quinta-feira, 28 de março de 2013

Que Sistema Político para o Território e a Cidadania? por Lino Tavares Dias


 
Que Sistema Político para o Território e a Cidadania?
Nós, Cidadãos, em Março de 2013, temos sorte!
Reparem. D. Afonso Henriques pode ter conhecido Tongobriga mas nunca teve o privilégio de ler D. Dinis ou conhecer a fachada do palácio do Fidalgo em Vila Boa de Quires, nem D. Dinis teve o privilégio de ler Camões ou atravessar a Ponte ferroviária D. Maria Pia, nem Camões leu Eça de Queirós e não conheceu Paris como cidade da luz ou a Torre dos Clérigos, nem Eça leu Fernando Pessoa, nem Fernando Pessoa teve o privilégio de ler Vergílio Ferreira, Torga ou Saramago e conhecer a Ponte da Arrábida ou a Igreja de Siza Vieira no Marco.
Nós temos, à nossa disposição, toda esta grandiosa herança. Mas, porque temos este privilégio, também temos responsabilidade acrescida.
Tal responsabilidade obriga-nos a refletir sobre a Capacitação e Sustentabilidade do Território.
Que capacidade cultural tem o nosso território?
Qual o limite da sustentabilidade para o território?
O nosso território está sustentado numa riqueza cultural construída e reconstruída ao longo de milénios.
Recordo o que Adriano, imperador do século II d.C., salientava: “construir é colaborar com a terra” e “reconstruir é colaborar com o tempo”.
Perante a riqueza cultural do território surge, por vezes, a tentação de o gerir como se de um museu se tratasse. É uma mera perspetiva.
Em contrapartida, ignorar, total ou parcialmente, a riqueza intrínseca desse mesmo território também origina desequilíbrios colossais.
Desequilíbrios que têm sido autorizados pela Administração Pública, e que só serão minimizados quando se valorizar a identidade dos territórios, quando forem culturalmente reconhecidos pelas populações e tratados com proximidade pelas administrações.

O Estado produz legislação generalista para todo o País. Depois, as administrações do Estado preocupam-se com quem manda no território. Não se preocupam como mandam no território. São meras leituras administrativas, por vezes com suportes técnicos pouco certificados, de que resultam decisões tomadas por gosto pessoal ou por imposição de influências. Como tal, tais decisões podem variar com os humores e com os ritmos políticos.
Será que o cidadão e as instituições conhecem as regras em que se movimentam?
Neste ambiente administrativo como pode ser reconhecida a inovação e a qualidade?
O território é gerido, a partir de legislações nacionais, por municípios e por órgãos desconcentrados da AP que mais não são que emanações nomeadas e exemplos de “centralismo desconcentrado”.
Para além desta mentalidade crónica da AP de atuar por “subdelegação” sobre todo o território das diferentes regiões, há outras dificuldades práticas na gestão.
Na região norte, por exemplo, o território está dividido em 86 espaços administrativos (ou espaços territoriais) que são geridos por 86 municípios, com abordagens técnicas diferentes e por vezes conceitos distintos.
Perante as propostas dos cidadãos em intervir, normalmente através de propostas de construção e edificação, a AP responde com exigência administrativa na apresentação e nos conteúdos dos projetos. Por vezes seguem-se consultas técnicas, constituindo-se um somatório de pareceres, muitas vezes com dispersão de decisões por diversas instituições.
Por experiência própria confirmo que na gestão do território as decisões não só não são suportadas em análises transdisciplinaridades, como também o procedimento administrativo se sobrepõe ao conteúdo do projeto.
É indispensável que o território seja assumido como suporte de Identidade e de Cidadania e, para isso, não pode ser capturado.
Como salientou Gonçalo Ribeiro Teles “há três elementos fundamentais para os países, incluindo Portugal, se manterem como tal: os lugares, as potencialidades e os recursos que nos dão a Terra-mãe e as suas Gentes”. Havendo estas três condições, há lugar à autenticidade, sinónimo de Identidade. Uma coisa autêntica é aquela que tem passado, que tem alicerces e que tem também um presente que se vê, que se sente, mas que também tem futuro, onde a criação é fundamental.
Qualquer desenvolvimento regional, nomeadamente para a região norte, exige planeamento estratégico plurianual para o seu território. Mas é fundamental que tal planeamento não resulte do somatório de diretivas setoriais do “centralismo centralizado” ou do “centralismo desconcentrado”, mas, em contrapartida, resulte da articulação da economia com a ciência, com a investigação e com as identidades regionais que suportam as nossas paisagens culturais milenares.
Seria fundamental a existência de órgãos regionais transdisciplinares responsáveis pela salvaguarda das identidades dos territórios.
Assumindo que as Comissões de Coordenação, ou Comissões de Coordenação e Desenvolvimento, são órgãos com provas dadas ao longo de décadas, poderia ser aqui que se agregavam os serviços desconcentrados da Administração Pública.
Mas, para além desta mera medida administrativa que, em contrapartida, exigiria solidez e maior representatividade das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, permitindo-lhes a plenitude da coordenação, sinto que é fundamental mudar o ato de decidir, reduzindo a interpretação pessoal sobre mero parecer técnico.
É indispensável qualificar as decisões, reduzir as arbitrariedades e dar garantias de equidade aos Cidadãos.
A minha experiência de cerca de três décadas na gestão de áreas da Cultura, leva-me a identificar a grande dificuldade que existe em “qualificar uma decisão” e em “torná-la ato assumido de cidadania”.
Neste sentido, as regiões deveriam constituir órgãos colegiais, consultivos, vinculativos, com constituições transdisciplinares que reunissem membros da Administração Pública setorial, membros das Universidades e dos Politécnicos, representantes dos Municípios e das economias regionais.
Desta forma participada, técnica e cientificamente suportada, poderíamos falar de decisões estratégicas, ao contrário do que atualmente acontece muitas vezes, em que as decisões resultam de mero gosto pessoal, teimosia ou convicção de qualquer diretor geral.
Podem ter a certeza de que o nosso território “reconhecerá e agradecerá” todos os cuidados que lhe prestemos e que permitam garantir-lhe uma maior sustentabilidade e identidade cultural.
Recordo que temos, à nossa disposição, uma grandiosa herança. Mas, porque temos este privilégio, também temos responsabilidade acrescida.
Temos o privilégio de ter território com sustentabilidade cultural, mas tal impõe-nos a obrigação cívica de desafiar as novas gerações.
Será indispensável assumir algumas atitudes. Saliento dez:
1)    Será importante assumir como prioritária a criação e existência de órgãos regionais colegiais, transdisciplinares, estratégicos e técnicos, de consulta obrigatória;
2)    Será importante implementar investigação permanente sobre o território, sobre o património e a paisagem cultural;

