domingo, 13 de dezembro de 2015

França recua com Le Pen, Venezuela avança sem Maduro





"Os franceses acabam de dizer que conquistaram a sua liberdade", atirou Marine Le Pen, esta segunda-feira, quando o Partido da Frente Nacional consegue, ainda que à primeira volta, resultados históricos, tenham eles as repercussões que tiverem para o futuro. Pois bem, analisemos:

1. A FN concorreu apenas a alguns municípios franceses, 570 sendo mais preciso, num universo de 36 mil. Em certos municípios acabou mesmo por ser a segunda força politica, disputando-a com o partido de direita sarkozysta, a UMP, atirando, desta feita, os socialistas para o terceiro lugar.
O seu crescendo tem sido de tal ordem notório que na segunda maior cidade francesa, Marselha, ficaram somente atrás da UMP.

2. Ainda não ficámos a saber o futuro, pois o sistema de eleições autárquicas em França é um sistema maioritário a duas voltas, mas acabámos por ter uma pequena noção: a Europa dos tempos ditatoriais não está assim tão longínqua nem os seus propósitos findaram milagrosamente. Cautela, muita cautela.

3. Concluo, por fim, esta viagem à terra de Baudelaire (para quem o aprecia na sua condição de um dos maiores escritores do todo o sempre) com uma pequena alusão à ideologia político-partidária destes senhores: defendem o proteccionismo económico como modelo a seguir, opõem-se veemente à imigração dos não-europeus, apoiam deveras a deportação de imigrantes ilegais, criminosos e desempregados (sabe-se lá com que métodos, mas suspeita-se); a saída da Zona Euro é outro dos frutos proibidos da extrema-direita, bem como irem contra a concessão da cidadania múltipla.
Sim, foram os franceses, parte deles, quem votou em Le Pen.


“Vimos com a nossa moral, com a nossa ética, reconhecer estes resultados adversos, aceitá-los e dizer à Venezuela que a Constituição e a democracia triunfaram”, disse Nicolas Maduro, após ter sido derrotado nas urnas e perdendo para a Mesa da Unidade Democrática (MUD) a sua maioria parlamentar. Importante ainda ressalvar alguns aspectos, internos e externos, respectivamente:

1. Apesar deste resultado histórico, que marca o fim do chavismo de forma peremptória, ainda há alguns "ses" dos preceitos constitucionais venezuelanos, nomeadamente os que permitem a Maduro legislar sob forma de decreto sem ter de passar pelo Parlamento. Pode, assim, legislar até dia 31 de Dezembro deste ano e renunciar ao cargo tão facilmente não me parece o seu estilo.

2. Sendo o próprio parlamento a ter-lhe colocado tais poderes nas mãos, quando eram maioria, o mesmo pode vir a tornar-se hábito pela insuficiência dos 99 lugares conquistados da oposição, não formando, desta feita, uma maioria parlamentar qualificada. O futuro nos dirá.

3. O Partido Comunista Português, para meu espanto, continua a mostrar-se solidário com regimes ditatoriais que em nada se equiparam aos valores democráticos, baseados no respeito pelos direitos humanos e na progressão social, económica e cultural. Tenham vergonha.

Álvaro Machado

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Orgulhosamente pobres

Os últimos 4 anos foram devastadores para o país, já todos o sabemos. O retrocesso atingiu principalmente os que menos têm, que se viram impossibilitados muitas vezes de aceder em condições dignas aos serviços públicos de saúde, de educação ou de justiça. O radicalismo do governo PPD/PSD-CDS/PP convenceu muitos de que esta seria a melhor solução e que não haveria alternativa: “temos de empobrecer”, “temos de passar por dificuldades”, “o Estado não pode ser para todos”. A ironia é que, agora, os mesmos que privatizaram meio país, que dilaceraram os sistemas públicos essenciais, vêm, numa arrogância populista, acenar com a bandeira da seriedade e da moderação. Acusam sem vergonha nenhuma o Partido Socialista de ser radical, de não apresentar nada de novo e de querer “estragar” o que fizeram durante o mandato.
O facto é que hoje nos sentimos desorientados, sem rumo e enganados. Ao longo de 4 anos, foi-nos dito que “agora é que é”, mas no final deste período tudo está pior e mesmo assim há quem acredite que não há alternativa: “vivíamos acima das nossas possibilidades e, por isso, não havendo alternativa, tivemos e temos de empobrecer”. O programa do Partido Socialista nestas eleições demonstra exatamente o contrário: há uma alternativa e há futuro para Portugal. Não, não temos de ser pobres, não temos de voltar atrás no tempo. O clima de intimidação e de medo está a dominar a reta final desta campanha. Os partidos de direita estão a apostar tudo na mentira, na demagogia e na falta de valores. Esta é a altura certa para mudarmos de rumo, para nos impormos, para fazermos valer os nossos direitos e a Constituição, que o primeiro ministro já disse por várias vezes que de nada serve.
Mas agora a direita conta com aliados à esquerda. A CDU e o Bloco de Esquerda continuam empenhados no seu papel de partidos de protesto, acomodados com o seu lugar. Com medo de perderem assentos parlamentares, vale tudo – o principal inimigo é agora o PS. São casos crónicos. Sem terem tido ou quererem ter responsabilidades governativas, o melhor é ficar na oposição, de preferência com a coligação de direita no poder para que não desapareçam nos próximos anos. O cinismo de quem se limita a dizer mal de tudo, de quem não apresenta soluções realistas e de quem até admite a saída do Euro e mesmo da União Europeia é posto a nu nesta última semana.
No domingo não podemos votar apenas por nós. No domingo iremos votar pelos desempregados, pelos que perderam as suas casas, pelos que foram empurrados do país para fora, pelos que viram as suas reformas cortadas e a confiança no Estado defraudada, pelos que foram enganados, explorados e maltratados durante estes 4 anos. Os números não enganam, os factos estão aí. Agora só se deixa enganar quem quer.


segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Semana da Juventude 2015

Tem início no próximo dia 12 (quarta-feira) mais uma Semana da Juventude promovida pela Câmara Municipal de Marco de Canaveses. Durante quatro dias decorrerão diversas actividades culturais. A Juventude Socialista do Marco marca lugar nos habituais stands da juventude. Por isso, esta é a oportunidade para saberes quem somos, o que já fizemos e o pretendemos fazer.

