segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo

2012 foi assim...
Que 2013 seja ainda melhor, são os sinceros votos da JS Marco Canaveses.

Tudo vale a pena quando a alma não é pequena
Fernando Pessoa


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O ano de todos os perigos por Nuno Ramos de Almeida

Nuno Ramos de Almeida, editor-executivo jornal i
 
Se um dia os portugueses, sentindo que não tinham nada a perder, pura e simplesmente deixassem de obedecer: não pagassem impostos crescentemente injustos, recusassem ser despejados de suas casas, se negassem a desembolsar exorbitantes aumentos de transportes e ocupassem as empresas fechadas e os milhares de casas devolutas, como poderia qualquer governo sobreviver apenas pela repressão quando milhões o ignoravam activamente?
Quem está no poder tem de perceber que manda porque as pessoas aceitam obedecer e que esse facto é garantido pelo facto de as populações acharem que a democracia é um regime legítimo em que os governantes não estão acima da lei. E que as leis da República são justas e iguais para todos.
A troika e os governos que executam as suas ordens acham que a lei, a democracia e a liberdade são descartáveis e que tudo se deve subordinar aos seus planos de austeridade, que levam no regaço a destruição completa do modelo social europeu.
Só assim é possível perceber o total seguidismo do executivo de Passos Coelho em relação às declarações da Comissão Europeia que se atiram ao Tribunal Constitucional Português, acusando-o de ser um factor de instabilidade. Cairia o Carmo e a Trindade germânica se uma instituição europeia fosse contra a necessidade de se respeitarem as leis da Alemanha, mas como Portugal é actualmente uma colónia dos interesses do capital financeiro, disfarçados de instituições comunitárias, o governo cala-se convenientemente.
A democracia em Portugal foi construída depois de décadas de ditadura, e é fruto da luta de gerações, tal como o modelo social europeu é resultado das conquistas dos trabalhadores ao longo de décadas. A implosão dos dois cria uma situação com consequências difíceis de prever. O fim de uma Europa que redistribui de uma forma menos injusta os rendimentos entre capital e trabalho e a pressão para que sejam destruído o edifício da legalidade democrática fazem antever uma transformação autoritária nos países do Sul da Europa.
Na sua ânsia de darem tudo aos privados, de liquidarem o sector público, de aumentarem desmesuradamente os lucros de muito poucos e roubarem os salários de muitos, os executores destas políticas deviam recordar que o poder pode exercer-se episodicamente por repressão, mas só é duradouramente aceite caso as pessoas não o achem completamente intolerável.
À força de espremerem sempre os mesmos, trabalhadores por conta de outrem e reformados, há um momento em que as pessoas deixam de ter alguma coisa a perder, e nesse instante os governos apenas conseguem mandar pelo medo. Quando vemos que a activista Myriam Zular é acusada do crime inexistente de “manifestação não autorizada” por distribuir panfletos à porta de um centro de emprego e que se vai buscar aos baús da ditadura a acusação de motim para processar os arguidos dos incidentes da manifestação da greve geral, percebe-se que 2013 vai ser um ano de repressão. Não se esqueçam os mandantes que também pode ser o ano em que se acabe o medo.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Convocatória - Eleição Delegados à XII Convenção Distrital da JS



Convocatória
Concelhia Marco Canaveses 

Cara (o) Camarada,

No uso da competência que me é conferida pelo n.º 1 do Artigo 23.º do Regulamento Eleitoral Geral da Juventude Socialista, conjugada com o Artigo 92.º dos Estatutos da Juventude Socialista, convocam-se todos os militantes da Concelhia de MARCO CANAVESES para uma Assembleia Concelhia, que terá lugar no dia 5, de JANEIRO de 2013, das 20 às 24 horas, em Rua de São Nicolau , com a seguinte
Ordem de Trabalhos:

   1. Eleição de Delegados à Convenção
 
     Nº de Delegados a Eleger: 2



MARCO CANAVESES, 26 de DEZEMBRO de 2012

O Presidente da Mesa

BRUNO CAETANO

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Boas Festas e um grande 2013

Car@s amig@s,

Nesta época festiva a Juventude Socialista do Marco Canaveses quer deixar-vos os votos de um feliz natal e um excelente ano de 2013 a tod@s.
Politicamente controverso, economicamente difícil e socialmente conturbado, o momento que vivemos é tudo menos desejável, porém é nosso apanágio que este é também o momento de lançar sementes para o futuro, cultivar novas práticas, implementar novas visões e lutar para que o amanhã seja o espelho dos esforços que procuramos implementar hoje.
É com este espírito em mente, com o sentimento de partilha e irmandade, que desejamos a todos vocês que esta seja uma época de festividades onde os valores da família, da amizade e da solidariedade prevaleçam e invadam o vosso quotidiano.