3)    Será importante, e indispensável, que a investigação sobre a região seja articulada, através de planos plurianuais de médio e longo prazo, entre as instituições públicas e privadas, as universidades e os politécnicos. Deste modo rentabilizam-se orçamentos e recursos humanos muito qualificados e impõe-se, em concreto, a investigação aplicada e desenvolve- se a partilha cívica com as comunidades;

4)    Será importante inserir a identidade do território nas preocupações quotidianas das crianças, dos jovens e dos adultos, assumindo formação ao longo da vida;

5)    Será importante assumir o património construído como âncora identitária de desenvolvimento regional e não só como mero produto pontual e acabado, usado como peça bonita para mostrar ao turista;

6)    Será importante que os espaços patrimoniais sejam assumidos como oportunidades de investimento, não só para servir o turismo mas também para desenvolver sistemas motivadores de micro economias regionais promotoras da fixação de pessoas e de multiplicação de massas críticas;

7)    Será importante que as tutelas que gerem espaços classificados, se assumam prioritariamente como promotores da manutenção e conservação da paisagem cultural milenar mas, também, como parceiras estratégicas e suportes à criação e ao reuso qualificado dos sítios.

8)    Será importante que as tutelas se preocupem menos com a animação festiva;

9)    Será importante desenvolver estratégias de programação, para retirada de espúrios de forma a corrigir os malefícios que levaram à degradação de espaços urbanos e rurais;

10) Será importante respeitar o território, repensando o investimento megalómano no crescimento da rede urbana e, em contrapartida, assumir a assunção de responsabilidade na requalificação identitária e na reutilização. 

Em síntese, temos que assumir o território como coisa frágil e finita mas também temos que o saber usar de tal modo que até o ócio seja negócio.
 
LINO AUGUSTO TAVARES DIAS

quarta-feira, 27 de março de 2013

Carta aos 19% por Ricardo Araújo Pereira

RAP no seu melhor!

