quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Produção e consumo da cultura/ formação cultural


 Vieira da Silva e Arpad Szenes



  As áreas culturais são fundamentais para instrumentalizar as pessoas de raciocínios e lógicas de apreensão dos seus territórios e do património. Poderá ser um princípio de suscitar e enriquecer linguagens e competências em defesa de uma cidadania activa.

Faz sentido, em tempo de crise, investir na cultura?

Em primeiro âmbito é necessário haver um entendimento do real significado de cultura, de que serve e a quem se direcciona. Normalmente vê-se as pessoas como consumidores de cultura e não como fundadoras de princípios culturais. A própria sociedade formula determinadas tipologias culturais, imbuída num espírito criador e inventivo. O apoio à cultura é uma condição de liberdade e de garantia de desenvolvimento intelectual, humano e sociológico. Gerir a cultura passa, logicamente, por incutir princípios e formular novos rumos de como ver as áreas criativas e fundamentalmente como ajudar a produzi-las.
   Num contexto eficiente os cidadãos são seres, por natureza, propiciadores de hábitos culturais e empreendedores chamados a intervir perante a promoção de projectos de cariz artístico.
 Investir em cultura é completamente necessário, pois faz parte da aprendizagem e enriquecimento sociológico do indivíduo.



Qual é a missão dos espaços culturais? (auditórios municipais, teatro nacional, teatros municipais, museus, cooperativas, escolas artísticas)
  
  Em principio é preciso reconhecer qual é a missão dos espaços culturais, verificar a tipologia de projectos, a sua articulação entre entidades e qual a sua proeminente actividade perante os territórios, instaladores de núcleos efervescentes de criação de arte. Os equipamentos culturais deverão ser formulados perante os serviços públicos, abertos e disponíveis a receberem projectos inventivos e críticos em adequação com as realidades locais.
  Os lugares de criação artística não deverão encerrar em si pólos geracionais de vida artística, mas complementarem a estratégia do investimento no florescimento das indústrias criativas. Os teatros, dependentes da sua envergadura, são instauradores de actividade “extra- portas” que contagiam as cidades, vilas e aldeias de forma a introduzirem uma escala territorial de actuação mais extensa. A descentralização da produção artística de certa forma passa em como repartir os subsídios estatais, e haver um reconhecimento efectivado de estender a criação artística ao país.

Política de subsídios nas áreas culturais
  
  O subsídio é promotor de integração, desenvolvimento e nascimento de organismos, com o intuito de fomentar o claro desenvolvimento e valorização consciente de actividade cultural. Contudo existe um claro desconhecimento e desintegração de significado, perante as políticas de subsídio que se praticam na actualidade. Normalmente, a sociedade revê nos subsídios formas de retrocesso, isto é, a ajuda financeira em si representa uma forma de dependência das fundações perante o estado. De ressalvar que o fomento de projectos valorativos da arte são fundamentais para patrocinar toda uma interactividade entre, promotores, criadores e consumidores. Claro que os subsídios estatais não são formas já de si encerradas e finitas, pois a política de mecenatismo e sustentabilidade dos espectáculos (custo de bilheteira) deverão ser integrados no financiamento dos custos. Obviamente que a actividade cultural sem apoios estatal não resistiria, pelo menos não existia um nível de qualidade e exigência necessário para o país. O estado é o principal responsável por instalar princípios integradores de actividades culturais, no que, não se pode descartar o seu papel. Dever-se-á perceber que o estado necessita das fundações, instituições de ensino artístico, entre outros, para promoverem em parceria o florescimento cultural.
  Promover o mecenatismo é uma forma corajosa de reaver ao património imaterial uma vitalidade e aposta firme no desenvolvimento de espectáculos, exposições, peças de teatro entre outras.
   Por exemplo a média de idades para atribuição de subsídios a realizadores de cinema era de 51 anos, a promoção da cultura deverá promover a novas gerações e reconhecer um leque mais amplo e variado de opções. A cultura é um motor humano, social, artístico essencial para manter a evolução do património imaterial. 

 As garantias sociais para os novos criadores

  Actualmente os novos criadores deparam-se com grandes dificuldades, no que se trata de protecção social, o papel dos criadores é fundamental para se construir um novo modelo de culturalização do país. Algumas companhias e instituições tornaram os trabalhadores precários. Não é sustentável ter jovens em situações dolorosas e nada sustentáveis. Apoiar a rentabilidade dos projectos, tendo em conta a sua qualidade, agregando princípios genéricos de compra e venda de arte é decisivo para assegurar uma lógica de florescimento artístico Note-se que o trabalho de arte não é formulado com o princípio de venda, mas deve-se ter em conta a forma a habituar as pessoas às questões culturais. Actualmente não existe apoio para o investimento de novos públicos, e os meios audiovisuais deverão ser “educados” com o princípio de incutir a culturalização para que haja uma efectiva “criação” de públicos, é essencial haver um incentivo aos serviços pedagógicos.






Igreja de Santa Maria de Sobretâmega, Marco de Canaveses




  Marco de Canaveses tem um património arquitectónico primordial para iniciar um princípio de incutir os diferentes códigos culturais e artísticos. A rota do românico, onde a igreja de Santo Isidoro se insere como património nacional, é um aspecto de valorização cultural proeminentemente profícuo para o investimento no sector das indústrias criativas, mais até do que na área do turismo. A escala marcoense deverá reconhecer que levar as suas populações ao contacto com projectos de arte, inicia um ciclo de adequação e reconhecimento do território que por sua vez vai suscitar interesse cultural e introduzir arquétipos valorativos contemporâneos. O envolvimento com as populações, bairros, comunidades inscreve em si uma lógica de incentivar a capacidade de leitura dos nossos territórios e seu reconhecimento. O nosso museu municipal, de si, inscreve uma escala diminuta em termos de edificado, mas isso não encerra a tipologia de investimento cultural. Pois o museu poderá ser o próprio território de vivências. O artesanato, os costumes, o folclore são fórmulas para se preencher projectos inovadores e com a capacidade de aliar o passado à contemporaneidade. O folclore não deverá situar-se apenas numa actuação, numa qualquer freguesia do concelho, mas deverá ele mesmo viver do futuro e não deverá ser entendido como uma peça de museu, mas uma peça de instrução cultural, viva, consciente e activa. A formulação de um discurso criativo é mais do que necessário para instaurar no concelho um real conhecimento da feitura de arte. O espaço de arte do Museu municipal, vive sem o seu público, vivendo encerrado para si mesmo. Desta forma, ao cunharmos um lugar de “espaço arte” é redutor. O próprio concelho é um lugar artístico, receptivo e catalisador, de novos projectos geracionais e geradores de cultura.

Bibliografia:
Links das imagens_
imagem 1 http://acoisadascoisas.wordpress.com/page/2/
imagem 2 http://www.feriasemportugal.pt/galerias/?cat=158&regiao=1&distrito=168&concelho=

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