Com um abraço fraterno,
Miguel Carneiro | Presidente JS Marco Canaveses


domingo, 23 de dezembro de 2012

Feliz Natal! - Quase ficção


Foi no dia em que o meu avô começou a ficar doente. Quando o relógio antigo dava as três horas numa melodia de outros tempos, o meu avô começou a ser somente silêncio e ausência. Era um corpo de silêncio. Depois, sempre que o relógio tocava, ele dizia que as casas e as pessoas eram tristes às três da tarde. Alzheimer.
E assim chegou o primeiro sinal. Como o silêncio, o esquecimento crescia dentro do corpo que um dia fora o meu avô. Músico. Maestro. Vida.
Éramos meninas de vestido e de laço no cabelo, e acreditávamos em muitas coisas. Acreditávamos na Justiça e na Igualdade. A Verdade não existe. A Liberdade está para lá destas palavras. Iludimo-nos todos os dias e para sempre. Acreditávamos no meu avô e na música, porque ele vivia para a música. O silêncio dele era música e era Beethoven a crescer a crescer a crescer em notas de Primavera, enquanto Mozart vinha desflorar as amendoeiras. O meu avô era maravilhoso. Contava-nos histórias de um país onde não havia pão para comer nem jardins para ser livre. Dizia-nos que o mundo, quando ele era menino e moço, era como uma gaiola triste e sem luz. Ele prometeu-nos que nunca iríamos saber como foi o nosso país quando ele fora menino. Prometo-te, dizia-nos ele, que, enquanto eu for vivo e souber viver, nunca terás de ver o mundo como eu o vi. Ele falava-nos com palavras de menino, e nós entendíamos e éramos felizes. Éramos felizes porque acreditávamos nas palavras e no meu avô. Acreditávamos.
Mas passaram muitas primaveras sobre a música do meu avô. Agora a melodia é outra. O abismo parece chamar o meu avô, enquanto o silêncio orquestra a dança da morte ou de outra coisa qualquer.
Foi no dia antes da véspera de natal daquele ano em que o país do meu avô voltava a não ter jardins nem árvores para se poder respirar. A minha mãe era professora numa escola muito bonita, e nessa escola havia um grande jardim. É preciso cuidarmos do nosso jardim. Todas as escolas são bonitas. Sempre acreditei que a escola era uma caravela onde velejávamos para muitos sítios longes e maravilhosos. As armas e os barões assinalados… Hoje, quase que ainda consigo acreditar nisso. A minha mãe a chegar a casa. O meu pai, cego e maneta, a cuidar do meu avô. O meu avô a escutar o relógio e a dizer, com a boca cheia de leite e de bolachas, que as casas e as pessoas eram tristes às três da tarde. A minha mãe a chorar. Eu não sabia que as mães também choravam, porque eu pensava que as mães eram feitas de força e de alegria e de amor e de flores. As lágrimas também mentem. O meu pai a abraçar a minha mãe e a dizer-lhe para não ter uma visão tão pessimista, pois tudo havia de melhorar. O meu pai, que via com as mãos e com as palavras, a beijar a minha mãe e a vê-la por dentro. Amo-te. A minha mãe ficara desempregada e sem direito a qualquer subsídio. O Amor vence tudo. Mentimos no início. E no fim?
Este foi o segundo sinal. Desemprego.
Éramos quatro na casa dos nossos pais: o meu avô, a minha mãe, o meu pai e nós, meninas de seis anos com vestidos e laços no cabelo.
Na véspera de Natal, às três horas, enquanto o meu avô murmurava com o olhar fito na janela da sala, nós brincávamos com as bonecas que, um ano antes, o avô nos tinha dado. Era uma tarde mágica. Talvez. O saber que no dia seguinte era Natal fazia com que fôssemos mais felizes e crianças, eu e a minha irmã.
Entretanto, tocam à campainha uns senhores de fato e gravata com cara de assuntos sérios e importantes. Eram uns senhores que tratavam dos negócios das casas e das rendas, foi o que a nossa mãe nos disse. Mentir é também amar. Só me lembro que, no dia a seguir ao Natal, logo de manhã, a minha mãe e o meu pai começaram a arrumar as nossas coisas em caixotes e sacos. A minha irmã queria continuar a dormir, mas insisti tanto com ela que acabámos por ajudar os nossos pais. A minha irmã sempre foi mais preguiçosa que eu. Ainda agora o é. No final da manhã, restava a poltrona do meu avô e o piano velho e poeirento, pois já ninguém tocava músicas de Primavera nem de amendoeiras em flor.
Veio um senhor amigo do meu pai ajudar-nos a levar as caixas para uma carrinha, enquanto os senhores, aqueles com as gravatas de conversas sérias e importantes, faziam que não com a cabeça à minha mãe, enquanto ela parecia pedir-lhes alguma coisa com muita insistência. Com seis anos, já sabia ler e tinha um gosto especial pelos lábios das pessoas, gosto que aprendi com o meu pai que me dizia que nos lábios das pessoas também se vê muitas palavras e silêncios. Consegui ler nos lábios de um dos homens de gravata a palavra crise. O terceiro sinal.
Como invasões, o alzheimer, o desemprego e a crise trouxeram a angústia, o medo, a pobreza, a miséria e a fome. No fim, a morte. Não a do meu avô. A da minha mãe, por não ter o que nos dar de comer. O meu pai a tomar conta de nós e do avô. Vivíamos numa casa sem janelas, numa cidade sem luz e sem jardins. Essa cidade chamava-se portugal.
O meu pai via-nos com as palavras e com as mãos, mas a fome foi mais forte e, um dia, levou-nos, ao meu avô e a nós, a uma casa onde acolhiam pessoas mais velhas e crianças. Tínhamos sete anos e fazia muito frio. O meu pai olhou para nós e não chorou. É por te amar imensamente que te minto. Acreditamos no início. Foi a última vez que vi o meu pai. O meu avô era levado por senhoras de bata branca ou azul ou verde, já não me lembro perfeitamente da cor da bata que vestiam. Eram senhoras simpáticas e bondosas. Bem-aventurados os pobres porque deles é o Reino dos Céus? Três dias depois, eu penso que o meu avô morreu, porque deixamos de ouvir o relógio a dar as três horas e as casas e as pessoas pareciam cada vez mais tristes.
Passaram muitos anos sobre aquele natal inesquecível. Agora sou adulta, mas a minha irmã ainda tem seis anos.
O médico vem acordar-me e dá-me os bons dias e um copo com água e outro com umas três pílulas de diferentes cores e formas. Diz para eu tomar todas sem fazer birra. Obedeço.
Volta a sair do quarto, ouve-se a fechadura a dar duas voltas e, por fim, o trinque, o latido dos conscientes. Consciência.
Levanto-me da cama. A minha irmã continua deitada, aparentemente tranquila. Deixo-a estar a dormir e a quase sonhar.
Vou até à janela e vejo a manhã. Frio e gelo. O jardim, completamente abandonado, com árvores tombadas, ervas daninhas, poças de água, lama, permanece em silêncio. Solidão. Ao fundo, à entrada do portão, vejo crianças a brincar, com um gorro vermelho na cabeça, enquanto gritam, penso eu, que não consigo ouvir nada através do vidro duplo e das grades. Se não gritam, pelo menos dizem palavras que eu aprendi a ler nos lábios: É Natal! É Natal! É Natal!
Três vezes o disseram e três vezes me lembrei do meu avô, da minha mãe e do meu pai.
Tenho medo de acreditar na Verdade, e por isso escrevo-me quando tenho laivos de consciência. Tenho medo de perder-me nas memórias da minha irmã que dorme. Tenho medo de tudo. Tenho medo.
As crianças correm e brincam, inocentes e felizes.
Se chorei nesse momento, não interessa.
Feliz Natal!