Caro desempregado,

Em nome de Portugal, gostaria de agradecer o teu contributo para o sucesso económico do nosso país. Portugal tem tido um desempenho exemplar, e o ajustamento está a ser muito bem-sucedido, o que não seria possível sem a tua presença permanente na fila para o centro de emprego. Está a ser feito um enorme esforço para que Portugal recupere a confiança dos mercados e, pelos vistos, os mercados só confiam em Portugal se tu não puderes trabalhar. O teu desemprego, embora possa ser ligeiramente desagradável para ti, é medicinal para a nossa economia. Os investidores não apostam no nosso país se souberem que tu arranjaste emprego. Preferem emprestar dinheiro a pessoas desempregadas.

Antigamente, estávamos todos a viver acima das nossas possibilidades. Agora estamos só a viver, o que aparentemente continua a estar acima das nossas possibilidades. Começamos a perceber que as nossas necessidades estão acima das nossas possibilidades. A tua necessidade de arranjar um emprego está muito acima das tuas possibilidades. É possível que a tua necessidade de comer também esteja. Tens de pagar impostos acima das tuas possibilidades para poderes viver abaixo das tuas necessidades. Viver mal é caríssimo.

Não estás sozinho. O governo prepara-se para propor rescisões amigáveis a milhares de funcionários públicos. Vais ter companhia. Segundo o primeiro-ministro, as rescisões não são despedimentos, são janelas de oportunidade. O melhor é agasalhares-te bem, porque o governo tem aberto tantas janelas de oportunidade que se torna difícil evitar as correntes de ar de oportunidade. Há quem sinta a tentação de se abeirar de uma destas janelas de oportunidade e de se atirar cá para baixo. É mal pensado. Temos uma dívida enorme para pagar, e a melhor maneira de conseguir pagá-la é impedir que um quinto dos trabalhadores possa produzir. Aceita a tua função neste processo e não esperneies.

Tem calma. E não te preocupes. O teu desemprego está dentro das previsões do governo. Que diabo, isso tem de te tranquilizar de algum modo. Felizmente, a tua miséria não apanhou ninguém de surpresa, o que é excelente. A miséria previsível é a preferida de toda a gente. Repara como o governo te preparou para a crise. Se acontecer a Portugal o mesmo que ao Chipre, é deixá-los ir à tua conta bancária confiscar uma parcela dos teus depósitos. Já não tens lá nada para ser confiscado. Podes ficar tranquilo. E não tens nada que agradecer.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Divagando... pela Inércia Presidencial


 
Numa das minhas divagações, dei comigo a questionar o mais alto representante da Nação, sua Ex.cia o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
Que mais será preciso, Senhor Presidente da República, para que V.Excia tome a decisão mais acertada da sua vida política, a demissão imediata, porque já tardia, deste des(governo) de incompetentes, de mentirosos compulsivos, chefiados por um carreirista da política social-democrata (pessoalmente tenho aversão a esta espécime de indivíduos, que nunca souberam o  que foi trabalhar) e que, no limite, não me causa qualquer desconforto, apelidaria como o novo Miguel de Vasconcelos da nossa História Pátria.
A sua rígida e total vassalagem às directrizes da poderosa “monarca” alemã, a chanceler Angela Merkel e a cega obediência aos ditames dos defensores dum capitalismo selvagem, por interpostas agências de rating, é a maior manifestação da sua completa falta de patriotismo.
A notória perda de soberania pós -  memorando e consequente resgaste financeiro, não foram estímulo suficiente para se rodear de gente capaz de fazer a melhor defesa dos nossos interesses.
A cabal prova disso mesmo, é atual ministro das finanças, considerado por muitos como um técnico conceituado, mas que dia a dia, mais se revela como um autêntico logro.
Quando se falham e erram previsões financeiras e não só, repetidamente, umas atrás de outras, quando se anunciam e se aplicam gravosas medidas de austeridade aos cidadãos, impondo-lhes os maiores sacrifícios, medidas que afetam a nossa economia de modo tão irresponsável (falências diárias de empresas, taxa de desemprego a crescer e a atingir números nunca antes atingidos) e aos pensionistas depois duma vida inteira de trabalho se negam direitos constitucionais, quando se cortam direitos adquiridos na Saúde, na Escola Pública, na Acção Social, sem que desses sacrifícios o país real obtenha resultados, questiono, Senhor Presidente da República, que mais precisa V.Excia para exercer o poder que a sua magistratura lhe confere, o poder de demitir o governo mais incompetente que os Portugueses algum dia conheceram?
Como sempre os nossos licenciados na Universidade da Vida na sua proverbial sabedoria têm razão ao proferir que, “Atrás de mim virá quem bem de mim falará”.
A cassete da culpabilização de Sócrates está gasta, senhores laranjas, limitem-se a fazer os vossos atos de contrição e penitenciem-se pelos vossos votos. Têm no próximo ato eleitoral a possibilidade de o fazer.

