domingo, 26 de abril de 2015

O 25 de Abril de outrora

O povo que agora consente outrora disse não a quem os governava, conspirou contra o poder e ansiou derrubá-lo. Dias e noites passadas a vislumbrar a queda do regime, a querer saborear a liberdade por fim.
Muito abdicaram estes homens para o conseguir, privados foram da sua vida, sujeitados foram a repressão violenta na tentativa de os diminuir enquanto homens íntegros.

A verdade é que isso nunca os demoveu. Privá-los das suas famílias e da sua liberdade não os fizera, nunca, jamais, abdicarem da crença de um país melhor, antifascista, e plenamente democrático.
A música que cedo entoava a saída à rua da revolução, com o «E Depois do Adeus» de Paulo Carvalho, até à confirmação de toda a operação com a «Grandola Vila Morena» de Zeca Afonso, fizeram os portugueses vibrar com a determinação de todos os revoltosos e com a permanente incerteza quanto ao desfecho do desenrolar dos acontecimentos.

Hoje, por força da nossa inconsciência, esquecemo-nos que muito do que temos é fruto de homens corajosos como Mário Soares, Álvaro Cunhal, Francisco Sá-Carneiro, Manuel Alegre, e por aí fora, que recusaram sempre colaborar com Estado Novo e nunca se amedrontaram face à pressão que a PIDE lhes fizera – praticamente não faziam outra coisa senão estarem presos, sendo altamente conspiradores contra o regime salazarista, e quando não era atrás das grades seriam alvos de uma perseguição devastadora às suas casas, às suas relações pessoais, ao seu trabalho, tendo como ponto de partida a censura…

Ainda assim, não lhes fizera a prisão e os exílios frequentes aquilo a que hoje em dia comummente estamos habituados: a um povo calado que consente a fome e a miséria e oportunismo político. Sejamos outra vez 25 de Abril, sejamos outra vez sonhadores!

Álvaro Machado - 19:11 - 25-05-2015

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Consulta Pública do PDM do Marco de Canaveses: Relatório Ambiental




Na consulta do Relatório Ambiental, referente ao PDM do concelho de Marco de Canaveses destacamos a grande área florestal  e agrícola que prevalece no concelho.




Segundo o quadro apresentado no relatório ambiental (disponível no site da CMMC), a percentagem de ocupação da área agrícola e florestal é de cerca de 53,39%. Esta elevada percentagem mostra-nos uma área que deverá gozar de uma atenção redobrada da parte dos nossos decisores políticos e estabelecimentos de ensino profissional do concelho.

Destacamos a relevância da EPAMAC/Escola Profissional de Agricultura, para a formação de profissionais ligados aos sectores agrícola e florestal. Deste modo é evidente que o concelho terá a curto prazo que encetar estratégias de formação de profissionais e conquistar para o concelho projetos capazes de estabelecerem âncoras para a promoção agrícola e florestal no Marco de Canaveses.




Ainda segundo o Relatório Ambiental, expomos um gráfico que nos parece preocupante. Os espaços florestais degradados ocupam quase 5000 hectares. Deste modo poderemos verificar que as estratégias e projetos florestais e agrícolas são até ao momento parcos e temos mais de metade do concelho completamente expectante e sem uma estratégia aparente para a sua valorização.

Potencialidades:

1- O concelho pertence à Região do Vinho Verde, no qual, deverá cativar o investimento no setor da exploração vinícola.

2- A EPAMAC é uma âncora no ensino profissional marcoense e um meio para que o concelho atinga os seus objetivos na exploração dos espaços florestais e agrícolas marcoenses.

3- Por fim, o turismo ambiental deve potenciar aglomerados habitacionais em ruína próximo das áreas florestais e agrícolas.


O PDM é um instrumento de gestão dos recursos e é o documento legislativo sobre a qual uma região se orienta. Deste modo, no regulamento do PDM existem diversos pontos do interesse que deverão ser analisados pelos investidores agrícolas e florestais que queiram construir equipamentos e dos cidadãos que queiram construir habitações nessas áreas.

Devido ao facto de o regulamento ser extenso e não podermos destacar toda a legislação que ele nos apresenta, num só texto, sublinhamos: A existência da lógica separação entre Áreas de Edificação Dispersa (capítulo VIII,ART. 52º) e Espaços Centrais (ART 55º).

 As maiores restrições dos edifícios que se localizem nas áreas em que a malha construída é dispersa, aumenta. Isto faz com que a longo prazo se destaquem no concelho maiores aglomerados de construção, contribuindo assim, para uma melhor gestão de equipamentos (rede de saneamento, rede elétrica).