Junta-te a nós, porque TU FAZES PARTE!

Cartaz Semana da Juventude 2015

terça-feira, 14 de julho de 2015

Cultura marcoense? Nem tanto.

O conceito de mostrar os valores de uma terra, de um concelho, parece, por vezes, invocado ao desbarato, tratado de forma leviana e até deturpadora. Não fui claro? Pois bem, vejo cada vez mais a afluência de uma devoção exagerada aos 'talentos' da terra marcoense, isto partindo de pressuposto que realmente prospera talento na pessoa em questão.

Vamos directos ao assunto. Em todos os lugares, por mais oníricos que possam parecer, acaba por existir alguma incoerência, alguma metodologia não tão exímia quanto pensávamos, algo que ostentámos como imensamente capaz e saiu como lacuna irremediável. Penso que isto, em qualquer lado do planeta, é uma ideia mais ou menos concebida pelos seus habitantes.

No Marco de Canaveses a questão nem é tanto assim: recorrentemente nos surge uma devoção abléptica pelos ares da cidade, onde o Rio Tâmega ganha a dimensão e a beldade do Tejo, onde o Presidente da Câmara se torna num Obama com diferença apenas no tom de pele ou quanto muito por usar óculos, e onde, por fim, os desalentos se tornam, e pasme-se até o senhor com isso, em verdadeiros artistas impregnados de obras d'arte intemporais.

Assim sendo, toda e qualquer expressão de 'arte' que veja a luz do dia graças a um marcoense é de bradar aos céus. E aqui exclui-se automaticamente qualquer tentativa de parar um pouco para pensar: será realmente bom ou será porque o conheço? Tornar-se-ão meros escritos se frases soltas e inócuas numa elite intelectual digna de uma revista como Orpheu?
São questões inoportunas, compreendo-vos; afinal, quem ousar quebrar esta corrente de tudo ser «do bom e do melhor» e, sobretudo, ser marcoense? Ninguém. Nem eu.

E é desta forma que o povo se habituou sempre a viver e a lidar muito bem com as mentiras - porque as transformam em verdades, ainda que erroneamente falando. Mas deixemo-nos de diplomacia: considerem bom o que realmente é bom; considerem mau, digam-no firmemente, quando o é de facto.
E não se apoquentem: o que é bom será sempre reconhecido.

Álvaro Machado - 02:47 - 14-07-2015

domingo, 12 de julho de 2015

A cimeira da crucificação

Desenganem-se os crentes. Os líderes europeus e, em especial, o Presidente do Eurogrupo, Dijsselbloem, mestre por sinal reconhecido por todos menos pela universidade irlandesa (University College Cork), fazem tudo para humilhar torpemente uma nação tão impregnada de valores como é a Grécia. Humilham um povo, hipotecam a geração de agora e do futuro, escarnecem do mal de milhares de pobres que nobremente lutam sem saber o dia de amanhã, e tudo porque estes senhores, chamem-lhe donos da Europa enquanto eu lhes chamo miseráveis, decidem impôr um plano económico a um país sem tampouco ouvir as propostas do outro lado da mesa.

Lembro-me que Varoufakis alertava, e alertou sistematicamente, para a falta de diálogo e de compreensão na mesa de negociações. Nunca o ouvimos recusar e negar a culpa dos governos gregos no preenchimento das lacunas sócio-económicas, da escassez de reformas de estruturais a fundo, da inevitável insustentabilidade deste sistema. Ouvimos, pelo contrário, Varoufakis pedir uma conjunto de reformas estruturais que não afectassem novamente os mais desfavorecidos, que a dívida se tornasse sustentável para que a Grécia voltasse aos mercados, mas tudo isso se tornou imperceptível para os ouvidos do Eurogrupo - assim sendo, divergia-se por meio ponto percentual no conjunto de propostas discutidas pelos credos e o ministro das finanças grego.

Todos ignoraram quando, no seu blogue pessoal, Varoufakis respondera directamente a Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI, quanto à sua remissão para a negociação difícil 'de todas as partes'. É claro que hoje consigo decifrar plenamente o que isto queria dizer: o objectivo, desde do início, não era uma negociação 'de todas as partes', mas somente de uma única parte que impunha medidas dogmáticas a toda uma nação.
O pedido de reformas estruturais a fundo sem cortes nas pensões e nos salários, sem reduzir as condições de vida da população, nem sequer estava em consideração; estava, isso sim, uma agenda de mais cortes selvagens nos sectores mais frágeis, acompanhados de aumentos de taxas de juro.

Nada é ao acaso. As pessoas inteligentes, que questionam sempre os métodos impostos à força que se haviam tornado num paradigma dogmático, nem sempre são bem-vindas no seio dos mais poderosos. Assim, não tenho dúvidas que Varoufakis foi afastado por esses mesmos motivos, porque este pseudo-mestre do Eugrupo e Lagarde não suportaram um outro caminho, questionando o traçado por si, e com outras medidas à mistura.

Tsipras tem vindo a recuar nas negociações. O principal motivo de o fazer é, evidentemente, evitar mais disparidades do que aquelas que inevitavelmente surgiram nos últimos anos. Mas outra coisa, mais forte de todo esse desejo de reconciliação, atravessa-se no caminho do primeiro-ministro: um novo resgate, com ainda mais medidas asfixiantes para a economia e para a população, e com um tempo limite de aceitação no parlamento grego até quarta-feira, passando, dessa forma, a uma (quase) certa insustentabilidade democrática.

O fim desta farsa negocial começou ontem, quando Schäuble apresentava um documento com duas alternativas possíveis para a Grécia: permanecendo no Euro com um novo resgate ou com um 'time-out' onde, nos próximos 5 anos, estariam os gregos afastados desta união monetária, suportando-os com ajudas humanitárias caso necessário.