Um abraço a todos
João Valdoleiros

sexta-feira, 15 de março de 2013

Incompetência vergonhosa

Não tenho qualquer apetite de escrever acerca deste assunto, como tal serei conciso quanto ao que penso:
 
1. O GOVERNO ERROU EM 130% A PREVISÃO DA DIMENSÃO DA RECESSÃO PARA 2013 EM APENAS 3 MESES. Expliquem-me a validade deste governo por favor.
 
2. O GOVERNO ERROU EM APROXIMADAMENTE 25% A PREVISÃO DO DÉFICE ORÇAMENTAL PARA 2012. Expliquem-me qual a validade deste governo por favor.
 
3. O GOVERNO APRESENTA UMA TAXA DE DESEMPREGO DE 19% PELO FINAL DO ANO DE 2013. Projeção completamente infundada e, pior que isso, sem qualquer solução apresentada para o problema. Expliquem-me por favor a validade deste governo.
 
4. O GOVERNO FOI ELEITO COM UM PROGRAMA POLÍTICO NOS ANTÍPODAS DO QUE TEM SIDO A SUA AÇÃO. Expliquem-me por favor qual a validade deste governo.
 
5. O GOVERNO PROTEGE E SEGURA MIGUEL RELVAS. Expliquem-me a validade deste governo por favor.
 
6. ...
 
Ou muito ignorante sou ou muita margem política têm estes senhores... A política, muito frequentemente, enoja-me. Imenso. Pior de tudo?! Do outro lado da barricada não há propostas, há vazio, há retórica imaterial, há discurso inócuo, há palavras gastas... Ideias, projetos, visões... Onde andarão? Entre uma classe política que muito me envergonha e uma sociedade civil que muito crítica e nada faz... Está, algures, uma nação. Um coletivo de pessoas. Um espaço comum. Uma memória. Uma identidade...
Desculpem-me a expresão, mas só isto me ocorrer: Estamos entregues à bicharada. Pronto, lá se foi o políticamente correto!

quinta-feira, 14 de março de 2013

Política Avulso - Projetos Avulso

Projetos Avulso
Numa pequena visita pelo site da Camara deparamo-nos com uma panóplia de Projectos futuros, uns já executados outros prontos para execução.
Quem não conhecer a realidade do concelho poderá pensar que estaremos na presença de um executivo com visão de futuro que terá grandes e valiosas obras pensadas, mas após uma pequena pesquisa infelizmente deparei-me com o contrário.
Resumo da pesquisa.
 No decorrer desta pequena visita fiquei com a sensação que o site da câmara se teria tornado num site imobiliário, pois existem alguns projectos privados que estão a ser promovidos com pompa e circunstancia nos projectos de futuro desta autarquia.
 O que é que nós ganhamos com essa promoção?
Porque é que o projecto da Casa de Quintã ou o Projecto Douro - Carrapatelo estão no site e por exemplo a requalificação das Caldas de Canaveses não está?
Outro pormenor que reparei foi a quantidade de escolas que estão previstas para o Marco e curiosamente projectadas pelo mesmo gabinete?
Quem pagou isso, quanto custou, quem foi convidado a dar preço e por fim quem os convidou?
Quanto aos projectos de futuro há três deles que faço questão de falar: Centro Escolar de Fornos,  Centro Escolar de Soalhães e Biblioteca Municipal.
Os poucos conhecimentos de urbanismo que tenho fazem-me pensar se localizar uma escola num dos locais mais movimentados da cidade deverá a melhor solução. Onde estão previstos os estacionamentos para os utilizadores deste espaço? Os pais terão de deixar as crianças a cerca de 100 metros da entrada principal do edifício (no famoso Caminho do Lapoceiro),?Onde estão as vias de acesso a viaturas prioritárias (os bombeiros estão perto, mas mesmo assim existe legislação a cumprir)?
Para este são poucas as questões.
Se o executivo não tem nem nunca teve intenção de fazer esta obra, qual o porquê de comprar um terreno e fazer um projecto a preço de ouro?
Para quando?
Este é um daqueles processos que anda de gaveta em gaveta, mas que alguém se gaba de ter resgatado, mas na prática continua tudo igual.
Será que na biblioteca já existe um Código Civil ou uma Constituição da República Portuguesa atualizado?
Será este o futuro que se avizinha, quero acreditar que algo melhor se avizinha.

quarta-feira, 13 de março de 2013

João Valdoleiros em divagação...


