segunda-feira, 12 de março de 2012

Empreendedorismo Simples por Manuel Carvalho



Poderíamos até arriscar e dizer como o norte-americano Jeff Timmons quando diz que “…o empreendedorismo é uma revolução silenciosa que será para o século XXI mais do que a Revolução Industrial foi para o século XX”.
Umas vezes porque poderá ser uma forma de resistir ao flagelo que arrasa esta geração, que sai das faculdades com um diploma de entrada para o desemprego, e outras vezes por apenas uma questão de moda.
Ao falar de empreendedorismo, temos que ter bem assentes os seguintes conceitos: 
  • O empreendedor, e os elementos básicos que o caracterizam. 
  • Distinção dos conceitos de Sonho, Desejo e Ilusão. 
  • Conhecimento das necessidades de mercado e condições politica/económicas do mesmo.
Por vezes verifico que muita gente confunde estes conceitos, acabando por querer ser empreendedor a todo o custo, acreditando numa ilusão sem qualquer objetivo, dando origem à abertura de uma empresa que não responde minimamente às necessidades do mercado.
Muitas poderão ser as definições de empreendedor, a minha é simples: o empreendedor é aquela pessoa dotada dos seguintes elementos básicos:
·        1. Visão
 Muitas vezes associada à capacidade de ver de uma forma clara e simples, aquilo que, aos olhos das pessoas comuns ninguém mais vê.
Fazendo uma analogia com a escultura, para uma pessoa comum o trabalho do escultor é esculpir o rosto de alguém numa pedra, mas para o escultor o rosto já lá existe, ele simplesmente se limita a eliminar os restos de pedra que estão a mais.

·         2. Coragem
 A coragem é algo bastante objetivo e muitas das vezes é o que falta para as pessoas saírem da esfera onde se encontra grande parte da nossa sociedade, revoltada e insatisfeita com a sua situação. É preciso muita coragem para deixar o emprego certinho que temos, que embora estejamos fartos, sempre nos garante algo dinheiro ao fim do mês, é preciso coragem para depois de estudar 5 anos numa área, arriscar num negócio numa área completamente diferente, é preciso coragem para enfrentar o RISCO de falhar.

·        3. Competência
Neste ponto, importa referir que um empreendedor não é um empregador, nem é um empregado, é um gestor de sonhos, de pessoas e de si próprio. A capacidade de dar uma ordem a alguém, é a mesma de aceitar uma crítica construtiva de outros de fora, a bravura e o gosto de ser o rosto de uma marca/negócio, terá que ser a mesma de dobrar um envelope ou limpar a mesa onde irá ter uma reunião, e a competência que demonstra quando “cai”, ouve um não, terá só num sentido: levantar a cabeça e seguir em frente na esperança de se tornar cada vez melhor, e motivar os que o rodeiam.

