segunda-feira, 23 de abril de 2012

Sou nómada e basta-me, 25 dias, 25 poemas





O poema de hoje é da autoria de Casimiro de Brito.
Este poema, recolhido de uma bela antologia, demonstra uma passividade e indiferença perante a realidade.
Todavia, é nessa indiferença que reside a ironia.
A ironia reside na luta.
A luta reside na esperança.
A Esperança brota o Futuro.,


Sou nómada e basta-me
Beber a água que vem da montanha
E olhar a mica do céu onde se reflectem
As mutações da Coisa — o pó
Que nela pousa. A teia do conhecimento
Está podre e não vou
Deitar-me nela. Escrevo porque sou um arco
Que vai acumulando alguns restos
Alguma dor algum vento perfumado
E subitamente dispara. Cinza. Palavras
Que não têm deuses nem brilho nem nada.

Sem comentários :

Enviar um comentário

Obrigada por partilhares a tua opinião connosco!