Jean – Claude Juncker, ex - presidente do Eurogrupo em entrevista à conhecida revista alemã “Der Spiegel” revela a sua preocupação e alerta para a possibilidade de novo conflito militar europeu, considerando que as medidas de austeridade implementadas para resolver(?) a crise financeira na Europa, criaram grande e grave instabilidade social em vários países, como a Grécia e a Itália, denunciando mesmo o facto da chanceler alemã Angela  Merkel ter sido recebida em Atenas por manifestantes com o uniforme  das tropas nazis e, em Itália, a campanha eleitoral ter sido demasiadamente anti-alemã e anti-europeia.
Jean-Claude Juncker apesar dos seus receios afirma que, se os líderes da Alemanha, França e Inglaterra unirem as suas vozes, tornarão a voz duma Europa unida, mais forte e certa de demonstrar que não a poderão marginalizar neste processo de resolução da crise, mas, e aqui é que a porca torce o rabo, opina que o caminho a seguir será sempre o da via da austeridade, mesmo se considerado impopular e tão contestado.
Afirma mesmo, que quem governa não deverá temer não ser reeleito pelo facto de manter essas medidas duma austeridade gravosa, prenhe da maior insensibilidade social.
Em resumo, o Sr. Ex-Presidente do Eurogrupo, Jean – Claude Juncker não se inibe em revelar o seu cinismo e a maior hipocrisia perante o sofrimento de milhares e milhares de famílias europeias (gregas, italianas, portuguesas, espanholas, irlandesas,etc.), que sofrem as agruras da pobreza, da falta de assistência social, de carências nos justos cuidados na saúde, rvelando-se apenas muito preocupado, que os governos desses países cumpram o pagamento atempado das suas dívidas, mesmo que extrapoladas por juros de autênticos usurários, insensíveis a questões, que consideram tão comezinhas, como o respeito pela condição humana, o direito à dignidade de cada um, enfim, o direito de no mínimo sermos considerados cidadãos europeus em pé de igualdade com ele próprio.
Não sei se este senhor, agora primeiro-ministro do Luxemburgo, está ou não preocupado com o futuro do seu país, que como todos sabemos deve muito do seu poder económico ao esforçado trabalho dos emigrantes, onde ressalta uma muito significativa taxa de portugueses.
Não sei se o sr. Jean-Claude Juncker temerá que a teta da vaca seque, que os salários dessa mão de obra acabem equiparados aos nacionais.
O que sei é que pertence à linhagem daqueles que defendem a austeridade, custe o que custar, morra quem morrer e como o outro, goste de se ouvir dizer “ai aguentam, aguentam”, pelo menos até quando os espezinhados não se decidirem vestir os tais uniformes em vez de impunhar o cravo e terminem a julgar os verdadeiros responsáveis por esta crise financeira.
E não me venham com a estafada treta “a culpa é do Sócrates”,pois tanto quanto sei não foi o responsável pela gestão governamental da Islândia, da Irlanda, da Grécia, da Itália, etc., nem o criador dos célebres “produtos tóxicos” que “envenenaram” a banca mundial e nacional, nem o responsável pelas bolhas imobiliárias dos U.S.A. e da Espanha.
Recordo aos tais que aceitam sem esforço intelectual, que o culpado da nossa crise foi o Sócrates, duas ou três pequeninas situações, que os ajudarão a ser, penso, mais esclarecidos e melhor informados.
Não pretendendo ser exaustivo, recordarei que a crise financeira se iniciou em 2008 nos U.S.A. depois da falência dum dos maiores bancos norte-americanos – o Leman Brothers – que arrastou a queda de toda uma série de médios e pequenos bancos, companhias seguradoras, etc.ou seja, uma abalo na economia norte-americana de tal ordem, que ameaçou um novo “crash” da conhecida Wall Street.
Ora, renomados economistas portugueses sempre afirmaram que a dependência da economia europeia e portuguesa era tão grande da americana, que quando esta desse um espirro a europeia apanhava uma gripe e a portuguesa uma pneumonia. Mais coisa, menos coisa, dá para perceber da nossa fragilidade – isto desde sempre, muito antes do tal “criminoso” Sócrates.
Regressando ao que entretanto se passava em nossa casa, avivarei a memória desses tantos, que os orçamentos de estado de 2010 e 2011 apresentados por um governo socialista, minoritário, só foram aprovados na Assembleia da República com os votos favoráveis do P.S.D. – sim, em 2010 e abstenção, em 2011. Relembro também que os tão difamados PEC´s I, II e III foram igualmente aprovados pelo grupo parlamentar do P.S.D. com Passos Coelho à cabeça.
Será que isto não corresponsabiliza Passos Coelho e o seu P.S.D. no estado a que chegaram as finanças públicas?
E alguém se recorda da evolução dos juros dos empréstimos logo após a queda do governo de Sócrates, provocada pelo P.S.D. ao não aprovar o PEC IV?
Em consequência da crise governamental, somente em 3 dias, os juros subiram do valor aproximado de 6% para um valor de 10% , ou seja, quase duplicaram, para além da credibilidade junto das agências de renting ter caído a pique – recordo também, que o “licenciado” Miguel Relvas afirmou quando da queda de Sócrates, que imediatamente os juros iriam DESCER. Depois foi o que se viu.
Uma enorme campanha de desinformação, subscrita pelo sr. Silva de Belém, que quando do discurso de tomada de posse da sua recandidatura, afirmou que a crise era nacional – aos mais distraidos recordo que o tal senhor é economista – para mais tarde com a evolução catastrófica dos resultados da gestão dum governo avalizado por ele, vir afirmar que afinal a crise era europeia e até mundial.
Pobre coerência do mais alto responsável da nação, que passou recentemente por um periodo de reflexão, cujos frutos afinal, se revelaram completamente estéreis, por manifesto comprometimento com a ideologia ultra-liberal, dominante, num governo disposto a desmontar tudo quanto a Democracia de Abril nos trouxe.