         

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Solidariedade: o desafio do GCA

Não pretendo acrescentar qualquer palavra à mensagem, apenas ajudar na sua divulgação. Porém, não posso deixar passar a oportunidade para felicitar o Tiago Oliveira (Jaymz) pelo pequeno, mas muito pertinente, texto e toda a equipa do Ginásio Clube de Alpendorada pelo seu trabalho concretizado ao longo dos anos, formando e sagrando campeões atrás de campeões sem que, para isso, conte com qualquer especial apoio camarário. Aqui fica a minha devida vénia. Agora... Quem puder, os contributos serão todos bem acolhidos. Sabe mais através da página do GCA.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Mercado Sem Ti por Tiago Maia

365 dias compõem o ano... Menos alguns compreendem a concretização da iniciativa da JS Marco Canaveses "Mercado Sem Ti = Marco Sem Vida"... De entre todos esses dias, este, em particular, é especial. É com um enorme prazer e uma grande honra que publicamos o contributo de Tiago Maia, Presidente da Federação Distrital do Porto da Juventude Socialista e, hoje em particular, ANIVERSARIANTE. Os parabéns de todos os jovens socialistas marcoenses ao Tiago Maia e, ao mesmo tempo, um sincero obrigado pelo apoio - imenso - e companheirismo inexcedível.


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Sócrates é monstro ad eternum, mas... II

Continuando na senda do anterior texto publicado sob este título, deixo aqui mais um pequeno contributo para a ideia final a explanar. Tenham em atenção, por favor, que este é um texto de opinião e que, exatamente por isso, contém elementos cuja utilização como premissa de validação da ideia final é dúbia. Todavia escolhi este texto porque mastiga e digere muito a informação de dois estudos internacionais relativos à educação e apresenta parte muito relevante das conclusões que os mesmos apresentam relativamente a Portugal.
"É matemático" por Fernanda Câncio in DN
"Esta semana, foram conhecidos os resultados de dois estudos internacionais sobre as competências em matemática, ciências e leitura de crianças de nove anos. Quatro mil alunos portugueses de 150 escolas foram avaliados. Os resultados são muito animadores: entre 1995, quando Portugal participou pela primeira vez nestes estudos, e 2011, o ano a que estes últimos se reportam, passou da cauda dos 50 países participantes para o grupo dos primeiros 20: é 15.º em Matemática e 19.º em leitura e Ciências.
Matemática - a disciplina na qual estávamos todos convictos, a começar pelo ministro da Educação, de que os estudantes portugueses são uma nódoa. Pois entre os 16 países da UE que entraram no estudo, Portugal ficou, nessa área, em 7.º lugar, logo acima da Alemanha e da Irlanda. Parece mentira, não é? E, sobretudo, parece muito mal a quem repete todos os dias que o nosso sistema de ensino é ineficaz e "facilitista" e que isto só lá vai mudando tudo de alto a baixo, com exames e chumbos e castigos e privatizações e demais cassete. Vai daí, Nuno Crato olhou para os estudos e que viu? Que, ao invés do que pudesse parecer a observadores menos prevenidos, aquilo que estes diziam não era que o seu país progrediu de forma notável no ensino, e que isso deveria ser motivo de orgulho, relevado e louvado, como incentivo às escolas e aos estudantes. Não: para Crato, a conclusão foi, de acordo com o título do comunicado por si exarado, "Estudos internacionais mostram necessidade de melhorar conhecimentos dos alunos em Matemática e Ciências."
E como concluiu o ministro tal coisa? Assim: "Em todos os estudos, mais de metade dos alunos portugueses não ultrapassam o nível intermédio de benchmark (melhores práticas), o segundo mais baixo em quatro níveis."
É isto falso? Não. É um falseamento. Vejamos o caso da Matemática. 40% dos estudantes portugueses estão no nível intermédio, mas a média internacional é 41%. E se esta é 21% para o nível "fraco", a portuguesa é 17%. Mas há melhor: a média portuguesa é, no nível avançado, o dobro (8%) da internacional (4%), e, no elevado, 32%, superior em oito pontos à outra (24%). Ou seja: sendo verdade que mais de metade (57%) dos alunos portugueses estão nos níveis intermédio ou fraco, 43% estão no elevado e avançado, o que é um resultado muitíssimo superior ao interna- cional (28%). Aliás, no universo do estudo, só seis países têm mais de 50% dos alunos nos dois níveis superiores.
Se um ministro deste Governo não hesita, para "vender" a sua ideia para a Educação, em perverter desta forma os resultados de estudos internacionais disponíveis a qualquer um na Net, que nos diz isso de qualquer coisa que o Executivo diga sobre assuntos, como a média das indemnizações por despedimento na Europa, sobre os quais nos falta informação imediatamente disponível? Podemos ser muito maus em Matemática, mas mesmo assim, pelo mais rudimentar cálculo de probabilidades, só podemos concluir que deve ser mentira."

Relembrar apenas - parece-me pertinente para este assunto - que o atual ministro da educação, Nuno Crato, quer remodelar de cima a baixo o sistema de ensino porque está profundamente errado e mal arquiteturado.

Federação Distrital do Porto da JS com novo site

Já conheces o novo site da Federação Distrital do Porto da Juventude Socialista? Criado recentemente por esta estrutura, podes nele encontrar as informações mais prementes relativas à atividade da Federação a que a conclehia do Marco Canaveses pertence, bem como notícias, ideias, projetos e causas políticas fulcrais para os joven socialistas do distrito do Porto.

Mercado Sem Ti por Miguel Carneiro


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Sócrates é monstro ad eternum, mas...

É já considerável o período de tempo em que prolifera em mim a perceção de que José Sócrates é um monstro - para sempre e para todos os portugueses, ou nem todos - mas, e daí, talvez não seja bem assim... Adiantarei mais sobre este assunto muito brevemente no próximo texto que publicarei, porém, de momento, queria introduzi-lo recorrendo às palavras de Pedro Santos Guerreiro no seu editorial do Jornal de Negócios de 4 de Dezembro de 2012.


