobre nós e as potencialidades deste país “à beira mar plantado”. Recentemente, Mário Soares e também Luís Amado fizeram referência à necessidade de inconformismo e da sua preponderância nesta greve, em lugar da antiquada indignação! Pois eu subscrevo essas referências e julgo que elas são fulcrais, pois todos nós, enquanto Portugueses, temos o dever de estar inconformados com o actual estado de sítio social: os cortes nos subsídios, os GRITANTES cortes nos passes sociais, a reestruturação danosa da RTP, as privatizações a preço de saldo, etc., etc. Mais que estar inconformados com estas medidas precárias devemos estar inconformados com a classe política (uns partidos afirmam que não têm responsabilidades na actual situação – PSD, CDS – outros assobiam para o lado – BE, CDU – e outro ainda não sente no capote, quando devia, o peso da água – PS), com os valores que predominam na sociedade (desde empresários a funcionários) e com os horizontes que se vislumbram (austeridade sobre austeridade… Falta a luz ao fundo do túnel!).
Enquanto Coordenador Concelhio da JS Marco Canaveses (mais ainda enquanto Português) sinto-me realmente INCONFORMADO com tudo isto! Pretendo trabalhar arduamente para que a classe política mude paradigmas e formas de agir, mude valores e destrua lobbies, para que a sociedade funcione muito para além do LUCRO, do SUCESSO e da RIQUEZA e para que, com isso, possamos redefinir os horizontes. É óbvio que não o vou conseguir… Mas não consigo passar por cá sem deixar de o tentar. É demasiado importante para que se “deixe andar”, é demasiado importante para que se confie aos outros!
A Greve Geral tem, para mim, esse significado e esse fim, pode não o ter para outros, reconheço, mas é um Portugal demasiado mau este em que nos encontramos, de tal forma que a Greve Geral é mandatória: FAZER GREVE PELOS MOTIVOS CERTOS!
Alguns não se podem dar ao luxo de fazer greve… Mas todos devemos dar o nosso contributo para o país que ambicionamos. Uma forma de dar esse contributo é intervir, mexer com o meio, introduzir novas variáveis e procurar mudar a forma de fazer política… Ainda outras formas existem (numa próxima oportunidade as abordaremos)! A JS Marco de Canaveses está a tentar fazê-lo (espero eu) da melhor forma… Mas todos são poucos para tamanho projecto (não fiques INDIGNADO no café a refilar)! Junta-te a nós a construir o amanhã e a fazer MUITO + QUE POLÍTICA!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Mercado Municipal


No último sábado visitei um dos espaços mais antigos e tradicionais do meu concelho. Um espaço que ao longo do tempo foi perdendo relevância e o carinho das suas gentes. Debaixo de tons cinzentos e do ímpeto arejo, testemunhamos os rostos amargurados de quem se sente esquecido. Tons que apenas são contrariados com as cores que emergem nas solitárias bancas que, para além da mercadoria, carregam também a coragem dos seus donos. 

Entre prantos, narrativas e lições de vida, fui-me entregando a uma realidade fascinante. Percebi a importância de lutar ao lado daquelas pessoas que por teimosia mas principalmente por paixão, não deixam morrer o comércio verdadeiramente tradicional. Contrariamente ao que se possa pensar e ao que nos querem fazer crer, dentro daquelas paredes encontramos preços, qualidade e a simpatia que os gigantes não conseguem alcançar! Está na altura de voltar às raízes, valorizar o que é nosso e dar mão aos que todos os dias lutam por velhos valores tão facilmente esquecidos! Está na altura de respeitar, conhecer e praticar as nossas tradições! Está na altura de valorizar o Mercado Municipal!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O “Parque Escolar” visto do prisma menos bom