Relativamente aos conceitos dos pontos 2 e 3 deixo para uma próxima oportunidade. Falando da minha experiência, eu não sei se me poderei caracterizar como um empreendedor, acho que ainda tenho muito que provar, apenas me considero por enquanto num sonhador com objetivos claros, fazer da HOMECHECK, Lda uma empresa de sucesso.
Falando um pouco da minha história, 
  • 15 de Julho de 2008 – Recebia com agrado a notícia que tinha terminado o meu curso. Tudo fazia parecer que seria um ano perfeito, além de ser um ano de despedida de uma vida de um simples estudante de engenharia, era um ano em que tinha uma curiosidade e uma vontade enorme de entrar no mundo de trabalho, era como se voltasse aos tempos de caloiro, mas desta vez, não era a faculdade que suscitava a curiosidade, mas sim o mercado de trabalho e a vontade de ser engenheiro. Continuando a analogia com a faculdade, era tempo de trocar as candidaturas onde em tempos se colocava umas pequenas bolinhas por ordem de preferência do curso numa folha; pelo meu currículo, onde o desconforto de não ter uma experiência profissional, era completado pela experiência que tinha tido no mundo do associativismo juvenil. 
  • Setembro 2008-Falência do Lehman Brothers, Crise nos E.U.A. 
  • Novembro 2008 – Nacionalização do BPN, Portugal. 
  • Dezembro 2008 - Portugal mergulha na Crise Financeira. Foi esta a receção de tive do meu país, do mercado de trabalho que tanto me atraía em tempos. Parecia que de Julho a Dezembro 2008 tudo tinha mudado para um cenário de descontrolo total. 
  • Fevereiro 2009 – Assino o meu primeiro contrato de trabalho, num pequena empresa de construção civil, mais virada para as energias renováveis, o ordenado 700€/mês não era nada mau para alguém que acabara de sair da faculdade, mas passado 4 meses não me sentida realizado profissionalmente, e como o dinheiro não é tudo para mim na vida, preferi sair e procurar algo que me fizesse sentir mais realizado profissionalmente. 
  • Março 2009 a Julho2009 – Tirei uma especialização em Avaliações Imobiliárias para ser perito avaliador. 
  • Novembro 2009 a Novembro 2010 – Estágio Profissional na Câmara Municipal de V.N de Gaia, foi sem dúvida a melhor experiência que tive, fui muito bem recebido e integrado na Divisão de Fiscalização de obras, aprendi bastante, senti a responsabilidade de Fiscalizar algumas obras que recorriam no meu concelho, dava os meus primeiros passos como engenheiro, e tive a noção do quanto é importante as políticas autárquicas na vida das pessoas. 
  • Janeiro 2011 – De volta ao mercado de trabalho desta vez começava a experiência dos recibos verdes, fazendo avaliações imobiliárias para entidades bancárias, o vencimento era variável conforme a quantidade de trabalho, criando uma incerteza permanente relativamente ao amanhã, além disso, por vezes os atrasos nos pagamentos eram constantes. 
  • Julho de 2011 – Farto da situação de estar a recibos verdes, decido arriscar em abrir a minha própria empesa a HOMECHECK, LDA juntamente com um colega que se encontrava desempregado.
Foi um empreendedorismo induzido pela necessidade e pela oportunidade.
Relativamente aos três elementos que falei anteriormente:
Visão – A minha visão foi muito ao encontro da importância que a Reabilitação poderá ter no arranque da nossa economia como uma das soluções de Futuro que tarda em ser uma verdadeira aposta.
Coragem – Sim foi preciso ter coragem para deixar os recibos verdes que me garantiam um algum rendimento ao fim do mês, para me dedicar apenas a um projeto novo, sem qualquer rendimento, e pronto para ouvir muitas vezes a palavra “Não”, pronto para lidar com a inveja dos chamados destruidores de sonhos, ou invejosos incompetentes, que passam o mais do tempo da sua vida a “viver” a vida dos outros, e coragem de começar e investir tudo que tenho neste projeto para dar certo, mas no caso de falhar estar também preparado para dizer que falhei.
Competência - É algo que não se pode afirmar neste momento, nos trabalhos que a empresa já efetuou, a satisfação que os nossos clientes têm demonstrado vai revelando a nossa competência, no dia-a-dia a disposição de trabalhar 12 horas por dia revela também a competência de trabalhar arduamente para atingir os objetivos de afirmar a empresa no mercado.
Para concluir, hoje não posso dizer que tenho dias de folga, não posso dizer que estou mais rico monetariamente do que antes, mas posso dizer que não estou arrependido, estou sim otimista e acordo todos os dias com uma enorme vontade de trabalhar!
Apesar de nos últimos tempos até à data, a incompetência estar presente no trabalho de quem governa, arrasando o FUTURO e os SONHOS da minha geração, eu acredito que é um dever patriota resistirmos até ao último dia, aceitar o passaporte para emigrar para outro país sem sequer tentar e lutar por um Portugal melhor, é fazer às próximas gerações aquilo que nos fizeram e continuam a fazer- Ignorar o nosso direito a ter um futuro melhor! 

O meu nome é Manuel Carvalho, sou um dos fundadores da empresa HOMECHECK , Lda e esta é a minha história.


Para a semana:

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