quinta-feira, 19 de abril de 2012

O Mar, 25 dias, 25 poemas



O poema de hoje é da autoria de Francisco José Tenreiro.

Com efeito, este poeta nasceu em São Tomé e Príncipe e lá faleceu ainda bastante jovem.

Apesar de não ser um poeta muito conhecido entre os portugueses, Francisco José Tenreiro exaltou a sua raça, a raça dos Negros, o povo do exótico, dos frutos tropicais, do calor e do mar.

Não nos podemos esquecer que este poeta viveu num período em que nos Estados Unidos e na França os negros se começava a lutar pelos direitos dos negros, promovendo a Igualdade e a Justiça.

Assim, o poema que vos deixamos tem como temática não só o mar, mas também o branco e a sua presença (nefasta) em África , assim como breves e subtis referências à Guerra Colonial que prevaleceu por mais de 12 anos, daí a crítica sujacente a Salazar e ao Estado Novo.

Enfim, é um poeta da negritude, mas também um poeta da paz.

É certo que não é de naturalidade portuguesa, mas os temas presentes no poema e a língua lusa que ele veleja com mestria não o fazem da mesma pátria que a nossa?


A voz branca que está no mato
perde-se na imensidão do mar.
Lá vai!
O sol bem alto
é uma atrapalhação de cor.
-Abacaxi safo nona
carregozinho do barco!...


Um tubarão passando
é um risco de frescura.
Lá vai!


O barco deslizando
só com a vontade livre e certa do negro
lá vai!

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