  O “Parque Escolar” é uma obra de grande contributo para o ensino em Portugal. A modernização das infra-estruturas é uma necessidade básica para garantir um bom funcionamento do ensino público. As escolas anteriores tinham graves défices de conforto, muitas delas sofriam de problemas de infiltrações com péssimas condições nas salas de aula, como é o caso da Escola Secundária de Marco de Canaveses.
  Contudo existiram algumas falhas no nível de gerência do projecto Parque Escolar, por exemplo, é de salienta-se a derrapagem que está  fixada em cerca de dois mil milhões de euros. Os fundos de financiamento do projecto são: QREN (fundos comunitários), PIDDAC (orçamento de estado) e BEI (banco europeu de investimento). No que para sustentar a dívida tais fundos de investimento não chegam e as escolas terão de pagar 1,65 euros por metro quadrado mensalmente ao “Parque Escolar”, cerca de 50 milhões de euros em rendas só do ano de 2011. Contudo existem alguns pontos que de facto poderiam ter sido melhor controlados e alguns evitados. O “Parque” é a quinta empresa, actualmente, mais endividada do país.    
   Aliás as derrapagens nas obras públicas são uma situação que nos preocupa a nós jovens. A falta de transparência nos concursos públicos e os desajustes orçamentais são insustentáveis para um país democrático. Em Portugal a criação de legislação que responda a essa problemática e o aumento de rigor nas contas públicas deverá ser fortemente discutido pelas instâncias governamentais devidas.
  Uma outra marca de sucesso da anterior governação foi a forte aposta nas energias renováveis, como fontes eficientes que servem de alternativa às energias fósseis. A criação de legislação para obrigar os novos edifícios a terem como requisito a eficiência energética é uma medida coerente, proveitosa e consciente.
  Actualmente as energias renováveis são viáveis financeiramente, embora Portugal ainda seja um grande utilizador do ar condicionado. A nível mundial a utilização desse sistema de climatização interna diminuiu cerca de 10%, a nível Europeu a baixa situou-se nos 25% enquanto a nível nacional a baixa fixou-se nos 7%. O “Parque Escolar” foi uma das principais causadoras para que essa redução não se efectivasse. De salientar que a maioria das novas escolas tenham como principal fonte de climatização o ar condicionado, um método errado na eco eficiência dos novos edifícios.
  A aplicação de painéis solares está a ser efectivada, de momento, em escolas piloto para aprimorar o grau de rentabilidade. Questiona-se o facto de o projecto não ter desde o inicio fomentado a prática de escolas auto eficientes (escolas-piloto), o que não aconteceu e é de condenar. Os novos edifícios actualmente têm instalado sistemas de ar condicionado que não são em nada sustentáveis e são uma completa antítese das políticas de eficiência ambiental da anterior governação de José Sócrates.
  De referir do Parque Escolar será também a falta de transparência que existiu na contratação de equipas que fizeram os projectos das escolas, no que uma mesma equipa de arquitectos chegou a ter 11 empreitadas, uma realidade descabida e completamente errada, em nada democrática, os ajustes directos em alternativa aos concursos públicos são nefastos para uma concorrência leal.
   O projecto “Parque Escolar” foi um investimento útil, embora também se tenha de ver tal projecto pelo prisma menos bom, para que sirva de exemplo em projectos públicos vindouros.


Links relacionados:

domingo, 20 de novembro de 2011

JS + Perto de Ti: 19 de Novembro


Decorreu ontem, 19 de Novembro, a primeira jornada da iniciativa JS + Perto de Ti, que teve início logo pela manhã no Mercado Municipal de Alpendurada. O principal objectivo era o contacto próximo com as pessoas, principalmente os vendedores daquele mercado, para tentarmos apurar o grau de satisfação quanto às condições do espaço e a afluência ao mesmo. Após algumas conversas naquele local, concluiu-se que aquele mercado está aberto todos os dias, mas os vendores praticamente só aparecem aos fins de semana para venderem os seus produtos. Curiosamente e felizmente, ainda podemos encontrar no Mercado Municipal de Alpendurada produtos provenientes das hortas dos próprios vendedores, que são colhidos no próprio dia em que são postos à venda! Um privilégio, portanto... O que mais salta à vista naquele espaço é, de facto, o fraco movimento, que é comprovado pelo testemunho de alguns vendedores que afirmam mesmo que actualmente aquele mercado vive os seus piores dias desde a sua abertura. Efectivamente, existem várias bancas e outros espaços comerciais vazios. Seria importante e urgente dinamizar aquele local, com qualquer iniciativa que chamasse a atenção das pessoas, que as fizesse deslocar até ali.

O final da manhã foi já passado no Mercado Municipal do Marco. O intuito da visita foi o mesmo: auscultar as pessoas que ali trabalham e perceber o que pode e deve ser feito para melhorar o espaço. Neste local, os vendedores foram um pouco mais interventivos. Começaram desde logo por destacar que os preços para os lugares de venda praticamente triplicaram, o que será incomportável dado o decréscimo de vendas que se tem verificado. Além disso, referiram que o mercado municipal é um espaço esteticamente desagradável e pouco atractivo, tendo ainda suscitado questões de higiene. Outros aspectos relevantes foram mencionados, como a deslocalização relativamente ao "centro de comércio" da cidade (Avenida Avelino Ferreira Torres, etc), a dificuldade de estacionamento para quem quer ir fazer compras naquele mercado e a forte proximidade com uma grande superfície comercial. Inegável é a dificuldade que aqueles vendedores encontram em publicitar os seus produtos, normalmente sempre mais em conta do que os dos espaços comerciais de maior dimensão (contrariamente ao que se possa pensar e ao que nos querem fazer crer!).





A tarde levou-nos até à freguesia de Banho e Carvalhosa para uma breve visita sob a orientação do seu Presidente de Junta, o Sr. António Rocha. A JS Marco teve oportunidade de conhecer as instalações da sede de Junta, onde também decorrem as actividades do prolongamento escolar e que acolhe ainda a Associação para o Desenvolvimento Económico e Social de Banho e Carvalhosa. A circunstância de estar situada num dos extremos do Concelho tem a vantagem de colocar esta freguesia a cerca de 15 minutos do centro da cidade do Marco, de Amarante ou mesmo Penafiel. Não deixa de ser caricato que este posicionamento faz com que certas zonas da freguesia acabem por ser "abençoadas" pela rede de abastecimento de água e saneamento do município de Amarante! Sim, existem pessoas de Banho e Carvalhosa que pagam as suas contas de água e saneamento ao concelho vizinho! Destaque-se ainda que a paisagem é fortemente marcada pelo verde, pela natureza e pela ruralidade. E que bem que sabe... Não há habitação que não disponha da sua pequena horta, mas também se encontram nesta freguesia áreas de cultivo de média dimensão, que se assumem como o "ganha pão" de muitos habitantes dali.




No final da jornada, a JS Marco tirou uma conclusão: nada melhor do que estar perto! Nada melhor do que ir ao encontro dos principais intervenientes e conhecer de perto a realidade! JS + Perto de Ti: venha a próxima!