Tudo se resume, uma vez mais, às palavras de Varoufakis: «O problema é que a UE não gosta de democracia».

Álvaro Machado - 20:32 - 12-07-2015

quinta-feira, 2 de julho de 2015

El-rei regressa na apresentação do livro

Quem não gosta de ler um bom livro? Acaba por ser uma intimidade singela, esta do autor para com o leitor, quase num universo paralelo em que, longe compreensão, nos compreendemos perfeitamente. Desde cedo me habituei a ler: primeiro veio as Minas de Salomão traduzidas pelo Eça, depois o jornal expresso acabou por despertar uma veia mais crítica no sentido literal da palavra.

Como vos dizer..., sempre tive por gosto ler e, sobretudo, ler bons livros, bons jornais (subentenda-se aqui escritores extraordinários e cronistas de referência). A loucura de Dostoievski transposta num pedaço de papel, o universo apocalíptico em que Dumas construiu a personalidade de Edmond Dantès, em paralelo a mágoa profunda e o espasmo futurista de Álvaro de Campos, isso fez de mim o que sou hoje (os tais génios literatos), não duvidem disso nem por um segundo. As questões mais profundas, politico-económicas, político-sociais, democrático-concretas e democrático-abstractas, aprendi-as com os tais cronistas de referência, nomeadamente Miguel Sousa Tavares, Ricardo Costa, Daniel Oliveira, Pacheco Pereira (e por aí fora...).

Mas agora de volta à realidade. O que vos trago aqui é o recente lançamento do livro de Miguel Relvas. Não se apoquentem, ele nem é o autor como os autores que em cima falei nem é tão pouco "autor" na concepção nua da palavra; entenda-se: organizou o lançamento de um livro escrito a "meias" com Paulo Júlio e chamou os pesos pesados da política e do PSD.

"O outro lado da governação" - esse é o nome da grande obra. Eis que a cooperação entre Relvas e Paulo Júlio trouxe ar puro à literatura portuguesa e aos portugueses. Especialmente porque são dois ex-membros do governo, colocados na boca do povo injustamente. «Houve uma reforma profunda que não foi terminada, mas que foi bem feita», atira Miguel Relvas na apresentação de hoje.
Saiu por cima hoje. De consciência limpa, afinal trabalhou muito intensamente na reforma da administração local, fez muito pelo seu país. Miguel Relvas não apresentou um livro, fez política, aquilo a que está habituado portanto, e fê-la da pior maneira que há: a mentir e sem um pingo de vergonha.

Álvaro Machado - 23:29 - 02-07-2015

terça-feira, 30 de junho de 2015

Dias cinzentos para o Governo Português

Guardo sábias palavras na minha memória. Uma das que mais fazem sentido, nos dias de hoje, são certamente as de Ricardo Araújo Pereira: «Eu prefiro não ser racional no futebol, não o sou de todo, mas sou-o na política. Sou muito racional. Vejo as coisas imparcialmente e contesto o que está mal. Agora, não me peçam é para defender custe o que custar um partido, uma cor partidária.».

O coligação PSD-CDS tem passado, nos últimos dias, um período menos reluzente no seu percurso governativo, claro que, com isso, supõe-se que algum dia foi passado assim. Façam vocês as vossas suposições.

i. O Tribunal de Contas pronuncia-se, em pleno dia de sol, quanto à privatização da EDP e da REN. O governo não «acautelou os interesses estratégicos do Estado Português após a conclusão do processo de privatização.»

E aí está: eis como destruir num ápice toda uma crença abléptica dos simpatizantes deste governo e da sua política de privatizações. Mas não façamos por menos, desde já ressalvando o papel fulcral da Parpública em todo este processo: permitiu, em todo o caso, que o BESI (Banco Espírito Santo Investimento) fosse avaliador do Estado, inicialmente, e fosse, à posteriori, consultor das empresas que manifestaram interesse no negócio.

Não se comecem já a rir. Contenham-se mais uma bocado, por favor. Vamos supor que o BESI foi honesto e não proporcionou conflitos de interesses nesta matéria, parece menos grave a coisa? Parece-me que sim, eu também concordo; mas revertam o sentido disso: vamos agora supor um cenário hipoteticamente mais drástico: que a CTG e a State Grid não cumprem o acordo... Pasme-se, o governo não colocou qualquer cláusula no contracto em caso de incumprimento!
(Agora sim, partam-se a rir...)

ii. Por cá, já estamos habituados a uma particularidade de Portugal aquando que comparado com outros países da União Europeia: quando se trata de progresso, desenvolvimento na estrutura produtiva e do tecido empresarial, redução da despesa do país ou crescimento económico mantemos a fasquia no lixo; em contrário, se estiver a ser avaliado os níveis de desemprego, de fuga de impostos, de corrupção..., aí já somos colocados na ribalta.

Hoje foi o dia de nos lavarem o rosto impregnado de mentiras: Portugal tem níveis de desemprego nos 13,2%, ficando assim no 5º lugar dos países com mais desempregados da UE; já no desemprego jovem, subimos mais uns pontos, ficando assim com o 4º lugar dos países com mais jovens desempregados (33,3%).

Em suma, apesar de certos indivíduos não terem qualquer consciência do estado em que realmente está o nosso país, os dados continuam, diariamente, a prová-lo em contrário. Esperemos avidamente pelos sorrisinhos de Paulo Portas e de Passos Coelho.

Álvaro Machado
 - 21:19 - 30-06-2015

domingo, 28 de junho de 2015

Contra tudo e contra todos.

O mundo é feito de dualidade de critérios, umas vezes chocam-se sem motivo, outras tornam-se passivos com o turbilhão que surge.

Agora o tema reside no referendo que a Grécia decretou para o povo decidir sobre o seu futuro. A Grécia, berço da democracia, não poderia deixar de a exercer em todo o seu esplendor.
Ora, eis que aqui surge a tal dualidade de critérios: espantam-se, alguns, por um governo eleito democraticamente exercer um mecanismo democrático como é o referendo, mas creio que esse espanto advém todo do anti-grécia que inocentemente se tem incentivando; mantêm-se indiferentes, outros, quanto ao referendo inglês no que toca à permanência ou não permanência da Inglaterra na União Europeia.