 Concluindo, o futuro do concelho passará inevitavelmente pela exploração dos recursos naturais e a aposta numa agricultura fortemente especializada e capaz de construir um cluster económico no concelho. Assim sendo, deverá ainda ser reivindicada uma aposta crescente na formação de novos agricultores e captação de investidores para o concelho do Marco de Canaveses.


sábado, 4 de abril de 2015

O Cristianismo

Uma questão – e seguramente uma das questões mais complexas – de todos os tempos e de todas as gerações será, porventura, sabermos para que fim tende, afinal de contas, a humanidade. A questão passa muito por sabermos quem somos, qual a razão de estarmos neste mundo e, acima de tudo, que pretendemos fazer com tudo isso.

Talvez na primeira reflexão que façamos sobre o assunto nem nos pareça de tão difícil resposta: nascemos, vivemos e morremos; e nesse intervalo, nessa intermitente questão de vida e de morte, vislumbrámos a paz da nossa alma e desejámos a felicidade do nosso ser.

A segunda reflexão, essa sim, tornar-se-á bem mais intriguista do que a primeira. Afinal, que é justo, correcto e humilde de fazer ao ponto de alcançar essa mesma paz e essa mesma felicidade em nós? Podemos basear-nos, eventualmente, numa perfeita harmonia com o Cristianismo e com os seus ensinamentos, que são, sem dúvida alguma, o sentimento mais puro que poderá um terrestre ter. Não façamos mal ao próximo, nem ousemos nunca questionar o senhor pelas suas acções, muitas delas tidas com uma maldade gigantesca, mas antes nutrir-lhe um amor platónico.

Mas, mesmo supondo que este ideal nem viesse a ser corrompido pela Igreja como realmente foi, que viria a ser de nós? Ter pena dos fracos e consolidar os mais fortes não é o modo correcto de alcançarmos o sublime. De todo!

Como Nietzsche dissera, o homem vive vociferando o poder e só assim a sua felicidade é preenchida integralmente; não o fosse, e todos vivam na miséria de espírito…

Para o bem e para o mal, dizia ele, o homem moderno e o evolucionismo que tanto lhe é aclamado, é somente uma farsa, um encobrimento para a podridão que a humanidade realmente tende. Por isso, acho que todos nós sabemos a resposta às questões com que iniciei o meu texto.Acabo, assim, com breve reflexão do próprio Nietzsche:

«O que é bom? Tudo aquilo que aumenta no ser humano o sentimento de poder, a vontade de poder, o próprio poder.

O que é mau? Tudo aquilo que provêm da fraqueza.

O que é a felicidade? O sentimento de que o poder cresce, de que é vencida uma resistência.

Não contentamento, mas mais poder; não paz acima de tudo, mas guerra; não virtude, mas capacidade».

Álvaro Machado - 23:18 - 04-04-2015

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Um breve dizer, um longo sacrifício

Lembro-me que há dias sua santidade havia dito que os homens tinham arranjado um eufemismo para a morte dos idosos, para a razão de todo aquele doloroso sofrimento. Essa palavra seria nada mais do que «eutanásia».

O mesmo poder-se-á aplicar aos nossos políticos e aos que fervorosamente lhes mantêm apoio incondicional. O que temos assistido, neste últimos anos de governação PSD/CDS, é a um aproximar flagrante do abismo, onde os sacrifícios exigidos aos portugueses foram tomados em vão, ou não será do vosso entender que o desemprego de milhares de nós, a fome galopante que os interesses económicos e o sector bancário impingem, a completa estagnação da economia e a queda livre do investimento nos tornam um país pior?

Como podemos dar uma chance ao mesmo Passos Coelho que disse que o «estar desempregado era uma oportunidade»? Como o podemos dizer aos contribuintes que investiram na educação e na formação dos jovens dos dias de hoje que foi tudo em vão? Afinal de contas, emigraram mais de 165 mil jovens. Os beneficiados, como sempre, são os países que os receberão: não lhes sendo dispendiosa a formação, é com bom grado que recebem jovens qualificados para desenvolver os sectores mais diversos.

Ah, um momento. Esqueci-me que estão em preparação de eleições e portanto o país tem estado melhor. Já se adoptam palavras como «crescimento» e «emprego» ao invés da já referida estagnação e desemprego; o que se esquecem de dizer é que, e permita-me o senhor tal franqueza momentânea, esses dados estatísticos não passam de pura demagogia. Senão reparemos: os níveis de desemprego em Portugal descem porquê? Porque a classe média e os recém-formados emigram, bem como os que não estão inscritos no centro de emprego, e é por isso que, não sendo contabilizados, o desastre passa de uma hipérbole para um eufemismo.