«A banca viveu acima das possibilidades»
Pedro Santos Guerreiro
Director
«Uma imparidade é uma desvalorização, uma provisão é uma perda e ambas são prejuízos futuros. Nos últimos cinco anos e picos, os maiores bancos em Portugal provisionaram… 16,7 mil milhões de euros. Está a perceber porque não há crédito às empresas?
As contas estão actualizadas ao dia: desde 2007 até às imparidades no crédito imobiliário e à construção anunciadas ontem pelo Banco de Portugal, BCP, CGD, BES, BPI e Santander acumularam esse valor em provisões: 16,7 mil milhões. O valor vai crescer até ao final do ano – e no próximo ano. Até quanto? 20 mil milhões não é um valor inverosímil. Se não caiu da cadeira, faça o favor de cair.
No início, a maioria das provisões respeitavam as perdas financeiras: os bancos detinham acções que se desvalorizavam em Bolsa. Hoje, a maior parte diz respeito a crédito, sobretudo no imobiliário e construção: são créditos que jamais serão pagos na totalidade. Há hoje uma incinerada de créditos, todos os dias há propostas de venda de empresas (isto é, dos seus passivos) com enormes descontos nas dívidas. Poucos lhes pegam.
Quando, no Verão do ano passado, aqui defendemos que os bancos deviam vender carteiras de crédito, ainda que com prejuízo, para “limparem” os balanços de perdas que já lá estavam, assumimos que isso levaria os bancos a necessitar de capital do Estado. O capital do Estado já entrou, como empréstimos, com a excepção do BES, que realizou um aumento de capital privado. Mas a limpeza ainda não está feita. Sê-lo-á? Dificilmente. Lamentavelmente.
Os bancos estão hoje num beco, mas a responsabilidade de lá estarem é do sistema financeiro. Taxas de juro baixas, concentração no financiamento da economia através dos bancos e falta de limites no seu próprio endividamento tiveram consequências: excesso de crédito; e de lucros. Sim, estas perdas são o reflexo de lucros antigos. O crédito que não se cobra hoje foi lucro que se distribuiu ontem. Houve lucros excessivos da banca no passado. Foram lucros falseados. A verdade completa-se agora, neste acerto de contas brutal, de “provisões” e “imparidades”.
Assim sendo, os bancos não andaram no passado a distribuir verdadeiros lucros aos seus accionistas, andaram a distribuir capital. O que é incrível é que a hipersupervisão actual tenha sido tão cega, surda e muda no passado. Ninguém foi capaz de proibir rácios de alavancagem tão altos. Foi a banca que mais viveu acima das suas possibilidades.
O Estado desorçamentou dívidas em todos os recantos. Os empresários endividaram as empresas sob o pretexto de não terem capital, embora tenham sido regularizados quase 2,8 mil milhões de euros de famílias que tinham o dinheiro escondido nas Suíças. Os particulares, que desataram a comprar casas, são os únicos inocentes: perante as taxas de juro baixas, as expectativas de rendimento e o mercado de arrendamento, comprar casa era a decisão racional. Mas agora, a bolha imobiliária que ninguém viu, mas que rebenta aos poucos nos balanços dos bancos, está a carcomer os seus activos.
Como os créditos à habitação pesam muito e foram concedidos com “spreads” demasiado baixos para a longevidade dos contratos, os novos créditos são excessivamente caros, para atenuar a média. Junte-se a isto a redução de endividamento num país em recessão e temos a armadilha em que os bancos caíram. Hoje sim, hoje são vítimas. Vítimas de si mesmos. Vítimas que fazem vítimas: trabalhadores despedidos, contribuintes que poderão tornar-se accionistas, empresas sem crédito.
As empresas, quando fecham, fecham para sempre: uma têxtil encerrada nunca mais abre; uma fábrica deslocalizada não regressa. E a razia empresarial a que estamos a assistir de Norte a Sul, sendo positiva para os economistas mais liberais que nisso vêem o fim dos “maus” de cujas cinzas medrarão os “bons”, esquecem-se que Portugal vive num ambiente impossível, em que só em custos de financiamento e de energia as empresas pagam mais uns dez pontos percentuais que os seus concorrentes externos.
É preciso financiar empresas. Sobretudo as PME, que têm sido prejudicadas face às grandes empresas (como diz hoje Jörg Asmussen, num assunto a que voltaremos). Há empresas economicamente viáveis que estão a morrer por problemas financeiros.
Como? Há várias possibilidades, dos “bancos maus” até esperarmos (sentados) pela união bancária ou que os banqueiros vendam mais crédito com prejuízo, para limpar balanços. Ou então pedir à troika que nos ajude a ter mais tempo também para a desalavancagem dos bancos. O que não é possível é sairmos da crise sem crescimento. Nem crescer sem investimento. Nem investir sem crédito. Mesmo que isso dê outra vez aos bancos o que antes eles tiveram em excesso: lucros.»
 
Em breve, mais, da minha parte, sobre este assunto. 
 

Mercado Sem Ti por Ricardo Marcos


Comprar nos mercados compensa


Quando me pediram para escrever um texto para promoção dos mercados municipais fiquei estupefacto! Como é possível ser preciso promover uma coisa que em tanto beneficia as populações? Ou será que as pessoas não percebem esses benefícios? Digam-me, já alguma vez foram a uma grande superfície comercial onde, chegados à caixa com um determinado tipo de maçãs, o funcionário vos disse "olhe que estas são melhores"!
Por vezes os defensores das grandes superfícies comerciais assinalam que "os preços são mais competitivos". Isto, reconheça-se, tem lógica, visto que o objetivo das grandes superfícies é a acumulação de capital, ao passo que a dos mercados é o sustento familiar. Facilmente comprovável esta teoria até: basta dirigir-se a uma grande superfície e pedir o "livro de fiados" e comparar isso com a realidade dos mercados municipais para perceber que estes espaços são a feitos a pensar em si.
Assim, desafio-vos a fazer a "soma" dos pontos referidos neste pequeno texto e chegarão à conclusão que comprar nos mercados compensa.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Mercado Sem Ti por João Castro