Até um dia!
Um abraço a todos
João Valdoleiros

segunda-feira, 11 de março de 2013

Divagando... Passos de Pedro Coelho


Sou um leitor assíduo dum conhecidíssimo blogue “O jumento” e confesso que desta vez vou plagiar a ideia do meu caro Jumento.
Vem isto a propósito de nas minhas divagações sobre tudo quanto decorre neste triste e apagado jardim à beira-mar plantado, na sua cada vez mais conturbada vida política com as conhecidas nefastas consequências sobre a nossa economia, sobre o bem-estar social das famílias, de todos quantos necessitam e pensam contar com o apoio das estruturas da Saúde para cuidarem dos seus males, daqueles inúmeros jovens que esperam encontrar na Escola Pública a realização dum sonho, que pretendem preparar-se para enfrentar o seu futuro profissional com um capital seguro de saber e conhecimento, de outros muitos milhares,que viam na Acção Social a esperança duma velhice tranquila ou dum apoio indispensável em situações de desemprego, enfim, de tantos que foram e continuam a ser iludidos por políticos cuja palavra, verdade, sentido da honra, dignidade, se perdem no emaranhado duma retórica sem respeito pela própria ética.

Assim e para dar ênfase às minhas palavras, transcrevo na íntegra as palavras de Passos Coelho, na circunstância de então, líder do P.S.D.:
“ Se nós temos um Orçamento e não o cumprimos, se dissemos que a despesa devia ser de 100 e ela foi de 300, aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa também têm que ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos e pelas suas acções”
e mais adiante continua Passos Coelho a afirmar, que:
“Não podemos permitir que todos aqueles que estão nas empresas privadas ou que estão no Estado fixem objectivos e não os cumpram. Sempre que se falham os objectivos, sempre que a execução do Orçamento derrapa, sempre que arranjamos buracos financeiros onde deviamos estar a criar excedentes de poupança, aquilo que se passa é que há mais pessoas que vão para o desemprego e a economia afunda-se”

E prossegue na sua retórica enganadora
“não se pode permitir que os responsáveis pelos maus resultados andem sempre de espinha direita, como se não fosse nada com eles”
E acaba questionando os presentes num jantar em Viana do Castelo organizado pelo P.S.D. :
“Quem impõe tantos sacrifícios às pessoas e não cumpre, merece ou não merece ser responsabilizado civil e criminalmente pelos seus actos?”
Palavras bem actuais proferidas pelo 1º Ministro Passos Coelho, num jantar em Viana do Castelo, perante os seus acólitos e publicadas pelo jornal “O Público” de 06/11/2010.
Nem me valerá a pena perder tempo a comentá-las, tal o arrepio à justiça e o ataque desmiolado à integridade dos seus opositores políticos.
Quem diria que Passos Coelho na altura se limitava a interpretar ao seu modo um qualquer oráculo laranja.