Aproveito para evidenciar factos também:  um governo de esquerda (que tantas vezes é rotulado de extremismo puro na verdadeira concepção da palavra) tem levado as negociações por bem, moderadamente, sem adoptar nenhuma posição mais violenta que rompa de vez com a permanência grega no euro e, além do mais, se mantém ao longo destes 5 meses no Eurogrupo com as ideias bem fincadas, com uma agenda própria e repleta de propostas que vão noutro caminho que não o da austeridade.

Por isso, deixem-se de guerrinhas quando nem tampouco sabem quem são os verdadeiros oponentes.

Álvaro Machado - 02:03 - 28-06-2015

sábado, 27 de junho de 2015

Indignação popular: morreu um gato.

O país está ao rubro. Enquanto os gregos continuam a ser, ao olho dos credores, os inesperados convidados para uma festa de um amigo milionário, em Portugal a coisa está um tanto mais agitada: o Chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, é distinguido como embaixador da juventude ibero-americano e um gato queimado vivo em Mourão gera uma massiva indignação pelas redes sociais.

Quanto ao primeiro tema, creio haver muito pouco a dizer. Conhecemos Cavaco Silva há demasiados anos e todos sabemos da sua afincada luta ao lado dos mais jovens nas mais diversas situações - manifestações, festas, até mesmo na proximidade que lhes nutre aquando da sua visita ao ensino superior. O muito estranho desta situação, e vós certamente já deste conta disso, é o atraso da tal distinção.

Agora quanto à reminiscência dos tempos da inquisição tidos em Mourão já tenho um pouco mais a dizer. Desde já, repugnar veemente tal acto. Um povo que dadas todas as circunstâncias e todas as histórias do seu país continuar a cometer atrocidades com tamanha irresponsabilidade é intolerável.
Todavia, uma notícia repugnável transportou-se, seguidamente, para uma avalanche de enxovalhos nas redes sociais e, como é sabido, quando é o zé povinho a lançar críticas aos infractores a coisa passa a ser um tanto desajustada aos padrões de racionalidade e de realidade. Passou de um simples acto reprovável para um amontoar de vozes que lançaram injúrias pesadas - até mesmo a morte e o sofrimento impiedosos - aos ditos 'assassinos'.

Ora, pois bem, não se esquecem essas pessoas de outro tipo de crimes bem mais graves do que a morte de um gato? Por exemplo, a escravidão laboral que assistimos reconfortadamente na China? Onde os ditos 'trabalhadores' de todas as gerações, pois é de pequenino que se torce o pepino e por isso hão-de logo trabalhar exaustivamente, se mantém em pé e a trabalhar para além das 16 horas diárias?
Ou não será um tanto mais chocante os sucessivos bombardeamentos e guerras civis no Médio Oriente onde morrem milhares de inocentes e onde a outra metade se refugia para países que certamente serão tudo menos acolhedores na sua chegada? São questões um tanto complexas que a maioria tende por ignorar, visto tratar-se de uma notícia com mais caracteres do que aquelas a que hão-de estar habituados.

O que quererei eu dizer-vos com isto? Creio que nada, ou quase nada. Apenas uma chamada de atenção: quando decidirem criar petições online sobre a morte de um gato, pensem primeiro em criar petições online onde se insurjam contra a frequente violação dos direitos humanos um pouco por todo o mundo, onde os SERES HUMANOS sofrem exploração, onde vivem em condições degradantes e onde muitos outros morrem porque um doido de um autoritário qualquer lhes bombardeou a casa e a família.
Os animais também têm as lutas deles na selva, e os «mais indefesos», como li por alguns comentários online, são presas fáceis para os grandes predadores. Quererão criar outra petição contra a lei da natureza?

Não se acomodem com o que foi feito ao gato, mas também não se tornei histéricos crónicos quando no vosso mundo o que mais há é gente a sofrer sem nunca ter feito mal a ninguém.

Álvaro Machado - 00:19 - 27-06-2015

segunda-feira, 22 de junho de 2015

«A nossa proposta é simples, eficaz e mutuamente vantajosa.»


Ler documento na íntegra


Tenho pena. Pena que os meus governantes insurjam as suas vozes inócuas contra os que transpõem o verdadeiro conceito de democracia, que elevam a sua força além e que não se submetem a um injustificável e redondo não.

E sobretudo é de admirar o gesto nobre com que Varoufakis reconhece os erros do seu país no passado, reconhece que é necessário um conjunto de reformas estruturais para incutir nos gregos uma maior responsabilidade. Tudo isso é possível, mas sem destruir as vidas que estes credores tão massivamente destroem.

Está aqui tudo. Todo o percurso do novo governo grego está, em linhas gerais, nesta publicação de Varoufakis. Como disse, não se escondem nas traseiras da covardia, não se mantêm inertes na demagogia, antes se impregnam de propostas e de vida nova para a União Europeia.
Têm todo o meu apoio. Enquanto alguns lutam pelo seu povo, o meu Chefe de Estado, de nome Cavaco Silva, diz numa visita à Roménia: «Façam um bom oó».

A diferença reside num homem que de político nada tem e que da política nada quer, para um ignóbil que fez do seu percurso politiquice e sempre em interesse e beneficio próprio.

Álvaro Machado - 00:47 - 22-06-2015

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Não nos rendemos.



Uma palavra de apreço a estes dois senhores que têm lutado pelos seus cidadãos, pelos interesses do seu país e sempre com a intenção de fazer um acordo com os parceiros internacionais.

Recusam a austeridade e recusam-na afincadamente, apesar de terem cedido em algumas das exigências europeias (porque numa união verdadeira há-que saber exigir e ceder no tempo adequado). A austeridade provou-nos como tornar um país já de si vulnerável ainda mais desprotegido, com mais assimetrias e sem mais nenhuma alternativa senão cortes em sectores sensíveis como o são as pensões.