Continuam a esquecer-se do essencial. Continuam a passar despercebidos ao facto de sermos um país sem uma agricultura sustentável onde importámos mais de 60% da alimentação; onde os nossos barcos são essencialmente artesanais e, por isso, não rentáveis para as pescas num mar longínquo em que a refrigeração é crucial; onde o interior é desertificado, sem nenhum investimento, sem nenhum incentivo que potencialize a entrada de novas empresas para desenvolver essas regiões fantasma…
Tentam convencer-nos que as exportações tendem a aumentar. O que não esmiúçam é que, efectivamente, exportar demasiado nem sempre é sinal de ‘peso’ na economia. Somos um país que depende em mais de 60% do turismo e onde as exportações não têm um valor acrescentado forte e capaz de competir no mercado internacional. Exportar têxteis e vinho não é suficiente. Falemos da Alemanha e tiremos dos alemães os bons exemplos: refiro-me a um país que não tem quase nenhuns recursos no solo, mas que, ainda assim, é dos países com a indústria pesada mais forte, que transforma, p.e, o cobre em produtos de grande valor acrescentado no mercado; ou então falemos da indústria automóvel, que exporta quantidades bíblicas de Mercedes para os EUA. E é por acaso que isto acontece, meus amigos? Não, não é. Tiveram e têm uma grande visão para o seu país e sabem aquilo que realmente querem. Só isso.

Mas não me venham com ilusões. Uma breve palavra como «flexibilização» é só um eufemismo barato que um ignóbil qualquer usa no parlamento, vamos lá ver, até soa bem.
Como a eutanásia encobre a morte, a flexibilização encobre a degradação das condições dos portugueses como nunca antes se viu. Essa é a verdade. Nua e crua.

Álvaro Machado – 02:26 – 28-03-2015

Tu Fazes Parte: um apelo à participação

22 de Abril de 2012 | Manifestação pela electrificação da linha do Douro | Estação do Marco
Explicar a preponderância da participação cívica activa de cada um torna-se uma tarefa particularmente difícil nos tempos actuais. Talvez por isso tenhamos escolhido a imagem da manifestação pela electrificação da Linha do Douro para ilustrar esta publicação e o apelo que lhe está inerente - não vão as palavras fugir e tal intento sair frustrado. 

Vivemos numa época em que o desemprego jovem é avassalador, em que a credibilidade dos políticos atinge "mínimos históricos", em que a justiça social não é mais do que utopia, em que a desmantelação do sistema nacional de saúde parece ser o caminho a seguir - mas, paradoxalmente, nada disto parece ser justificação suficiente para que, no mínimo, o inconformismo nos mova e nos faça cidadãos mais participativos. Ora, nos tempos que correm, deveria ser fácil tornarmo-nos civicamente activos, propensos para a reflexão, para o debate e consequente confrontação de ideias. Não é isso, contudo, que se verifica: a indiferença e um certo comodismo parecem levar a melhor. 

Apesar de tal diagnóstico, a JS Marco ainda não desistiu. Os jovens socialistas marcoenses prosseguem na sinalização de problemas e fragilidades do concelho e da região, mas não deixam de apontar vias alternativas e de apresentar propostas concretas. Nós, jovens socialistas, também sabemos apontar as virtudes e salientar os êxitos do concelho e da região, porque o que de bom existe deve ser destacado. A JS Marco quer, pois, prosseguir este caminho que tem trilhado, mas não quer, nem pode, fazê-lo isoladamente. Estamos conscientes de que este percurso deverá ser acompanhado de um envolvimento geral dos jovens (e dos menos jovens) e do desenvolvimento de uma consciência crítica, que então depois dê origem a posições vincadas e coerentes. Deste modo, continuamos a acreditar no valor inegável que o contributo de cada um pode ter na construção de uma sociedade mais justa e solidária. Na verdade, é importante que cada um de nós não se demita de ser cidadão e que queira fazer parte da solução.

Este blog que hoje se inaugura pretende ser, então, uma forma (de entre várias possíveis) de contribuir para essa participação cívica activa tão urgente. Este espaço é nosso, mas é também vosso. É de quem quiser fazer parte. 

P.S: Após um prolongado interregno, a JS Marco volta à actividade na blogosfera. Fazemo-lo de uma forma renovada, mas com o mesmo espírito e postura que tentamos sempre imprimir nas nossas acções.