O Nosso Comércio



A situação do comércio tradicional no Marco de Canaveses sofre hoje de um problema paradigmático ao que acontece no resto do país: enfraquece a cada dia que passa e caminha para a extinção. Por culpa da elevada fiscalidade a que os pequenos comerciantes são sujeitos, da falta de poder de compra adjacente à recessão económica que atravessamos ou pela feroz concorrência das grandes superfícies comerciais, vemos o constante enfraquecimento de um conjunto de empresas que representam 99,9% do tecido empresarial nacional e 78,3% do total de emprego gerado em Portugal. No Marco de Canaveses lembro o exemplo da Avenida Gago Coutinho, que sempre esteve recheada de pequenos negócios apesar das péssimas acessibilidades, fundamentais à prospecção de qualquer negócio, ou o mercado Municipal, que outrora já foi o ponto de paragem obrigatório para muitas famílias e hoje a sua figura é puramente decorativa.

O exemplo do mercado Municipal é bem elucidativo das adversidades que os pequenos comerciantes enfrentam, não só face à concorrência de um número exagerado de grandes superfícies comerciais, mas também, a uma carga fiscal que esmaga completamente os seus lucros e os impede de ter preços minimamente competitivos com as grandes empresas. O mercado sempre esteve por debaixo da maior superfície comercial do concelho, mas com o passar dos anos esse facto deixou de ser puramente arquitectónico e tem ganhado um sentido cada vez mais literal. Não é só o facto de as rendas a pagar pelos vendedores do mercado já terem mais do que duplicado nos últimos anos, mas também a manutenção de uma carga fiscal elevada na derrama pública, IMI ou IRC impede que o pequeno comércio prospere e aumente o drama social não só no concelho, mas também numa região que conta com mais de 40 mil desempregados e é a mais pobre do país. As medidas tomadas pela Câmara Municipal em conjunto com a Associação Empresarial do Marco de Canaveses, como as esporádicas campanhas de promoção do comércio local tem aspectos positivos, mas “esporádico” é pouco para alguém que faz do pequeno comércio o seu modo de vida. A maior promoção que qualquer empresa pode ter, mais do que feiras, outdoors e dias dedicados ao comércio local, são preços atractivos para os seus clientes. E esses preços competitivos só podem ser atingidos se o comerciante esmagar a sua margem de lucro (com implicações directas na sua subsistência e na da sua empresa) ou aliviando a carga fiscal.

A tentação da máquina governamental (a nível local e nacional) em manter este tipo de políticas fiscais para com as pequenas empresas é clara: São elas que representam a esmagadora maioria do tecido comercial e assim existe um maior income nas contas de qualquer Governo ou Câmara Municipal. Mas isso não é mais do que uma falsa galinha dos ovos de ouro, que vai acabar por agravar ainda mais a situação social e económica não só dos marcoenses, mas também dos portugueses em geral. E infelizmente esses impostos tem uma tendência cada vez maior para se transformarem em subsídios de desemprego.


Mudam-se os tempos...

Toda a gente se lembra disto?


e disto?


Pois é, toda a gente se lembra de como foi contestada, no tempo do anterior governo, uma suposta "falta de liberdade de expressão", lembram-se, também, da "claustrofobia democrática e constitucional" tão apregoada, tanto por vozes à esquerda como à direita, mas sobretudo à direita. 
Toda a gente recorda, também, o alarido à volta do afastamento de Manuela Moura Guedes. Contudo, passado algum tempo, não vejo nenhum dos defensores da tal "liberdade de expressão" vir a terreiro convocar manifestações, etc, etc, face a tudo o que vai acontecendo. 
Todos nos lembramos da célebre frase do Jorge Coelho, "quem se mete com o PS, leva", pois bem, parece que agora a realidade é, "quem se mete com o Relvas, leva". 
Ora vejamos, começou com a demissão da Raquel Freire e do Pedro Rosa Mendes, na Antena 1, depois a demissão da administração da RTP, o conselho de redacção do Público, a demissão do Reitor da Lusófona e mais haverão que não sabemos, tendo o último, acho eu, sido o Nuno Santos na RTP. Todos os que podiam ser obstáculo a alguma coisa vão sendo irradiados.
Sabemos, também, quem está agora nos cargos que entretanto ficaram vagos e quem dirige, ou é dono, de outros meios como Ongoing, Sol, etc.
Será que agora não há, realmente, falta de liberdade?  O que é feito dos que criticavam?
Possivelmente estarão dependentes de algum gabinete ministerial, enquanto outros esperarão que finalmente os ponham como correspondentes lá na América do Norte, não sei...
O que é certo é que com estes ajustes, tudo vai ficando controlado para que não haja grandes alaridos e o governo vá avançando na legislatura, tranquilamente. Prova disso é que ainda neste fim de semana, Miguel Relvas, discursava numa qualquer "universidade laranja", mais satisfeito que nunca, depois de todas as polémicas de que foi alvo. 



Sem ninguém pela frente será fácil concretizar todos os anseios, nomeadamente, as privatizações. 


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Atribuída bolsa de estudo a jovem marcoense



No passado dia 8 de Dezembro foi entregue uma bolsa de estudo para o Ensino Superior atribuída pela iniciativa conjunta do Expresso e da PRÉBUILD - “Quero estudar melhor”, à jovem marcoense Daniela Pinto (Aluna da Licenciatura em Marketing da Escola de Economia e Gestão da UMinho).
Segundo o regulamento este é um “ projecto de concessão de bolsas de estudo universitárias, (e de acompanhamento do desempenho académico desses escolhidos.) que visa premiar o talento e o aproveitamento escolar de jovens alunos do ensino secundário que se distingam pelo carácter exemplar dos seus métodos e processos de estudo, ambição e capacidade de trabalho, proporcionando-lhes as condições financeiras para prosseguirem os estudos universitários ao abrigo das condições expressas no presente regulamento.
O processo de selecção dos candidatos à bolsa foi realizado em três fases. Na primeira fase as candidaturas foram submetidas e avaliadas, na segunda os candidatos passaram por provas de avaliação psicológica e na terceira houve a avaliação de relatórios de candidatos ao júri.
Assim, após todas estas etapas, a jovem Daniela destacou-se de entre os restantes candidatos conseguindo, por isso, ganhar a bolsa de estudo. Este foi, sem dúvida, um grande incentivo para esta recém-caloira que se mostra totalmente empenhada e confiante para agarrar a oportunidade que lhe foi dada.
Pela parte da Juventude Socialista de Marco de Canaveses, damos os parabéns à Daniela e desejamos a maiores felicidades para o seu futuro pessoal e profissional.