Força. Não cedam perante pressões e interesses económicos. Se o impasse são 2 mil milhões de euros, batam-se de frente, com propostas além-austeridade e não pré-concebidas, porque uma união é mais do que credores, economistas e moralizadores. Uma união é ajudar os que estão no chão a erguer-se novamente, plenos de vitalidade.

Álvaro Machado - 01:20 - 19-06-2015

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Jorge Jesus: o mito é o nada que é tudo

Num tom menos controverso e menos populista, venho também eu falar do tema que em todos nós causou uma dose de perplexidade desmedida: Jorge Jesus no Sporting, Marco Silva em lado nenhum.

Como um poeta disse outrora: «O mito é o nada que é tudo». Pois bem, é assim que vejo Jorge Jesus: um mito. Apesar de lhe reconhecer mérito enquanto treinador, pois considero-o um excelente profissional com toda uma metodologia que lhe é bastante característica, o facto é que os seis anos passados no Benfica não lhe são assim tão louváveis quanto isso: venceu três campeonatos, cinco taças da liga e uma taça de Portugal, mais nada, absolutamente mais nada (não, desculpem, mas duas finais europeias onde foram DERROTADOS não conta para o palmarés).

Terminou o contracto e, por isso, tinha toda a legitimidade para sair 'glorioso' desta aventura pela capital. Porém, não reconhecendo ao Jesus uma capacidade cognitiva especialmente dotada no que toca a decisões sobre a sua carreira futebolística, eis que choca tudo e todos com um pequeno salto para Alvalade, para o Sporting Clube de Portugal.

Um treinador com um ego assinalável junta-se a um presidente já de si egocêntrico, num clube feito para apostar na academia, mas que agora está de mãos dadas com um fanático por jogadores tudo menos portugueses.

Agora, perguntam vocês e bem, onde fica Marco Silva no meio desta azáfama toda? Sinceramente, creio que nem o próprio nos saberia responder com precisão.
Olhando para os factos, o ex-leão venceu a Taça de Portugal e acabou em 3º lugar no campeonato com um orçamento bem inferior face aos rivais directos, não esquecendo que coabitar com Bruno de Carvalho sensivelmente um ano poderá trazer danos irreversíveis para o seu bem-estar. Mas será isso tão pouco num ano clubístico, primeiro ano como um «grande»?

Marco Silva, que sempre tivera ética e carácter bem definidos, que sempre mostrara disponibilidade para continuar o percurso no Sporting, vê o seu contracto de três anos rasgado e, mais do que isso, sente o veneno que contagia o futebol lentamente entrar-lhe no corpo (sim, o dinheiro, o raio do dinheiro!) sem avisar.

Afinal, o futebol é feito de mudanças trágicas no permeio da podridão antidesportiva. E há sempre os que, ainda inocentes, são apanhados desprevenidos no meio dela.

Álvaro Machado - 01:34 - 05-06-2015

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Marco de Canaveses, um concelho (s)em movimento

Há uns dias, numa reunião do Conselho Municipal da Juventude, que surpreendentemente me pareceu deveras positiva e produtiva, o presidente da Câmara Municipal do Marco de Canaveses cita a determinada altura o antigo/atual/futuro(?) slogan do Marco: "porque somos um concelho em movimento". Perdoar-me-á o senhor presidente, mas o que me ocorreu quando lembrou esse slogan foi: 
Hipótese 1 - É ironia autoinfligida.
Hipótese 2 - É o movimento dos que não têm oportunidade de trabalhar/viver no Marco.
Hipótese 3 - É o movimento dos concelhos vizinhos a alta velocidade quando passam por nós.

Não fico feliz em notar que o Marco se contenta com pouco. Não fico feliz em notar que o executivo da Câmara ainda não encontrou uma linha de comunicação que faça passar a identidade do concelho, que promova o Marco fora dos seus limites territoriais.
Mas vá, ainda acredito. Haja esperança.

sábado, 30 de maio de 2015

Um pau de dois bicos

Enquanto nós, ocidentais, ocupámos os nossos dias com uma discussão leviana à mesa de jantar ou então numa esplanada do café sobre as questões mais supérfluas possíveis, eis que, do outro lado, as coisas levam um rumo um tanto diferente: questões de vida ou de morte, portanto.

Quanto muito desfolhar o jornal torna-se um despertar para a realidade, e aí já não podemos passar incólumes nem desviar as atenções ao Oriente (mais concretamente a questão do Iraque). Ora, se bem me recordo, há uns meses atrás escrevia sobre o número totalmente descabido de inocentes mortos no conflito sírio e sobre a indiferença com que a ONU abordava este assunto, pois nenhuma intervenção foi feita para que se evitasse uma guerra civil sangrenta em pleno século XXI.

Agora, eis que o interminável conflito entre o autoproclamado Estado Islâmico e o Governo Iraquiano se torna o epicentro no planeta Terra.
Depois de tantos avanços e recuos por parte dos jihadistas, uma importante reviravolta fez como que um despertar natural das atenções surgisse: a conquista de Ramadi, província de Ambar, levou, não só à morte de centenas de inocentes (que aliás continuam a ser o motivo de maior preocupação - o morrer sem saber porquê nem para que feito), mas também a uma ameaça real ao Governo Iraquiano.

O exército iraquiano fracassou por não ter evitado a derrota frente aos jihadistas e por isso teve que recuar no dia 17 de Maio. Perante estas adversidades, o governo vê-se forçado a recorrer ao pau de dois bicos para resolver a questão, isto é, aglomerar a nova coligação com as milícias xiitas ao exército iraquiano e às tribos locais poderá ser o quanto baste para recuperar Ramadi, mas também é uma séria ameaça no que toca ao confronto étnico entre a maioria sunita daquelas terras e a minoria xiita que já chamou a esta operação «Labaik ya Hussain», em memória Husayn ibn Ali, califa histórico e primo de Maomé, e que tem um intuito claramente provocatório aos sunitas.

Em suma, as guerras étnicas no Iraque parece que se hão-de prolongar durante muito tempo, levando os inocentes que desesperadamente tentam sobreviver no meio do caos, no meio da guerra e da miséria, enquanto nós, inconscientemente, somente mudámos a folha do jornal.

