sexta-feira, 20 de julho de 2012

O Turismo e a Região Demarcada do Douro por Isabel Borges



Instituída em 1756, a Região Demarcada do Douro (RDD) prolonga-se por 250 000 ha,  45 000 dos quais ocupados por vinhedos. Situada na bacia hidrográfica do rio Douro, apresenta um quadro paisagístico, socioeconómico e cultural distintivo, facto que, em 2001, justificou a sua classificação como Património da Humanidade pela UNESCO. Esta paisagem apresenta particularidades que lhe conferem distinção. As linhas que acompanham os socalcos representam uma imagem forte e de grande impacto. Dependentes do ciclo da natureza, mas também dos ritmos de trabalho humano, as alterações associadas ao ciclo produtivo da vinha criam diferentes cenários paisagísticos ao longo do ano, contribuindo para os traços de identidade de espaço.
O Vale do Douro é uma região incontornável no contexto do enoturismo em Portugal. Em termos de oferta mas também de procura, o turismo tem sido uma área de forte inovação. O enoturismo, com importante desenvolvimento recente, integra-se nessa tendência de procura de novos destinos que ofereçam novas experiências. O aumento dos fluxos neste setor e a referência no Plano Estratégico Nacional de Turismo (2007/2013), sob a designação de “Gastronomia e Vinhos”, a sua referência como um dos eixos prioritários de desenvolvimento da atividade turística no país, faz do enoturismo um dos principais vetores na estratégia regional de desenvolvimento. Com o objetivo de potenciar a riqueza vitivinícola desta e de outras regiões, o enoturismo tem sofrido um crescimento exponencial nos últimos anos. A sua notoriedade e projeção nacional e internacional, tanto em termos turísticos como vitivinícolas, agora também associada aos Vinhos do Douro, têm funcionado como uma importante alavanca no impulso do enoturismo, fomentando valores como a atratividade, a conquista da confiança e a credibilidade.
O papel da imagem na promoção vínica e turística das regiões revela-se uma mais-valia tanto para o mercado vitivinícola como para a construção do destino turístico. Apesar de recente em Portugal, este tipo de turismo é amplamente reconhecido na Europa, sobretudo nos destinos que ocupam os primeiros lugares no setor do turismo e na produção de vinhos, como é o caso de França, Espanha ou Itália.
No caso do Douro é importante e muito útil associar a qualidade do vinho à matriz da paisagem, funcionando como elemento de diferenciação das restantes regiões vinhateiras e um elo de ligação importante entre os diferentes tipos de oferta turística.
Mais do que os elementos paisagísticos que existem, os lugares destacam-se agora pelas experiências que proporcionam a mercados turísticos que procuram sobretudo o envolvimento em múltiplas atividades. Essa aposta integra-se na tendência geral de (re)valorização da imagem de lugares e regiões que, juntamente com um vasto conjunto de valores patrimoniais (re)descobertos, como a História e a Cultura, se entregam num jogo competitivo.
Todos os territórios envolventes, como é o caso do Marco de Canaveses, apresentam-se como “portas de entrada” do destino turístico. Apresentando uma oferta diversificada ao nível do património, do turismo náutico ou de natureza, entre outros, passando inevitavelmente pela gastronomia, funcionam como catalisadores do potencial turista.
O sucesso do futuro é o sucesso do Turismo. Os recursos naturais são finitos e esta indústria está de modo direto dependente de um meio ambiente saudável. A preservação e a promoção de destinos turísticos sustentáveis, a inovação ligada aos transportes e a preocupação cada vez mais premente de satisfazer os desejos dos turistas acabam por ser pilares ambivalentes e fundamentais para o setor. A Região do Douro dispõe de um conjunto de recursos turísticos diversificados e diferenciadores que urge valorizar e potenciar!

Isabel Borges | Investigadora

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