Um Marco sem marca


Queremos ser um Marco no turismo. Temos razões para isso? Se fossemos de uma região algures por esse país fora, ou por esse mundo fora, teríamos razão para fazer uma visita que seja ao Marco de Canaveses? Com tantos motivos de interesse no país, o que levaria um turista a optar pelo Marco? Na teoria, temos potencialidade. Na prática, não a aproveitamos – é o velho dilema a que o povo marcoense se habituou.
Mas vamos dar conta de alguns pormenores. Se queremos fazer uma verdadeira promoção do concelho é necessário que tenhamos uma marca, uma verdadeira distinção que nos caraterize para além do nosso território. Vejamos… Quando pensamos no Porto, pensamos no Douro, na ribeira, na torre dos Clérigos ou mesmo na Avenida dos Aliados. E Lisboa? O Tejo, a Praça do Comércio ou a Torre de Belém. Já em Coimbra temos o Mondego e as suas margens, a Universidade e as ruelas históricas.
Não é preciso fazer um estudo para perceber que a maioria do país não tem a melhor imagem do Marco, mesmo aqueles que nos são mais próximos, aqueles que no nosso distrito nos põem de parte, nos colocam no interior, mas a meros 30 minutos do centro do Porto. A nós nos dirão que não temos história, que não temos cultura ou que não temos património. A nós nos dirão que não temos potencial, que somos cidade de província e que, por isso, estamos longe dos acontecimentos, longe de tudo o que se passa. E nós que temos feito? Nada. Em 2005, os marcoenses tiveram a coragem de querer mudar de rumo. Em 2009, rejeitámos aquele que nos envergonhou, mas mantivemos o que por nós nada fez, talvez por segurança e medo que tempos antigos voltassem.
O que temos nós que possamos valorizar como imagem de marca do Marco de Canaveses? O que pode servir de bandeira para nos mostrarmos ao país e ao mundo e dinamizarmos o turismo local?
Respostas simples a que um verdadeiro marcoense pode responder. Temos património que nos engrandece e nos deixa orgulhosos: das inúmeras igrejas históricas (Vila Boa do Bispo, Tabuado, S. Nicolau…) à igreja de Santa Maria (de Siza Vieira), da cidade romana de Tongobriga ao Convento de Alpendorada, dos solares à paisagem magnífica, mas desaproveitada. Depois de muitos anos de erros urbanísticos, de construção desenquadrada e de desprezo pela paisagem natural que nos rodeia, a Câmara Municipal continua a menosprezar o que somos e o que temos. Os próprios rios Tâmega e Douro são únicos e desaproveitados. Não basta fazer um parque junto ao Tâmega e manter o vídeo da inauguração ao longo de três anos no sítio da internet da Câmara Municipal para que os turistas venham ao Marco e se surpreendam com o “maravilhoso” parque que de obra de destaque nada tem.
Vejamos a mera publicidade turística que é feita: alguns outdoors de louvor ao Marco, onde? No Marco. Quem não conhece, por exemplo, o slogan turístico de Baião, visível até há pouco tempo numa das saídas mais movimentadas do Porto? Mas nem isso, porque apostar neste tipo de marketing é coisa do passado. Falemos de novas tecnologias. A Câmara Municipal do Marco criou até um sítio na internet dedicado ao turismo. Isto, por si só, promove o concelho? Não. Não, porque, como utilizador da internet nos dias que correm, é necessário que a informação venha até mim, já que a quantidade de informação existente online não permite a divulgação instantânea apenas pela presença de uma página na Web. As redes sociais poderão ser uma resposta simples e barata para esta divulgação que falta, faltando também muita imaginação a este executivo…
Criar uma marca para o Marco é urgente. E a nossa marca é o nosso património histórico, cultural, natural. A nossa marca depende de todos nós, uma vez que para os que nos representam isso de nada vale. Tentaremos nós melhorar a imagem de marca do Marco.  

sábado, 19 de novembro de 2011

Sábado: JS + Perto de Ti

Hoje (sim, hoje já é Sábado) a JS Marco de Canaveses está + perto de ti!!
Esta é a primeira de diversas iniciativas que se irão prolongar, esperemos nós, por anos e anos a fio:)
Vamos andar por aí, mais ou menos evidentes, mas vamos andar... Em trabalho!! Por ti, pelo Marco de Canaveses e por todos nós.
Caso nos encontres tira uma foto, dá-nos uma palavra, manda-nos um bitaite eheh! Precisamos de ti, precisamos do Marco de Canaveses para existir... Desta forma, agradecemos todas as tuas indignações, todas as tuas desinformações, todas as tuas opiniões e todas as tuas sugestões!

