quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Learning from Marco de Canaveses. A cidade sofre de insónias e tem cócegas

   Das escalas reencontradas vejo-me, neste instante, a falar das ruas em serpentinas, das cadeias subversivas de habitações pousadas sobre a cidade de Marco de Canaveses. A cidade sonha, o Homem constrói, de tal forma que construir e habitar estão indissociáveis. Do rio Tâmega observam-se carros fungiformes, silhuetas telescópicas, fios eléctricos, tombas gigantes de preces. -Eis-me no Marco!             
  Hoje falo de cidade, falo dos anti-termos referentes ao conceptualismo do seu significado e do habitante. A vida pública realça o aspecto politizado em que as nossas sociedades se encontram. Tudo é regido por algo, desde as associações, juntas de freguesia, câmaras municipais, institutos, ministérios, câmaras populares, entre outros. Autênticas teias de aranha que não deixam em paz os "mobiles", cópias de art nouveua, perdidos em nossas casas.
  O Homem circula no território humano, subjugado a apreender as escalas condenadas a serem perpetuamente distintas entre si. As cidades são monstros de construído, catadupas de formas, cores, cheiros, sensações. Dispostas no território sobre e sob as coberturas de telha, manchadas de parabólicas, caixas de correio, apetrechadas de janelas, janelões, janelinhas e maçanetas de portas. Atrás de tudo isso vivem os habitantes correlacionados entre si por placas de trânsito, publicidade e regras de bem-estar ou de bem se situarem. Viver em sociedade é ser situacionista, escalonar o bem e o mal, conhecer as regras e sobretudo sobreviver entre o espaço privado e público.
  O aglomerado urbano de Marco de Canaveses coexiste com a desordem dos traçados, dos becos e ruelas magistralmente mal formados e dos prédios que por sua mesquinhez não respeitam os vizinhos e atormentam a escala da cidade. O Marco deseja ter estátuas de publicidade, ainda antes de tudo isso precisa de se consolidar, de cuidar da escala Humana e das preces da Carta de Atenas.
  Falar de cidade, habitante e território construído é idêntico a falar de uma maçaneta de uma porta, tudo circunstância da mecânica. Entre o contacto da casa, do indivíduo, outra vez da casa e mais uma vez da cidade nasce assim o território Humano, modernizador e pós-moderno, ao toque de uma campainha domesticada.
   Em tudo isto:“ Que a cidade não seja mais do que uma grande casa, e que a casa seja uma pequena cidade” Andrea Palladio  


imagem: The Plug In City, Drawings by Peter Cook

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