Álvaro Machado - 22:06 - 30-05-2015

segunda-feira, 25 de maio de 2015

O sucesso do FMI em Portugal

Sabendo que, à partida, o Fundo Monetário Internacional se havia tornado na última esperança para os portugueses voltarem a ver a luz do dia, e após tantos sacrifícios os membros do governo exaltarem esses mesmos feitos alcançados pelo povo lusitano, eis que o próprio FMI nos dá o primeiro alerta: afinal não é bem assim.

Os défices foram reduzidos e o financiamento do mercado recuperado. E depois disso? Quando se exalta um feito memorável, creio eu, ele irá perdurar no tempo infinitamente, mas será assim neste caso em concreto?
Ora vejamos: existem, segundo estes especialistas, cinco prioridades a médio-longo prazo:

1) Garantir um equilíbrio interno (que significa, por exemplo, não ter uma taxa de desemprego demasiado alta)

2) Conseguir um equilíbrio externo (não ter défices externos sucessivos)

3) Aumentar o crescimento potencial

4) Reduzir o endividamento dos privados

5) Assegurar a sustentabilidade orçamental

Então, tendo em conta estes cinco factores ou estas cinco prioridades, deparámo-nos, diria, com o primeiro fracasso deste programa de ajustamento – o insucesso.
E ao contrário do feito que exaustivamente os membros do governo proclamam (as vozes do PSD, entenda-se) no que toca ao desaparecimento, no exterior, dos défices, eis que o FMI emite um parecer na corrente oposta, afirmando a insustentabilidade dessas alterações, bem como se mantém tudo menos impressionado com o crescimento das exportações em termos brutos: «Não é prova de que Portugal tenha aumentado de forma significativa a competitividade», arrematam.

Pois bem, isto leva-nos a duvidar daquilo que até hoje alguns defenderam afincadamente como «único caminho possível». Se bem me recordo, as bandeiras de campanha para as próximas legislativas erguidas pela coligação têm sido, efectivamente, a diminuição do desemprego (que os dados do INE vieram deitar por terra tal teoria), o equilíbrio da balança (que vemos ter sido possível pela diminuição das importações, e que também curiosamente é um factor ilusivo porque num futuro próximo irão aumentar consideravelmente; e também pela falsa questão das exportações brutas, que vemos não ser algo viável), a melhoria das condições de vida (se internamente a população não tem poder de compra como poderá fazer a economia crescer e consequentemente melhorar as condições da população?)…

Já se diz, e bem, que nem tudo o que parece é. O (in)sucesso do FMI está à vista de todos.

Álvaro Machado - 00:47 - 25-05-2015

sábado, 23 de maio de 2015

Restaurante social no rés-do-chão da Igreja

Envolvemo-nos num silêncio profundo, submissos ao fundamento da vida, e deixámos o orgulho e a essência dos nossos sonhos num pequeno baú, imperceptível à grande maioria, como se fossemos enterrando lentamente o nosso próprio corpo.

Portugal, país que vi desde que abri os olhos e país que provavelmente irei ver até ao último suspiro, deixou-me agora um estilo de vida bem diferente daquele que em tempos havia encontrado no livro de Herberto Helder. Parece-me claro: tenho de admitir a vergonha, o embaraçoso destino fatalista que se me ergueu, a impureza, o marginalismo de ser pobre, de não ter dinheiro para pôr pão ou restos de comida à mesa.

O meu país - e os que indecentemente o fazem seu sem o sentir na verdade – tornou-me num intolerado, num homem de extremos, num vadio que se humilha todas as santas noites quando recorre àquela exígua sala do restaurante social, no rés-do-chão da Igreja. Como eu há milhares. Milhares que me pesam mais do que o eu estar ali comendo que nem um desvairado. Sinto-lhes a vergonha a subir no sangue, o coração numa batida tão veloz que parece iminente um ataque, e o ambiente pesado que os acerca é tão obscuro como quando nos sentimos abandonados ou esquecidos por alguém que amámos.

Os rostos lívidos diante dos meus olhos doem só de ver. As histórias que todas as noites oiço do vizinho que está desempregado há quatro anos, com os seus dois filhotes pequenitos e com a mulher internada há um mês deixam-me de rastos.

Eu, que não passo de um miserável, de um pobre sem rumo, todas as noites morro um pouco mais por dentro; todas as noites levo horas desperto porque tu, Portugal, não nos levaste só dinheiro nem nos privaste somente do trabalho ou de caprichos que eventualmente havíamos tido. Privaste-nos, isso sim, da nossa dignidade, do nosso orgulho, dos nossos sonhos que agora se encontram num baú pequeno sem possível abertura.

Portugal, não me humilhes mais, por favor.

Álvaro Machado - 21:48 - 23-05-2015

domingo, 26 de abril de 2015

O 25 de Abril de outrora

O povo que agora consente outrora disse não a quem os governava, conspirou contra o poder e ansiou derrubá-lo. Dias e noites passadas a vislumbrar a queda do regime, a querer saborear a liberdade por fim.
Muito abdicaram estes homens para o conseguir, privados foram da sua vida, sujeitados foram a repressão violenta na tentativa de os diminuir enquanto homens íntegros.

A verdade é que isso nunca os demoveu. Privá-los das suas famílias e da sua liberdade não os fizera, nunca, jamais, abdicarem da crença de um país melhor, antifascista, e plenamente democrático.
A música que cedo entoava a saída à rua da revolução, com o «E Depois do Adeus» de Paulo Carvalho, até à confirmação de toda a operação com a «Grandola Vila Morena» de Zeca Afonso, fizeram os portugueses vibrar com a determinação de todos os revoltosos e com a permanente incerteza quanto ao desfecho do desenrolar dos acontecimentos.

