terça-feira, 13 de setembro de 2011

O icónico Springsteen

Is it a gun, is it a knife
Is it a wallet, this is your life
It ain't no secret
It ain't no secret
No secret my friend
You can get killed just for living
In your American skin
 
      A data 11 de Setembro terá significados variados para muitos conterrâneos planetários mas, provavelmente, nenhum desses significados se aproximará do significado desta data para aqueles que testemunharam os atentados decorridos em Nova Iorque no ano de 2001. Esta é, sem sombra de dúvida, uma data com significado assombroso e aterrador para uma enorme fatia da população mundial. Mais ainda para quem sofreu na pele com estes acontecimentos perpetrados contra toda a Humanidade.
       Deambulando pelos diversos documentários, filmes ou trabalhos jornalísticos relativos a esta monstruosidade dei por mim a ir à minha videoteca em busca de um DVD em particular: Bruce Springsteen and The E Street Band Live in New York City. Queria uma faixa em específico: American Skin (41 Shots) e uma informação em particular: data dos concertos. Verifiquei que decorreram nos dias 29 Junho e 1 Julho de 2000.

      Esta é, no meu ver, uma poderosa música do Boss, de conteúdo sublime cuja interpretação ao vivo consegue SEMPRE (e já não foram poucas as vezes que as escutei: centenas...) abalar-me as fundações e despertar-me os sentidos. Esta música surgiu-me devido à sua letra (à parte do American Skin que se pode aplicar a qualquer nação) e à força inerente a ela. Um texto que "se levanta do chão", cresce do nada. Descreve com enorme fulgor o ser humano mas também a sua fragilidade. Ocorre-me dizer que esta música (e este artista) é um hino à tragédia do 11 de Setembro de 2001!! Desenganem-se se pensam que esta música se refere aos atentados terroristas: é inspirada na morte a tiro de um emigrante Guineense de 23 anos, Amadou Diallo, por parte de 4 polícias da cidade de Nova Iorque que dispararam 41 tiros ao jovem desarmado no bairro do Bronx. Não obstante a inspiração inicial (e controversa) desta música penso que o seu conteúdo apela à valorização da vida humana, em qualquer contexto, e à fraternidade que deve existir em todos nós. Para além disso (e como isto é uma opinião pessoal, logo não é necessariamente correcta) esta é a música que me preenche sempre que revejo as imagens dos atentados de 11 de Setembro.
      É evidente que o albúm de Bruce Springsteen que refere, quase de forma aberta e explícita, a temática dos ataques de 11 de Setembro é The Rising. Uma reflexão do Boss sobre os atentados e as suas consequências na sociedade e nos valores dos E.U.A., até então intocáveis. E, tal como o nome sugere, há um forte sentimento de força e carácter humano na massa humana americana, uma crença e um crer que unem o povo (não concordo com as guerras despoletadas) em torno de uma cicatriz indelével no orgulhoso (por vezes em demasia) peito americano. Fica, contudo, a referência à música que, pessoalmente, mais me tilinta nos ouvidos quando recordo a data de 11 de Setembro.
      Queria que este texto se apresentasse não como uma declaração de amor mas, talvez, como uma declaração de princípio. Pessoalmente, vejo no Boss um conjunto de princípios que valorizo e procuro transpor para mim: profissionalismo, ética, responsabilidade, longevidade, qualidade, trabalho e humanismo. Como estrela Rock n' Roll que é nem sempre terá seguido o caminho mais convencional (divórcio à pressa, etc.) mas sempre manteve uma imagem e, muito mais que isso, um conteúdo e qualidade inatacáveis: música excepcional, conteúdo rico (problemas sociais, questões pessoais, activismo, irreverência ou "sangue, suor e lágrimas") e conduta exemplar (num meio constantemente inundado por escândalos).
        Senhor de um percurso singular, pujante e sempre feito a pulso, o Boss deve ser uma inspiração para gerações vindouras, seja em que área da sociedade for. É um dos músicos que mais me impressionou seja pela longevidade (aos 62 anos deu um concerto que partiu tudo em Valhadolid em 2009, incluindo a mim), seja pela qualidade (não são poucos os prémios) ou seja pela força das suas mensagens e das suas músicas (inesquecível Valhadolid 2009).
       Esta foi a forma que encontrei de deixar a minha mensagem pessoal de apoio a todos quantos foram afectados pelos inenarráveis actos de 11 de Setembro de 2001: homenagear um ícone da sociedade americana e dos seus mais nobres valores.

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