quinta-feira, 8 de setembro de 2011

PASSADO E PRESENTE DO PORTUGAL EUROPEU


1ª Parte


 A construção do projecto europeísta foi um passo decisivo para a afirmação e manutenção do poderio económico-social dos países europeus. Portugal neste momento se não estivesse integrado na CEE seria fortemente derrotado pelos mercados internacionais e as hipóteses de salvamento seriam escassas.
  Hoje, denota-se que a Europa não tinha um plano de emergência caso o barco corresse o risco de se afundar e o BCE não passava de um regulador antitético que regulava os capitais que circulavam entre os diversos estados. Porventura ainda continua por se realizar um projecto Europeu consciente, tal como o capitalismo que precisa de ser alterado porque atingiu o seu fim de prazo.
   Angela Merkel e Sarkozy tornaram-se um casal por conveniência, e os outros países não tenham ciúmes do par, porque eles estão numa situação abruptamente má. No futuro próximo os dois poderão vir a ser apelidados de heróis da Europa ou pelo contrário, saírem fortemente derrotados nas eleições dos seus países. Uma realidade, duas opções. - É isto que eles entendem ser o fado incontornável das suas vidas. Ele, Sarkozy, tem Paris, como a cidade do amor; enquanto ela, Merkel tem do seu lado a persistência.     
  Infelizmente não podem fazer uma lua-de-mel hollywodesca porque os mercados bolsistas não o permitem. Eis o real cenário: O Rio Sena é as lágrimas de Portugal, Irlanda e Grécia e a cidade das luzes foi substituída pelos olhares atentos dos Europeus esperançados na salvação de uma Europa adiada.

  Portugal assiste confuso à possível retirada da moeda única, contudo esta situação nunca acontecerá, para já num futuro próximo a cinco anos. Neste momento a retirada do Euro seria mais custosa do que o financiamento de Portugal, Grécia e Irlanda. Sair do euro custaria 11.500 euros a cada português no primeiro ano o que equivale a sensivelmente 40% a 50% do PIB. Neste caso o doente não morria da doença mas da cura. Verifica-se que esta ideia não passa de uma carga de nostalgia por parte de alguns mais conservadores. A culpa não é do EURO, e isto deve ser devidamente esclarecido, a culpa é da forma como Portugal investiu os dinheiros públicos no seu território e da forma como o projecto Europeu foi criado.
  No passado os investimentos da FEDER maioritariamente foram desaproveitados e descabidamente não eram regulados. As verbas comunitárias foram desgastadas em projectos que não tinham nada de Europeus. A agricultura foi estigmatizada, os agricultores do Alentejo e de Trás-os-Montes recebiam dinheiro para não trabalharem na agricultura, o país deitou ao abandono regiões produtivas. Enquanto no sector das pescas o descalabro é ainda maior, com as medidas milagreiras e romancistas aplicadas por Cavaco Silva quando era primeiro-ministro. Portugal tornou-se ainda mais frágil e dependente da Europa e vemo-nos obrigados a importar os produtos alimentares.
   Ser agricultor tornou-se estigmatizante, ser pescador é remediar a vida; os jovens têm de voltar a apostar na agricultura e pesca e na geração de riqueza que a área lhes deverá permitir e abolir o pensamento redundante e retrógrada de querer-mos à força um país industrializado (Projecto Europeu para Portugal). Senão vejamos Portugal não é Agrícola nem Industrializado, mas sim vive do sector terciário, isto é dos serviços.  
   Na área territorial as aldeias foram abandonadas e as que resistiram copiaram os piores erros das cidades, o planeamento do território é uma vergonha, a maioria dos troços de estradas foram mal projectados e substituíram o Portugal transversal para o Portugal longitudinal (litoral), afectando as regiões do interior. Os projectos não eram pensados, maturados, e nasciam como cogumelos nas empresas construtoras. Por isso muitas estradas num dia eram inauguradas e num ano após verificava-se que não tinham a performance necessária que lhe era exigida pelas regiões.
  Hoje as SCUT são portajadas, e não tenho a menor dúvida que estamos a pagar os erros de termos criado estradas que não eram eficientes. A realidade é a seguinte: o país tem mais quilómetros de asfalto de toda a Europa, porque muitas estradas eram desnecessárias se outras fossem bem projectadas. O excesso deve-se à falta de planeamento.
  Contudo o futuro não é incerto se os portugueses se mobilizarem, a movimentação das vozes do povo são um exercício de cidadania que demonstra que a sociedade também quer intervir na vida da Pólis. O que aconteceu em Espanha, com os jovens a irem para as praças e fazerem colóquios públicos, fê-los crescer enquanto cidadãos. As pessoas devem dar as suas ideias e é de condenar pela juventude socialista, e pelas outras jotas partidárias a abstenção que aumentou nas últimas eleições, isso sim é um real problema. Agora dar o poder às pessoas de intervirem directamente na política é de aplaudir. O governo também é as pessoas, as PM´S, as escolas, sindicatos, entre outros.
   Passos Coelho ainda neste início de semana foi infeliz ao dizer que existem interlocutores que “Querem incendiar as ruas”, isto é negativo para o governo, na sua maioria a sociedade descredibiliza a classe política, contudo os partidos devem demonstrar que estão atentos às suas queixas. O primeiro-ministro deveria apelar às ideias do povo português, apelar à sua união para encherem as praças com ideias, com projectos.
  Com as afirmações de Pedro Passos Coelho a sensação que ele transmite é que a política parece ser feita dentro dos gabinetes num clima de tecnicismo avassalador e isso é extremamente injusto. Por exemplo o Ministro da economia lançou o projecto de “visitar as empresas à sexta-feira”, isto é um clima de rotulagem, o anterior governo nesta medida era menos burocrático e mais realista, não se privava de agenda. 
   Em conclusão o futuro do país é próspero, não tenho dúvidas disso, apenas deverá atentamente atender aos erros que cometeu e corrigi-los, com a real intervenção de toda a sociedade, só esta medida bastaria.

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