Um abraço a todos
João Valdoleiros

quarta-feira, 6 de março de 2013

Divagações por João Valdoleiros




O Presidente da República deveria ser, mas prima por não querer ser o garante dos princípios e direitos constitucionais dos cidadãos, já que  jurou defender a Constituição da República. Parece mais interessado, e ele lá saberá porquê, em demonstrar exatamente e constantemente o contrário, com o seu ruidoso silêncio.
Em consequência de tal, ocorre-me a ideia, que sua Ex.cia possa ter sido sequestrado (ideologicamente, pelo menos), coisa preocupante sem dúvida. Diria até, fora de todas as especulações possíveis à volta do seu mutismo, dado o temperamento sereno, pacífico, do nosso bom povo lusitano, incapaz de se revoltar para cuidar e exigir os seus direitos constitucionais, mas antes e sempre disposto a revelar o seu masoquismo.
Os mass-média deram à estampa, que 90% dos guarda-costas da P.S.P., se encontram ao serviço de suas Ex.cias os ministros e outros governantes deste “jardim plantado à beira-mar”, garantindo-lhes a plena integridade física, 24 horas sobre 24 horas. E por acréscimo, um sono de justos.
Ora, tal decisão, com toda a certeza saída dum cérebro tão tortuoso, como engenhoso dum tal Relvas (Macedo, parece-me bem menos timorato e apenas uma figura de retórica) só revela, até nisto, a mais completa incongruência. Ou seja, não diz “a cara com a careta”.
Obviamente, que me refiro à bravata, que um tal Relvas teve ao “atropelar” a música e a letra da canção de Zeca Afonso, “Grandola, vila morena”, talvez o maior símbolo da nossa libertação dum regime ditatorial iníquo e desumano.
Percebemos, agora, donde lhe veio a “coragem”, afinal paga pelos dinheiros de todos nós.
Deixo aqui, ao licenciado Relvas a letra da canção de Zeca Afonso, para que possa pedir os devidos “créditos” à universidade do Zé Povo.

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ò cidade

Dentro de ti,ò cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola,vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola,vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade

Grândola, a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade

terça-feira, 5 de março de 2013

Que futuro queremos para o Marco?


Este continuará a ser um ano agitado, não só a nível nacional, mas também local. Até finais de Setembro, as eleições autárquicas voltarão a trazer-nos a uma realidade mais próxima, que, embora nunca esquecida, tem sido deixada um pouco mais de parte devido à realidade nacional.

O desafio que enfrentamos no Marco de Canaveses é deveras importante e merece uma avaliação profunda. Já lá vão quase oito anos de governação de Manuel Moreira e, por isso, é necessário que dispensemos algum tempo para fazermos um pequeno mas central raciocínio: o que mudou nos dois últimos mandatos autárquicos no Marco e o que poderia ter mudado?

Antes de mais, é importante recordar o que somos: Temos uma das mais baixas coberturas das redes de água e saneamento do país; temos uma rede de transportes públicos que tem vindo a ser profundamente e continuamente prejudicada, colocando em causa a mobilidade da população; não temos um documento orientador da estratégia territorial actualizado (PDM), que tem provocado um desregulado e, muitas das vezes, ilegal crescimento urbano; assistimos a uma tendência assustadoramente crescente da taxa de desemprego, que já está entre as mais altas da região Norte; emigração crescente de jovens num concelho sem uma verdadeira política para a juventude; incapacidade de potenciar uma dinâmica de turismo sustentável que valorize o património natural e arquitectónico do território; incapacidade de atracção de investimento económico; enfraquecimento e perda de valências no sector da saúde; aposta tímida na educação.

Obviamente, a herança deixada por anteriores executivos condicionou muito a acção do actual presidente da câmara, mas esta não pode ser a eterna "desculpa" de Manuel Moreira. Muito se pode fazer com pouco dinheiro. A principal incapacidade do actual executivo parece ser a ausência de vontade em traçar um futuro, um plano a longo prazo para o Marco. A estratégia tem vindo a ser "ir vivendo", mas os marcoenses pedem mais do que isso: é necessário pensar, idealizar e traçar uma visão estratégica. Não chega elaborar projectos irrealistas para apresentar nos momentos eleitorais e depois tudo cair num saco sem fundo, como tem acontecido até aqui: são exemplos a prometida renovação da biblioteca municipal, a construção do centro cultural da Casa dos Arcos ou do parque fluvial de Alpendorada, a requalificação da zona ribeirinha do Torrão ou os projectos para a Casa de Quintã e para o Carrapatelo.