É provável que nos vislumbres por terras de Alpendorada, pelo Marco de Canaveses ou ainda por Banho e Carvalhosa!!

Colocaremos depois aqui avanços... E apresentaremos futuramente resultados do trabalho a desempenhar...

JS Marco de Canaveses + Perto de Ti

A fazer...


Dica:


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Espaço é Escola. Escola é Mãe.

    Escola Primária: instituição destinada a corrigir nas crianças o vício impertinente de lerem na Natureza, nas Pessoas e nas Coisas.

Uma criança precisa, para existir, de espaço.
Para que uma criança crie espaço, precisa de ter mãe: para que um corpo se confronte com o seu; para que nesse espaço se possa desenvolver o gesto – «onde põe a pitinha o ovo?» – se metam as palavras e se organize a linguagem que é basicamente emoção e AMOR. Não basta comunicar pelo gesto ou pela palavra. É necessário que a comunicação se faça num enquadramento de linguagem que é: sistema de referências, RELAÇÃO, espaço plástico gerido por cada um e por todos. É a linguagem que preenche o espaço entre as pessoas; é no envolvimento da linguagem que se processa a comunicação.
A criança precisa de ter ESPAÇO para descobrir e se descobrir, para se ver ao espelho, no OUTRO, nos outros, para que alguém lhe possa estender as mãos, para que ela receba a mensagem da cultura, para que a criança possa adquirir sabedoria, para que possa ter um nome, pôr nomes e criar OBRA que contribua para enriquecer o património cultural da comunidade. A criança precisa de ter espaço para criar tempo. Tempo para brincar, tempo que seja TODO, TEMPO INTEIRO. Para sentir, aprender, pensar... nas coisas sérias da vida... no brincar. Para que possa ler na Natureza, nas Pessoas e nas Coisas. Antes que seja tarde, antes que chegue a escola.
A escola ensina, ou deveria ensinar, a comunicar à distância – no tempo e no espaço – mas só depois de as crianças e dos mestres entenderem que a comunicação escrita é um instrumento intermediário da cultura e não a própria cultura.



Dados Bibliográficos:
- Texto: SANTOS, João, Ensinaram-me a Ler o Mundo à Minha Volta. Lisboa: Assírio & Alvim, 2007.
   - Imagem: Robert Morris, "Untitled (Box for Standing)", 1961; em Robert Morris (catálogo da exposição), Paris, Centre Georges Pompidou, 1995.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Simplesmente Obrigado

History will be kind to me for I intend to write it.
Sir Winston Churchill


Hoje queria apenas deixar aqui umas linhas para agradecimentos... Simplesmente OBRIGADO!

A todos os camaradas que estão comigo e a todos os amigos que comigo estão...
A todos os apoios manifestados na minha hora de candidatura à JS Marco de Canaveses...
A todos os elementos dessa mesma candidatura...
A todos os que acreditam em mim e até a todos os que muito desconfiam...
A todos os que me ajudaram e a todos os que me hão-de ajudar...
A todos... E principalmente a TI... TU sabes!!

É tempo de olhar em frente! É tempo de reconhecer o que me antecede e o caminho que tenho de trilhar! É tempo de enfrentar o chão, por vezes movediço, e calcorrear o amanhã! É tempo de me rodear de quem realmente conta e avançar!

Não é projecto fácil ou aquilo que propus no dia 12 de Novembro... Mas é tempo de o concretizar! Tempo de transformar, tempo de crescer e tempo de construir!

O panorama nacional não é animador, o concelhio ainda menos... Mas, se assim não fosse... Seria fácil de mais!!

Tudo aquilo que realmente importa conquistar é difícil... Exactamente por isso sei que o que propus e o que ambiciono é REALMENTE IMPORTANTE!!

