sábado, 4 de fevereiro de 2012

O que é feito do meu querido capitalismo?

Aqui fica um texto de um dos "progenitores" do Capitalismo moderno! O choque chega mesmo aos seus pais! Não é mais sustentável este seguidismo cego ao dinheiro!



Capitalistas de todo o Mundo. O que é feito do meu querido capitalismo? O desemprego cresce, os protestos sobem de tom, os défices agigantam-se e as virtudes do capitalismo são postas em causa.

Gostaria de partilhar convosco ideias frescas, baseadas em mais de um século de observação, sobre como sustentar este sistema por mais cem anos ou, pelo menos, fazer com que 2012 seja um ano melhor do que 2011.
O capitalismo sempre teve dois defeitos. Por um lado, é forçoso que a exuberância em torno da criação de riqueza gere crescimento insustentável e colapsos inevitáveis. Por outro, a desigualdade daí resultante, em virtude dos menos hábeis ficarem para trás (na maior parte dos casos por razões que lhes são alheias), incapazes de se adaptar ou competir com os países dominantes.
Não existe uma cura simples para estes dois defeitos, mas eis o que eu faria em 2012:
1. Salvar o euro e a União Europeia, a maior união económica do mundo, é essencial para a prosperidade global. Os países grandes que usam o euro devem ser generosos para salvar a moeda única. Se não o fizerem, o sofrimento e os custos serão substancialmente maiores no futuro. Os países mais pequenos e modestos são os que mais irão sofrer se o euro acabar.
2. Resolver o problema da dívida e do défice dos EUA. Para meu grande espanto, a ausência de acordo no seio do "super comité" não assustou os mercados, indiferentes a um défice de 1,4 biliões de dólares e a uma dívida acumulada superior a 16 biliões de dólares. Atenção, algures em 2012 os mercados vão despertar e dizer: Não! Não podemos esperar que as presidenciais resolvam o problema". A administração Obama e o Congresso têm de apresentar rapidamente um pacote de redução da dívida para que não aconteça o mesmo que na Europa.
3. Integrar os mercados emergentes. O mundo tem de reconhecer que o centro do capitalismo se deslocou para as economias emergentes, as quais vão gerar a maior parte do crescimento em 2012. É preciso que países como a China, Índia e Brasil, entre outros emergentes, sejam plenamente integrados no processo de decisão económico global. Se assim não for, o capital necessário para resolver muitos dos actuais problemas dos mercados desenvolvidos, especialmente questões residuais da grande recessão, não será disponibilizado em termos aceitáveis. Os mais afectados serão de novo os pobres, e não os ricos.
4. Educar. Educar. Educar. A principal causa da desigualdade de rendimento é, talvez, o estado deplorável em que se encontra o ensino primário e secundário. Para debelar o problema é fundamental implementar reformas, garantir financiamento e afectar recursos de forma mais eficaz e eficiente. É preciso educar as crianças, reduzir a taxa de abandono escolar e proporcionar formação aos adultos para preparar os trabalhadores para as novas realidades tecnológicas.
A minha fé no capitalismo mantém-se inabalável. Os grandes problemas que enfrentam têm de ser resolvidos agora. Só assim as nações e os seus povos poderão prosperar, legitimando o capitalismo para que este também possa crescer.
Tradução de Ana Pina


____
David Rubenstein, Administrador-delegado e co-fundador do Carlyle Group

Sem comentários :

Enviar um comentário

Obrigada por partilhares a tua opinião connosco!