Daniela Pinto na entrega das bolsas, em Oeiras.
Mensagem Pessoal (de Inês Moura Pinto)

Como não poderia deixar de ser, sendo eu a melhor amiga da Daniela não posso deixar passar em branco esta situação sem deixar uma breve mensagem pública para ela.

Somos amigas desde dos três anos de idade, tendo nós 18 anos já lá vão 15 anos de amizade. Não parece muito, mas para nós tem um grande significado, uma vez que seguindo caminhos iguais ou diferentes estivemos sempre ao lado uma da outra, não deixamos que a nossa amizade morresse.
O início do ano de 2012 tinha tudo para ser diferente. Estaríamos na idade adulta, concluiríamos o secundário e traçávamos o nosso destino universitário. Mas este ano foi muito mais do que isso. E a Daniela sabe disso. Ela foi capaz de mostrar que por detrás da carinha de princesa, ela tem uma força maior do que os seus medos e do que os seus problemas que a fez derrubar uma fase menos boa da sua vida e que lhe permitiu seguir os seus sonhos. É por isso que a Daniela mais do que qualquer um de nós mereceu esta bolsa, mereceu esta distinção. Ela é e será, com certeza, um exemplo a seguir. Não só pelas suas óptimas capacidades enquanto estudante, mas pelas suas atitudes enquanto ser humano.
Assim, sendo impossível eu descrever a minha melhor amiga em tão poucas linhas, finalizo agradecendo à Daniela por tudo aquilo que me transmitiu e por ser, dia após dia, uma inspiração para mim.

Os Mercados valorizados este fim-de-semana


A Juventude Socialista do Marco Canaveses quer deixar publicamente os seus agradecimentos ao restaurante O Plátano, ao sr Adriano e todos os profissionais desta grande empresa marcoense, pela parceria bem sucedida concretizada no fim-de-semana que ontem terminou. Ao logo do fim-de-semana foram servidas dezenas de saladas de fruta 100% marcoenses, com ingredientes completamente originários dos mercados municipais. Aproveitamos para deixar os nosso agradecimentos a todos aqueles que provaram também esta deliciosa sobremesa e contribuiram, desta forma, para a valorização dos mercados municipais marcoenses.
Sublinhamos a importância deste tipo de iniciativas, quer no sentido construtivo de valorização do património e dos espaços marcoenses, bem como no sentido de aproximar as organizações políticas à sociedade e aos seus agentes ativos. Bem hajam a todos!
 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Convite: O Plátano e os Mercados Municipais


Serviço Voluntário Europeu



Actualmente os jovens atravessam uma situação delicada. Muitos dos que já concluíram os seus estudos encontram-se desempregados e sem rendimentos, alguns indecisos não sabem se o melhor é apostar na sua formação ou na emigração.

Enquanto avaliam o futuro, é bom que se mantenham activos.  O SVE (Serviço Voluntário Europeu) é uma excelente alternativa paras os jovens se manterem activos  sem custos, sem preocupações e com a vantagem de viverem uma aventura inesquecível.

O Serviço Voluntário Europeu tem como objectivo  desenvolver a solidariedade e promover uma cidadania activa  bem como um entendimento mútuo entre os jovens. Este serviço está inserido no Programa Juventude em acção.

O Serviço de Voluntariado Europeu funciona da seguinte forma:

- Tens de ter entre 18 a 30 anos.
- É gratuito, não precisas de pagar nada.
- Podes viver de 1 a 12 meses noutro país conhecer uma cultura nova e fazer imensos amigos.
- As viagens de ida e volta, alimentação e alojamento são pagos.
- Recebes um curso da língua do país de acolhimento.
- Tens direito a uma mesada para os teus gastos pessoais.
- Uma organização de envio e uma de hospedagem.

Como podem ver é um programa acessível a todos, sem encargos económicos e que apenas exige disponibilidade. Com o proveito de virem a conhecer novas culturas, trocar experiências e adquirir um novo conhecimento.  

Para mais informações podem aceder às seguinte ligações:


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A Gaitada da Decadência - Os Marcoenses e os outros





Os da margem esquerda e os outros.
As estradas e os esgotos. Um casamento marcoense.
 As noitadas e o Futuro de jovens de outro planeta.