Não. Não queremos projectos populistas para os quais nem sequer se prevê financiamento. Não queremos o discurso demagogo dos últimos anos. Queremos, sim, novas ideias, novas formas de fazer política, mais atenção às pessoas, uma política de proximidade, de sentido comunitário.

Por estes e muitos mais motivos, é urgente que os marcoenses reflictam acerca do que desejam para um futuro próximo. As autárquicas podem marcar um ponto de viragem no rumo do Marco de Canaveses e esse momento depende de todos e de cada um de nós. Daqui a pouco mais de meio ano, seremos chamados a decidir. 

Lino Tavares Dias é o convidado do mês no espaço + Opinião

Em Março, mês que anuncia a primavera, o nosso espaço + Opinião continua. Poderás continuar a ler as crónicas de João Valdoleiros, Bruno Caetano e José Vieira nos seus espaços habituais e, desta feita, poderás ficar a conhecer um pouco mais do pensamento de Lino Tavares Dias. O professor Lino Tavares Dias é doutorado em Arqueologia, professor universitário e até bem recentemente era o diretor da Estação Arqueológica do Freixo, local onde desempenhou funções profissionais diversas ao longo dos últimos 30 anos. Atualmente, como muitos já deverão saber, figura-se como candidato não filiado (ou independente) do PS Marco à presidência da Câmara Municipal do Marco de Canaveses.
 
Boas leituras!
 

sexta-feira, 1 de março de 2013

Apaixona-te pela JS - Fotos














Apaixona-te pela JS


Decorreu na noite do passado dia 15 de Fevereiro, sábado, a segunda edição da iniciativa “Apaixona-te pela JS”, levada a cabo pela estrutura concelhia do Marco Canaveses da Juventude Socialista (JS Marco). Foram cerca de duas dezenas os elementos da JS Marco que procuraram de uma forma animada e positiva sensibilizar os jovens marcoenses para a necessidade de se apaixonarem pela sua rua, pela sua freguesia, pelo seu concelho e pela intervenção e exercício da cidadania enquanto elementos de uma comunidade que tem muito a ganhar com os contributos de todos os seus membros.

Os jovens socialistas marcoenses aludiram à efemeride do Dia de São Valentim – Dia dos Namorados – para procurar desenvolver uma mensagem de paixão e envolvimento na vida ativa na sociedade marcoense. A JS Marco apelou, deste modo, ao lado sentimental dos jovens marcoenses para que estes contribuam para a construção de um município mais atrativo e acolhedor dos mesmos. Nesse sentido a JS Marco distribuiu panfletos em forma de coração, dando a conhecer o trabalho que tem vindo a desenvolver ao longo dos últimos meses no contexto marcoense. Como a paixão deve ser uma constante mas a saúde não pode nunca ser esquecida, a JS Marco distribuiu, em conjunto com os corações, preservativos, apelando à paixão intensa mas segura.

“Após o excelente feedback da edição anterior decidimos voltar a concretizar esta iniciativa, concretizando assim mais uma atividade desta estrutura concelhia que respira, atualmente, dinamismo e vivacidade. Adicionamos este ano o fator “saúde” à iniciativa e distribuimos também preservativos, procurando passar uma mensagem de paixão pelo Marco Canaveses mas também pelos marcoenses, valorizando a prática segura de relações sexuais. Tal como no anterior ano, a recetividade dos jovens foi excelente, acolhendo com muita abertura a iniciativa e tendo, inclusivamente, participado através do contributo com propostas/opiniões/críticas em torno da realidade marcoense. Estes contributos permitirão enriquecer mais ainda as propostas e iniciativas a desenvolver futuramente pela JS Marco pois procuraremos incorporar nas últimas as visões e opiniões dos jovens marcoenses. Esta iniciativa, tal como outras anteriores e algumas vindouras já em preparação dão corpo a uma estratégia de aproximação e desmistificação das estruturas políticas aos cidadãos, procurando demonstrar que o real propósito destas é servir os cidadãos marcoenses (neste caso) e não o inverso” afirmou Miguel Carneiro.
Em breve mais fotos serão publicadas.