domingo, 15 de abril de 2012

Terra (7), 25 dias, 25 poemas



O poema de hoje é da autoria de Fernando Namora, fazendo parte da Obra intitutalada Terra, sendo este o poema número 7.
Fernando Namora fez parte da Geração de 40, geração de Carlos de Oliveira e de outros autores de cariz Neo-Realista, presentes no Novo Cancioneiro, já preteritamente mencionado.

Onde ficava o mundo?
Só pinhais, matos, charnecas e milho
para a fome dos olhos.
Para lá da serra, o azul de outra serra e outra serra ainda.
E o mar? E a cidade? E os rios?
Caminhos de pedra, sulcados, curtos e estreitos,
onde chiam carros de bois e há poças de chuva.
Onde ficava o mundo?
Nem a alma sabia julgar.
Mas vieram engenheiros e máquinas estranhas.
Em cada dia o povo abraçava um outro povo.
E hoje a terra é livre e fácil como o céu das aves:
a estrada branca e menina é uma serpente ondulada
e dela nasce a sede da fuga como as águas dum rio.

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