Hoje, por força da nossa inconsciência, esquecemo-nos que muito do que temos é fruto de homens corajosos como Mário Soares, Álvaro Cunhal, Francisco Sá-Carneiro, Manuel Alegre, e por aí fora, que recusaram sempre colaborar com Estado Novo e nunca se amedrontaram face à pressão que a PIDE lhes fizera – praticamente não faziam outra coisa senão estarem presos, sendo altamente conspiradores contra o regime salazarista, e quando não era atrás das grades seriam alvos de uma perseguição devastadora às suas casas, às suas relações pessoais, ao seu trabalho, tendo como ponto de partida a censura…

Ainda assim, não lhes fizera a prisão e os exílios frequentes aquilo a que hoje em dia comummente estamos habituados: a um povo calado que consente a fome e a miséria e oportunismo político. Sejamos outra vez 25 de Abril, sejamos outra vez sonhadores!

Álvaro Machado - 19:11 - 25-05-2015

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Consulta Pública do PDM do Marco de Canaveses: Relatório Ambiental




Na consulta do Relatório Ambiental, referente ao PDM do concelho de Marco de Canaveses destacamos a grande área florestal  e agrícola que prevalece no concelho.




Segundo o quadro apresentado no relatório ambiental (disponível no site da CMMC), a percentagem de ocupação da área agrícola e florestal é de cerca de 53,39%. Esta elevada percentagem mostra-nos uma área que deverá gozar de uma atenção redobrada da parte dos nossos decisores políticos e estabelecimentos de ensino profissional do concelho.

Destacamos a relevância da EPAMAC/Escola Profissional de Agricultura, para a formação de profissionais ligados aos sectores agrícola e florestal. Deste modo é evidente que o concelho terá a curto prazo que encetar estratégias de formação de profissionais e conquistar para o concelho projetos capazes de estabelecerem âncoras para a promoção agrícola e florestal no Marco de Canaveses.




Ainda segundo o Relatório Ambiental, expomos um gráfico que nos parece preocupante. Os espaços florestais degradados ocupam quase 5000 hectares. Deste modo poderemos verificar que as estratégias e projetos florestais e agrícolas são até ao momento parcos e temos mais de metade do concelho completamente expectante e sem uma estratégia aparente para a sua valorização.

Potencialidades:

1- O concelho pertence à Região do Vinho Verde, no qual, deverá cativar o investimento no setor da exploração vinícola.

2- A EPAMAC é uma âncora no ensino profissional marcoense e um meio para que o concelho atinga os seus objetivos na exploração dos espaços florestais e agrícolas marcoenses.

3- Por fim, o turismo ambiental deve potenciar aglomerados habitacionais em ruína próximo das áreas florestais e agrícolas.


O PDM é um instrumento de gestão dos recursos e é o documento legislativo sobre a qual uma região se orienta. Deste modo, no regulamento do PDM existem diversos pontos do interesse que deverão ser analisados pelos investidores agrícolas e florestais que queiram construir equipamentos e dos cidadãos que queiram construir habitações nessas áreas.

Devido ao facto de o regulamento ser extenso e não podermos destacar toda a legislação que ele nos apresenta, num só texto, sublinhamos: A existência da lógica separação entre Áreas de Edificação Dispersa (capítulo VIII,ART. 52º) e Espaços Centrais (ART 55º).

 As maiores restrições dos edifícios que se localizem nas áreas em que a malha construída é dispersa, aumenta. Isto faz com que a longo prazo se destaquem no concelho maiores aglomerados de construção, contribuindo assim, para uma melhor gestão de equipamentos (rede de saneamento, rede elétrica).

 Concluindo, o futuro do concelho passará inevitavelmente pela exploração dos recursos naturais e a aposta numa agricultura fortemente especializada e capaz de construir um cluster económico no concelho. Assim sendo, deverá ainda ser reivindicada uma aposta crescente na formação de novos agricultores e captação de investidores para o concelho do Marco de Canaveses.


sábado, 4 de abril de 2015

O Cristianismo

Uma questão – e seguramente uma das questões mais complexas – de todos os tempos e de todas as gerações será, porventura, sabermos para que fim tende, afinal de contas, a humanidade. A questão passa muito por sabermos quem somos, qual a razão de estarmos neste mundo e, acima de tudo, que pretendemos fazer com tudo isso.

Talvez na primeira reflexão que façamos sobre o assunto nem nos pareça de tão difícil resposta: nascemos, vivemos e morremos; e nesse intervalo, nessa intermitente questão de vida e de morte, vislumbrámos a paz da nossa alma e desejámos a felicidade do nosso ser.

A segunda reflexão, essa sim, tornar-se-á bem mais intriguista do que a primeira. Afinal, que é justo, correcto e humilde de fazer ao ponto de alcançar essa mesma paz e essa mesma felicidade em nós? Podemos basear-nos, eventualmente, numa perfeita harmonia com o Cristianismo e com os seus ensinamentos, que são, sem dúvida alguma, o sentimento mais puro que poderá um terrestre ter. Não façamos mal ao próximo, nem ousemos nunca questionar o senhor pelas suas acções, muitas delas tidas com uma maldade gigantesca, mas antes nutrir-lhe um amor platónico.

Mas, mesmo supondo que este ideal nem viesse a ser corrompido pela Igreja como realmente foi, que viria a ser de nós? Ter pena dos fracos e consolidar os mais fortes não é o modo correcto de alcançarmos o sublime. De todo!

Como Nietzsche dissera, o homem vive vociferando o poder e só assim a sua felicidade é preenchida integralmente; não o fosse, e todos vivam na miséria de espírito…

Para o bem e para o mal, dizia ele, o homem moderno e o evolucionismo que tanto lhe é aclamado, é somente uma farsa, um encobrimento para a podridão que a humanidade realmente tende. Por isso, acho que todos nós sabemos a resposta às questões com que iniciei o meu texto.Acabo, assim, com breve reflexão do próprio Nietzsche:

«O que é bom? Tudo aquilo que aumenta no ser humano o sentimento de poder, a vontade de poder, o próprio poder.

O que é mau? Tudo aquilo que provêm da fraqueza.

O que é a felicidade? O sentimento de que o poder cresce, de que é vencida uma resistência.

Não contentamento, mas mais poder; não paz acima de tudo, mas guerra; não virtude, mas capacidade».