Saudações, caro leitor amigo. Hoje chegamos um pouco mais tarde. Não é o frio que nos atrasa, é mais o tempo e a vida neste quase país onde todos têm oportunidades de emprego e futuro, menos aqueles que o querem ou merecem. Se tivéssemos determinado apelido no nosso nome tudo seria diferente. Se fôssemos filhos de tal sujeito ou primo de aqueloutro tudo seria diferente.
Ora, hoje vamos escrever sobre essa terra que se chama Marco de Canaveses. Uma terra tão deliciosa como uma sucata a céu aberto. Oh maravilhas ecológicas. Oh matrimónios municipais! Oh progressos saloios!
O concelho de Marco de Canaveses, todo ele “entre o Douro e o Tâmega, onde começa o Marão”, segundo as definições poéticas e dos livros turísticos, parece um belo concelho para viver.
Em primeiro lugar, a paisagem é deslumbrante e poética. A simplicidade da montanha, do rio, dos bosques e das florestas encanta qualquer pessoa que por lá passe. Uma paisagem pastoril, simples, silenciosa. Uma paisagem de paz.
            Todas estas palavras parecem ser uma ode ou um cântico à beleza deste concelho. Talvez. Talvez. Talvez?
            Mas é pelas palavras que a humanidade também tem poder de falar e de expressar a sua voz, muitas vezes, consciente, atenta e crítica.
            Questionamo-nos várias vezes sobre o que é ser marcoense e chegamos a duas conclusões simples mas que nos fazem pensar.
            Há os marcoenses e os marcoensezinhos.
            Para explicar estas duas definições temos de constatar a situação actual deste concelho.
            Marco de Canaveses é um concelho onde ainda não há água canalizada nem saneamento! Ainda há casas sem electricidade nem água potável. Há pessoas a passar fome! Os centros de saúde não têm condições; há um círculo restrito de interesses e isso vê-se em aspectos vários, desde a cultura até à economia e empreendorismo.
            “Um Marco na cultura”, é quase um epíteto da Câmara Municipal.
            E que aposta é essa?
            É uma aposta na cultura tradicional e tida como invisível. É o folclore e a gastronomia. Mas esse mesmo folclore parece carecer de apoios da própria Câmara. Já na gastronomia parece ser diferente. Ao criar-se a Confraria do anho assado e do arroz do forno parece haver um incentivo à preservação da gastronomia típica, assim como a doçaria. Doces e anho! O Pão e Circo dos tempos contemporâneos com um toque diabético.
Foi criada a rota dos vinhos verdes do Marco, uma tentativa de conceber um círculo de vinhos verdes marcoenses. Questionamo-nos: onde aparece nesta rota o tão famoso e extinto “Vinho da Livração”? Sim, vinho famoso e conhecido por muitos e muitos lugares deste país?
            Que é feito dos vinhos da margem direita do Tâmega? Basta vermos o mapa da rota dos vinhos para constatarmos que há uma discrepância enorme entre a margem esquerda e direita deste concelho não só dividido pelo rio Tâmega, como mais à frente veremos.
            Distantes vão os tempos em que o Vinho da Livração, feito com uvas de Toutosa, de Santo Isidoro e de outras freguesias, pois Livração é uma região com artesanato, folclore e tradições próprias, caía da infusa verde para as mesas trigueiras e tradicionais, sempre com um naco de broa de milho.
            “Um Marco na Cultura”, e o epíteto continua.
            Em seguida, a cultura dita erudita, parece quase não existir neste concelho por onde passaram Camilo Castelo Branco e Eça de Queiroz!
            Como é que é possível não haver, em parceria com concelhos vizinhos, como Amarante, terra de vultos como Teixeira de Pascoaes, Amadeo de Souza Cardoso e Agustina Bessa-Luís, e Baião, terra onde se encontra Tormes e a Fundação Eça de Queiroz, Fundação que a Câmara Municipal não apoia!, uma rota literária, um percurso desses escritores? Como é possível? O posto de Turismo dir-vos-á que não sabe de nada e que o melhor é falar na Câmara. Chegam à Câmara Municipal e também não vos sabem responder! Blague!
            Há encontros de poetas e concursos de artes plásticas, é certo. Mas onde encontramos nós concertos de Verão, oficinas de poesia, de escrita, workshops sobre escritores, sobre política, economia, sobre Literatura, sobre música, sobre dança, sobre teatro, sobre filosofia, sobre ciências?
            Podemos responder que a juventude hoje não se interessa com isso. Talvez seja certo. Mas se não tiverem acesso a estes conhecimentos será muito pior!
            Já ninguém conhece Saint-Simon, Kant, Proudhon, ninguém ouve politólogos como o professor Marcelo de Rebelo de Sousa, ninguém lê revistas culturais, nem crónicas, nem literatura, ninguém sabe quem foi Victor Hugo ou quem escreveu “Madame Bovary”. Sabemos quem foi Shakespeare porque Romeu e Julieta correm nos lábios de todos nós, mediterrânicos e românticos por natureza.
            A cultura dos jovens deste concelho começa no “Jamaica” e acaba no “Woodrock” ou no “Piolho”! Eis a fórmula da cultura desta juventude! Aliás, uma cultura bastante diletante, nada convencida. Ah maravilhosas delícias de soirées sem fim onde se discutem, ao som de Bach ou Beethoven, com um copo de Lambrusco, o mundo e as ideias! Ah jovens interessados! Um bem-haja. Só mais um penalti. Só mais cinco euros em noite! Gastemos o dinheiro que os nossos pais não têm. O dinheiro ganho com sacrifício e determinação pelos progenitores de tais criaturas! Um bem-haja ao vosso futuro!
            Por que não fazer seminários, colóquios em parceria com as escolas secundárias e básicas sobre a importância da leitura, da educação? Porque não?
            Michelet tinha uma expressão fantástica e que resume todas estas palavras: “Diz-me a mãe que tiveste e eu dir-te-ei o futuro que terás”, ou seja, a educação é muito importante.
            Eis um concelho onde a aposta na cultura é quase nula ou muito baixa, onde a pobreza é galopante, onde há discrepâncias entre freguesias, pois umas são predilectas e outras esquecidas. Onde há dinheiro e interesse há desenvolvimento e corrupção! Já nem falamos de ideologias políticas, pois aí seria outro problema ainda mais grave. Já não sabemos o que significa Social Democracia, Liberalismo, Socialismo Científico ou outra corrente socialista. Já não sabemos e já ninguém discute! Para quê?! Isso não serve para nada!
            Contudo, há marcoenses que dizem que o concelho está bem, está a evoluir. É certo que com o passar dos tempos há coisas que evoluem, como as escolas, os telefones, os telemóveis, etc. Mas mesmo assim há tanta coisa para melhorar.
            As estradas são o perfeito reflexo disso.          
Uma mentalidade limpa, correcta, crítica, honesta, trabalhadora, competente, pontual, culta, interessada, filantropa, é como uma estrada bem alcatroada, com passeios espaçosos, limpos, com bermas seguras e bem construídas.
            Uma mentalidade obscurantista, interesseira, eleitoralista, mesquinha, incompetente, oca, vácua, é como as estradas sem esgotos, sem passeios, com buracos em cada meio metro, com poças de água.
            Enfim, as estradas deste concelho são quase todas assim, tirando as de certas freguesias e regiões para onde há sempre apoio e atenção.
            Assim, os marcoensezinhos continuam presos ao passado ou a figuras que enegreceram a imagem de um concelho onde o verde e o azul embelezam a paisagem, com perdão da expressão estilística de cariz impressionista. Os marcoensezinhos acreditam que com o que está estabelecido vamos a algum lado, acreditam que esta é a melhor forma de apostar na cultura, com concursos em homenagem a uma senhora, Cármen Miranda, que cedo fugiu para o Brasil e que raramente se dizia portuguesa ou marcoense. Ela dizia-se, sim, brasileira!
            Logo, os marcoensezinhos acreditam que sem água e saneamento, sem educação correcta e eficaz nas escolas, sem apostas na cultura, sem apoiar instituições culturais, sem uma biblioteca digna, onde as aquisições de livros por parte da Câmara não sejam livros supérfluos e execráveis, sem sinceridade e clareza das dívidas, sem honestidade e frontalidade dos políticos que há muito deviam ter abandonado esta vida pela imagem que dão do concelho e das suas gentes, este concelho há-de triunfar sob a égide de um progresso do qual nunca vi antecedentes nem ouvi falar! Blague!
            Não será o verdadeiro marcoense aquele que aponta os erros, os critica, apresentando soluções, disponibilizando-se por essas causas?
            O problema reside, muitas vezes, nas instituições, que não aceitam, que rejeitam. E porquê?
            Porque enquanto houver marcoensezinhos o Marco não pode ter marcoenses.
       Enfim, o próprio Eça afirma numa carta pública a Pinheiro Chagas acerca do patriotismo, que se o país é pobre, tem de trabalhar, se o país é inculto, que vá para as escolas, que leia!
            No entanto, não tenhamos medo. A câmara municipal aposta na cultura, no ambiente, na educação, no emprego, no desporto e no concelho. Acalmemo-nos! Acalmemo-nos! Acalmemo-nos! Tudo vai melhorar, basta ficarmos em casa, quietos e calados, navegando pelo facebook, vendo programas de televisão dignos de um Nobel da asnice. Fiquemos em casa dormindo, pois os problemas resolver-se-ão sozinhos. Dormamos, leitor amigo! Alguém há-de resolver todos estes problemas.
            Marco, não sejas o velho porco adormecido onde nada acontece!
            Vamo-nos rir, pois!



terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Mercado Sem Ti: Parceria com restaurante O Plátano


A JS Marco de Canaveses tem o enorme prazer de anunciar a parceria com o restaurante marcoense O Plátano no sentido de valorizar os mercados municipais. Esta empresa marcoense aliou-se à iniciativa da JS Marco Canaveses, procurando também valorizar os mercados municipais marcoenses, sublinhando a importância destes e a relevância que estes podem ter para o concelho e seus munícipes.
Neste contexto anunciamos que o restaurante O Plátano irá servir uma sobremesa com ingredientes provenientes, na sua totalidade, dos mercados municipais. Aproveitamos então a oportunidade para convidar todos os leitores, amigos, marcoenses e não só a visitar o restaurante O Plátano no próximo fim-de-semana, 8 e 9 de Dezembro, e a provar a deliciosa salada de fruta que o restaurante preparará. Poderá saborear uma sobremesa com a garantia de qualidade que o restaurante O Plátano confere, mas com o sabor especial dos mercados municipais.
Vá ao restaurante O Plátano, peça a salada de fruta, delicie-se e dê o seu contributo para a valorização dos mercados municipais. Estão todos convidados...


Mercado Sem Ti: Dr João Valdoleiros

É com enorme prazer que transmitimos através do nosso blogue o contributo do Dr João Valdoleiros, ilustre médico e marcoense, o seu testemunho pessoal acerca dos mercados municipais e da sua interação com a sociedade. Boa leitura
 
 

Os mercados do meu tempo

 
De cima dos meus muitos anos recordo com saudade a minha Avó, sempre preocupada com o bem-estar dos seus, quando atempadamente avivava a memória de minha Mãe de que naquele, ou em próximo dia, era dia de praça, como eram então designados os mercados.
A “praça” realizava-se a céu aberto, na alameda do hospital em terra batida e os “pracistas” rezavam para que S. Pedro não lhe viesse estragar o negócio, já de si pouco compensador, dada a carência e o fraquíssimo poder aquisitivo da clientela habitual.
Mas não deixei de registar na minha memória o tipicismo dessas praças - mercados a céu aberto – onde os mais diversos e frescos produtos hortícolas, da lavra dos nossos agricultores, se misturavam com o gado de “bico” e os láparos vindos de outras terras, a fruta da mais variada, conforme a época, saudavelmente “bichada”, porque livre de toda a química com que nos impingem a de agora.
Recordo ainda, que a “praça” tinha ainda o seu caráter social, pois acabava por ser um ponto de encontro e convívio de pessoas cujas relações iam para lá da mera formalidade. Não havia a TV, monstro tecnológico que veio acabar com o saudável espírito de diálogo e convívio entre todos nós.
Higiene? Ora querem lá ver, que é isso?
Os tempos correram, as coisas mudaram, os mercados passaram a realizar-se em recintos construídos supostamente para esses fins, ou seja, para que se passassem a comercializar todos aqueles produtos hortícolas, carnes, peixes, frutas, etc., sob rigorosas condições de higiene na defesa da saúde pública, dos consumidores, mas também com a finalidade de criar condições dignas de trabalho aos que se dedicam a esse tipo de comércio. Nem sempre tal aconteceu.
Infelizmente, e por aquilo que me é dado ver e apreciar na nossa terra, tais superfícies não são consideradas prioritárias, antes marginalizadas pelos interesses económicos de outro tipo de superfícies mais apelativas, porque fornecedoras de toda a variedade de artigos. É o “cash and carry” na sua expressão maior.
Por vezes dou comigo a pensar por que razão hoje, cada vez mais e num número crescente de localidades, se refaz a história dos mercados medievais e diga-se de passagem, com cada vez maior adesão das nossas populações.
Saudosismo, cansaço e desencanto do “cash and carry” ?

Que me responda quem souber.   

Mercado Sem Ti = Marco Sem Vida