Obrigado a todos que me acompanham e a todos que hão-de ainda acompanhar... Sem vocês estas linhas não se escreveriam e apenas com vocês eu serei sucedido! O meu sucesso será, indissociavelmente vosso!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Tomada de Posse

João Torres, Bruno Caetano, Miguel Carneiro e Artur Melo

Ocorreu no passado sábado a tomada de posse dos novos órgãos da Juventude Socialista do Marco de Canaveses. Eu, como parte integrante desta equipa, não podia estar mais orgulhoso ao sentir o apoio das muitas pessoas que encheram o Salão Nobre da Junta de Freguesia de Soalhães. O trabalho que foi desenvolvido ao longo de todos estes anos ficou nessa noite em evidência e o balanço é imensamente positivo. Hoje, a JS do Marco de Canaveses é encarada como um exemplo e um forte aliado nas lutas politicas que diariamente são travadas por todos os jovens portugueses. 

Salão Nobre da Junta de Freguesia Soalhães repleto

Forte abraço de Artur Melo a Miguel Carneiro

Mas esta equipa tem muito mais a acrescentar. O entusiasmo vivido por aqueles que agora tomaram posse, a vontade em realizar um trabalho construtivo e coerente, a necessidade de apresentar propostas estruturantes só se compara à forte união vivida por este grupo. 

Miguel Carneiro apresenta os objectivos do seu mandato.

Estão reunidas todas as condições para que os nossos objectivos se tornem rapidamente em realidades. Aqui, remamos numa só direcção. 

Troca de impressões entre Miguel Carneiro, Bruno Caetano e Agostinho Pinto.

Para finalizar, quero aqui deixar um forte abraço ao Bruno Caetano que durante o seu mandato deu provas da qualidade da juventude marcoense. Como o próprio frisou, não se trata de uma despedida e contaremos sempre com ele na hora de defender o Marco de Canaveses.

Entrevista a Miguel Gonçalves





Numa altura em que os portugueses são inundados por notícias negativas, é importante saber reagir. A Renascença foi saber qual a melhor atitude a tomar para contornar as adversidades. É o lado positivo da crise.

Trabalhar muito e trabalhar com paixão são os principais conselhos que Miguel Gonçalves dá a quem quer dar a volta à crise. O empresário e criativo ficou conhecido do público quando participou no programa da RTP “Prós e Contras”, onde defendeu que as pessoas têm que mostrar o que valem e “bater punho” para singrar no mercado de trabalho. Em entrevista à Renascença, sublinha que os momentos de crise representam oportunidades. No final, deixa mais uma daquelas frases que ficam: "Ou estás em casa a chorar ou estás na rua a vender lenços".


Que conselhos dá às pessoas que estão a passar por tempos difíceis com esta crise? 

Neste momento, parece-me oportuno as pessoas perceberem que têm de gostar daquilo que fazem. Têm que desenvolver esse conceito de paixão. Se gostas do que fazes, fazes mais; se fazes mais, fazes melhor; eventualmente, se fazes melhor, és mais bem pago por isso. Portanto, uma das grandes sugestões que se pode dar a quem quer trabalhar é fazê-lo numa área em que sintam carinho e bastante paixão - e, por inerência, competência - por aquilo que fazem. 


Mas nem sempre os empregos disponíveis são os que mais nos agradam. Enquanto não os encontramos, como é que devemos olhar para a frente, que acções devemos desencadear? 

Depende muito da pessoa de que estamos a falar, se é um recém-licenciado de 25 anos ou uma pessoa de 40. Entrar e sair do mercado de trabalho é, neste momento, uma constante, faz parte. ‘It´s the nature of the game’. Para quem está a trabalhar e não está a fazer aquilo que gosta, uma boa opção será distribuir parte do seu tempo para desenvolver actividades que lhes permitam, a médio ou longo prazo, entrar no mercado onde precisamente querem trabalhar. Se por qualquer motivo ainda não conseguiste criar uma oportunidade na área, no negócio, no mercado onde queres trabalhar, trabalha das nove às três ou às quatro numa área que te permita pagar contas e a partir daí, até ao final do dia, trabalha no sonho, na paixão. 