Álvaro Machado - 23:18 - 04-04-2015

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Um breve dizer, um longo sacrifício

Lembro-me que há dias sua santidade havia dito que os homens tinham arranjado um eufemismo para a morte dos idosos, para a razão de todo aquele doloroso sofrimento. Essa palavra seria nada mais do que «eutanásia».

O mesmo poder-se-á aplicar aos nossos políticos e aos que fervorosamente lhes mantêm apoio incondicional. O que temos assistido, neste últimos anos de governação PSD/CDS, é a um aproximar flagrante do abismo, onde os sacrifícios exigidos aos portugueses foram tomados em vão, ou não será do vosso entender que o desemprego de milhares de nós, a fome galopante que os interesses económicos e o sector bancário impingem, a completa estagnação da economia e a queda livre do investimento nos tornam um país pior?

Como podemos dar uma chance ao mesmo Passos Coelho que disse que o «estar desempregado era uma oportunidade»? Como o podemos dizer aos contribuintes que investiram na educação e na formação dos jovens dos dias de hoje que foi tudo em vão? Afinal de contas, emigraram mais de 165 mil jovens. Os beneficiados, como sempre, são os países que os receberão: não lhes sendo dispendiosa a formação, é com bom grado que recebem jovens qualificados para desenvolver os sectores mais diversos.

Ah, um momento. Esqueci-me que estão em preparação de eleições e portanto o país tem estado melhor. Já se adoptam palavras como «crescimento» e «emprego» ao invés da já referida estagnação e desemprego; o que se esquecem de dizer é que, e permita-me o senhor tal franqueza momentânea, esses dados estatísticos não passam de pura demagogia. Senão reparemos: os níveis de desemprego em Portugal descem porquê? Porque a classe média e os recém-formados emigram, bem como os que não estão inscritos no centro de emprego, e é por isso que, não sendo contabilizados, o desastre passa de uma hipérbole para um eufemismo.

Continuam a esquecer-se do essencial. Continuam a passar despercebidos ao facto de sermos um país sem uma agricultura sustentável onde importámos mais de 60% da alimentação; onde os nossos barcos são essencialmente artesanais e, por isso, não rentáveis para as pescas num mar longínquo em que a refrigeração é crucial; onde o interior é desertificado, sem nenhum investimento, sem nenhum incentivo que potencialize a entrada de novas empresas para desenvolver essas regiões fantasma…
Tentam convencer-nos que as exportações tendem a aumentar. O que não esmiúçam é que, efectivamente, exportar demasiado nem sempre é sinal de ‘peso’ na economia. Somos um país que depende em mais de 60% do turismo e onde as exportações não têm um valor acrescentado forte e capaz de competir no mercado internacional. Exportar têxteis e vinho não é suficiente. Falemos da Alemanha e tiremos dos alemães os bons exemplos: refiro-me a um país que não tem quase nenhuns recursos no solo, mas que, ainda assim, é dos países com a indústria pesada mais forte, que transforma, p.e, o cobre em produtos de grande valor acrescentado no mercado; ou então falemos da indústria automóvel, que exporta quantidades bíblicas de Mercedes para os EUA. E é por acaso que isto acontece, meus amigos? Não, não é. Tiveram e têm uma grande visão para o seu país e sabem aquilo que realmente querem. Só isso.

Mas não me venham com ilusões. Uma breve palavra como «flexibilização» é só um eufemismo barato que um ignóbil qualquer usa no parlamento, vamos lá ver, até soa bem.
Como a eutanásia encobre a morte, a flexibilização encobre a degradação das condições dos portugueses como nunca antes se viu. Essa é a verdade. Nua e crua.

Álvaro Machado – 02:26 – 28-03-2015

Tu Fazes Parte: um apelo à participação

22 de Abril de 2012 | Manifestação pela electrificação da linha do Douro | Estação do Marco
Explicar a preponderância da participação cívica activa de cada um torna-se uma tarefa particularmente difícil nos tempos actuais. Talvez por isso tenhamos escolhido a imagem da manifestação pela electrificação da Linha do Douro para ilustrar esta publicação e o apelo que lhe está inerente - não vão as palavras fugir e tal intento sair frustrado. 

Vivemos numa época em que o desemprego jovem é avassalador, em que a credibilidade dos políticos atinge "mínimos históricos", em que a justiça social não é mais do que utopia, em que a desmantelação do sistema nacional de saúde parece ser o caminho a seguir - mas, paradoxalmente, nada disto parece ser justificação suficiente para que, no mínimo, o inconformismo nos mova e nos faça cidadãos mais participativos. Ora, nos tempos que correm, deveria ser fácil tornarmo-nos civicamente activos, propensos para a reflexão, para o debate e consequente confrontação de ideias. Não é isso, contudo, que se verifica: a indiferença e um certo comodismo parecem levar a melhor. 

Apesar de tal diagnóstico, a JS Marco ainda não desistiu. Os jovens socialistas marcoenses prosseguem na sinalização de problemas e fragilidades do concelho e da região, mas não deixam de apontar vias alternativas e de apresentar propostas concretas. Nós, jovens socialistas, também sabemos apontar as virtudes e salientar os êxitos do concelho e da região, porque o que de bom existe deve ser destacado. A JS Marco quer, pois, prosseguir este caminho que tem trilhado, mas não quer, nem pode, fazê-lo isoladamente. Estamos conscientes de que este percurso deverá ser acompanhado de um envolvimento geral dos jovens (e dos menos jovens) e do desenvolvimento de uma consciência crítica, que então depois dê origem a posições vincadas e coerentes. Deste modo, continuamos a acreditar no valor inegável que o contributo de cada um pode ter na construção de uma sociedade mais justa e solidária. Na verdade, é importante que cada um de nós não se demita de ser cidadão e que queira fazer parte da solução.

Este blog que hoje se inaugura pretende ser, então, uma forma (de entre várias possíveis) de contribuir para essa participação cívica activa tão urgente. Este espaço é nosso, mas é também vosso. É de quem quiser fazer parte. 

P.S: Após um prolongado interregno, a JS Marco volta à actividade na blogosfera. Fazemo-lo de uma forma renovada, mas com o mesmo espírito e postura que tentamos sempre imprimir nas nossas acções.