quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

“Política(s)” de Mecenatismo

Binómio Público/Privado- para um investimento sustentável



   Durante os próximos tempos farei um relato acerca do sector cultural Português, realçando uma tríade: -O que foi a cultura Portuguesa? -O que é? -O que (poderá) ser? Começando por debater a política do mecenatismo, de seguida o real investimento público no sector e por fim o valor estratégico da cultura num momento de crise económica.

     A actividade cultural é um sector de investimentos directos e indirectos, ora públicos e/ou privados. No ano de 2011 assistiu-se a uma medida drástica, o fim do ministério da cultura e de forma gradual fala-se numa diminuição de investimento na área. Existindo sempre, casos excepcionais, refiro-me a Guimarães-capital Europeia da Cultura, um centro de promoção, consumo e fomento das (actividades) artísticas.
   Falar de mecenatismo é necessário recorrer ao renascimento, a um período onde decorre o inicio da individualização dos artistas que adveio até aos dias de hoje. Um momento de patrocínio da arte que extrapolou para toda a sociedade. Hoje Portugal não cultiva o mecenatismo, não por culpa das diversas instituições, mas não existirá obviamente sensibilidade por parte do estado para promover esta tipologia de financimnento completamente viável. A agilização dos sistemas fiscais será fundamental para assegurar um bom investimento cultural. Na Europa existem três tipos de investimento: o apoio público (directo e indirecto); o apoio privado (apoio empresarial, donativos individuais, fundações e rendimentos próprios) e o apoio misto.

O estado é um financiador indirecto, aquando da existência de mecenas? 
    
  -Sim, se cada particular ou empresa for mecenas de uma actividade cultural, estará por um lado a promover a sua imagem. Ver envolvida a Coca-Cola na Experimenta Design, tornou a marca mais próxima do sector comercial pela sua exponencial atractividade, forte aposta no design e sobretudo na revigoração da sua imagem perante o consumidor, fazendo um gasto publicitário indirecto. São casos como estes que catapultam o progresso das iniciativas culturais. Concluindo o estado acaba por ser investidor, não pelo financiamento directo mas indirecto, com a redução dos impostos. Nos EUA o abatimento em sede de IRS, para mecenas, pode ascender aos 100%, em França poderá atingir os 90%. Esta aposta significativa leva às empresas a investirem em museus internacionais como o Museu do Louvre, em París ou o Moma, em Nova Iorque. Só nos Estados Unidos por cada 10  euros no investimento cultural, 9 euros advêm de mecenas particulares.
  O MUNDO CULTURAL + MUNDO DA ECONOMIA deverá ser uma forma de sustentabilizar ambos os sectores. Contudo é necessário haver um sério cuidado no que toca ao sector artístico, pois a arte nunca poderá ver limitada a sua criação cultural pelos Sponsors. 
   Outras opções como o mecenatismo tornam-se consideravelmente uma solução apaziguadora de um certo (des) investimento actual.

 Objectivos para o investimento na política de mecenatismo:
1-Financiamento de museus, teatros, preservação patrimonial;
2-Agilidade nos financiamentos das instituições culturais;
3-O Estado deixa de ser investidor directo (menos gastos financeiros estatais).

Prós do mecenatismo:
1-Envolvência de entidades privadas e públicas;
2-Aumento das actividades culturais em número;
3-Revigoração dos sectores empresariais que investem em cultura (empresas mais interactivas).

Contras do mecenatismo: (Depende dos casos práticos)
1- Limitação da criação cultural;
2- Contaminação do sector artístico num processo standardizado;
3- Menor liberdade criativa e inventiva.

Links de referência ao tema:
http://camaraclara.rtp.pt/ (destaque para o programa do dia 26 “Como funcionam os dinheiros para a Cultura?” , com a presença de Pedro Gadanho e António Gomes de Pinho)

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