É ver a crise também como uma oportunidade? 

Passa muito por isso. Todos os momentos de suposta dificuldade ou de constrangimentos acabam por ser momentos de oportunidade para algumas pessoas. A realidade acaba por ser a mesma para toda a gente, portanto, passa muito por acreditar que existem oportunidades. É o primeiro passo: isto não é uma situação dramática, onde caíram todas as pragas do Egipto. Faz sentido considerar que há muitas oportunidades e que, ao limite, depende de cada um criar essas mesmas oportunidades, porque elas existem. Não se pode desistir. Eventualmente, é preciso ser um pouco mais persistente. Se há dois ou três ou cinco anos trabalhávamos com taxas de conversão maiores – ou seja, ter-me apresentado a cinco empresas e ter gerado uma oportunidade –, hoje terás que te apresentar a 10 ou a 15 ou a 20 ou a 30 para gerar uma mesma oportunidade. Portanto, tem é que se redobrar a persistência. 


E dentro das empresas? Devem empregados e empregadores unir esforços para evitar ou enfrentar as dificuldades? 

O que vemos nas empresas é que elas só despedem alguém se a pessoa de facto não for produtiva. Quando estamos a falar de uma pessoa que é produtiva, que gera valor, que gera riqueza, um empresário à partida não tem nenhum interesse em despedir essa pessoa - só se não tiver outra alternativa. Vemos recentemente que, em virtude de novas leis, será mais fácil despedir pessoas. Ok, podemos considerar que é mais fácil despedir, mas também podemos fazer a leitura oposta: espera aí, a partir de agora será mais fácil contratar pessoas. O mercado estará mais liberalizado e, por inerência, será mais fácil contratar pessoas. Penso que essa é a leitura que deve ser feita. E vemos, em algumas organizações, como de software e indústrias criativas, um conjunto de soluções que as empresas estão em marcha para motivar mais os colaboradores e de facto introduzirem maiores índices de geração de riqueza - por exemplo, iniciativas como ‘profit sharing’. Há empresas que estão a fazer distribuição de lucros com os seus colaboradores. 


Isso quer dizer que, antes de entrar em dificuldades, as empresas podem desde logo desencadear acções para motivar mais os seus trabalhadores e retirar daí maior produtividade? 

Podem e estão a fazê-lo. As empresas estão a fazê-lo. As empresas não estão mortas, estão cada vez mais aguçadas. Estes momentos de dificuldade aguçam e limam o mercado. Quem não está bem eventualmente terá de sair do jogo, mas estes contextos faz com que as empresas tenham de pensar melhor e tenham que ser mais focadas e centradas nos seus objectivos. Vejo que isso está a acontecer, pelo menos com as empresas com quem tenho trabalhado. 


Existe algum conselho que queira dirigir à população em geral, tendo em conta que Portugal no seu todo vive dificuldades? 

É preciso trabalhar muito. Este não é o momento particularmente oportuno para gente que anda a ver e apenas a apalpar e a sentir o mercado. É preciso trabalhar mesmo mesmo muito, colocar em consideração o facto de o mercado neste momento não ter muito espaço para amadores. Tens duas opções: ou estás em casa sentado a chorar ou estás de pé, na rua, a vender lenços. Faz parte compreender que este momento de dificuldade é também um momento de oportunidade e de crescimento.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Os Professores por José Luís Peixoto


O mundo não nasceu connosco. Essa ligeira ilusão é mais um sinal da imperfeição que nos cobre os sentidos. Chegámos num dia que não recordamos, mas que celebramos anualmente; depois, pouco a pouco, a neblina foi-se desfazendo nos objectos até que, por fim, conseguimos reconhecer-nos ao espelho. Nessa idade, não sabíamos o suficiente para percebermos que não sabíamos nada. Foi então que chegaram os professores. Traziam todo o conhecimento do mundo que nos antecedeu. Lançaram-se na tarefa de nos actualizar com o presente da nossa espécie e da nossa civilização. Essa tarefa, sabemo-lo hoje, é infinita.

O material que é trabalhado pelos professores não pode ser quantificado. Não há números ou casas decimais com suficiente precisão para medi-lo. A falta de quantificação não é culpa dos assuntos inquantificáveis, é culpa do nosso desejo de quantificar tudo. Os professores não vendem o material que trabalham, oferecem-no. Nós, com o tempo, com os anos, com a distância entre nós e nós, somos levados a acreditar que aquilo que os professores nos deram nos pertenceu desde sempre. Mais do que acharmos que esse material é nosso, achamos que nós próprios somos esse material. Por ironia ou capricho, é nesse momento que o trabalho dos professores se efectiva. O trabalho dos professores é a generosidade.

Basta um esforço mínimo da memória, basta um plim pequenino de gratidão para nos apercebermos do quanto devemos aos professores. Devemos-lhes muito daquilo que somos, devemos-lhes muito de tudo. Há algo de definitivo e eterno nessa missão, nesse verbo que é transmitido de geração em geração, ensinado. Com as suas pastas de professores, os seus blazers, os seus Ford Fiesta com cadeirinha para os filhos no banco de trás, os professores de hoje são iguais de ontem. O acto que praticam é igual ao que foi exercido por outros professores, com outros penteados, que existiram há séculos ou há décadas. O conhecimento que enche as páginas dos manuais aumentou e mudou, mas a essência daquilo que os professores fazem mantém-se. Essência, essa palavra que os professores recordam ciclicamente, essa mesma palavra que tendemos a esquecer.

Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança. Vemo-los a dar forma e sentido à esperança de crianças e de jovens, aceitamos essa evidência, mas falhamos perceber que são também eles que mantêm viva a esperança de que todos necessitamos para existir, para respirar, para estarmos vivos. Ai da sociedade que perdeu a esperança. Quem não tem esperança não está vivo. Mesmo que ainda respire, já morreu.

Envergonhem-se aqueles que dizem ter perdido a esperança. Envergonhem-se aqueles que dizem que não vale a pena lutar. Quando as dificuldades são maiores é quando o esforço para ultrapassá-las deve ser mais intenso. Sabemos que estamos aqui, o sangue atravessa-nos o corpo. Nascemos num dia em que quase nos pareceu ter nascido o mundo inteiro. Temos a graça de uma voz, podemos usá-la para exprimir todo o entendimento do que significa estar aqui, nesta posição. Em anos de aulas teóricas, aulas práticas, no laboratório, no ginásio, em visitas de estudo, sumários escritos no quadro no início da aula, os professores ensinaram-nos que existe vida para lá das certezas rígidas, opacas, que nos queiram apresentar. Se desligarmos a televisão por um instante, chegaremos facilmente à conclusão que, como nas aulas de matemática ou de filosofia, não há problemas que disponham de uma única solução. Da mesma maneira, não há fatalidades que não possam ser questionadas. É ao fazê-lo que se pensa e se encontra soluções.

Recusar a educação é recusar o desenvolvimento.

Se nos conseguirem convencer a desistir de deixar um mundo melhor do que aquele que encontrámos, o erro não será tanto daqueles que forem capazes de nos roubar uma aspiração tão fundamental, o erro primeiro será nosso por termos deixado que nos roubem a capacidade de sonhar, a ambição, metade da humanidade que recebemos dos nossos pais e dos nossos avós. Mas espero que não, acredito que não, não esquecemos a lição que aprendemos e que continuamos a aprender todos os dias com os professores. Tenho esperança.


José Luís Peixoto in revista Visão (Outubro, 2011)