sábado, 26 de novembro de 2011

A greve geral e o 25 de Novembro


Esta quinta-feira foi dia de greve geral. Como defensor da democracia e da liberdade de todos quantos trabalham em prol de um país melhor, só posso estar do lado daqueles que procuram dar um alerta a todos os que nos governam.
O direito à greve pode, e deve, ser utilizado sempre que as nossas garantias e os nossos direitos estejam em causa. No entanto, é também tempo de pensar nos nossos deveres como cidadãos. Temos suportado muito, é certo, mas temos arrastado anos a fio uma situação incomportável, desde os tempos do Cavaquismo, e que agora nos leva ao abismo. Os governos socialistas tiveram também a sua quota de responsabilidade e não podem ficar alheios a isso. Contudo, os sacrifícios têm limites. A esquerda democrática não pode, nem deve, compactuar com políticas dignas de Estados autoritários e fascistas. A esquerda representada na Assembleia da República deve estar do lado dos que mais precisam, dos desfavorecidos, dos que, nesta altura, mais sofrem. O Partido Socialista deve fazer jus à sua história e lutar pelo Estado social que, maioritariamente, criou. É isto que, como socialista convicto, espero do meu partido.

Voltando à greve geral desta semana… Aconteceu o que, normalmente, sucede. O caos nos transportes, várias empresas encerradas e uma aparente e estranha alegria nas ruas, nas manifestações de trabalhadores descontentes mas que, naquele dia, aproveitam para largar o seu mais puro entusiasmo. Na Avenida dos Aliados, no Porto, não estiveram muitos, mas estiveram os suficientes, num ajuntamento que para os turistas que por lá passavam era uma festa.
Não fico feliz em ver serviços públicos encerrados ou a trabalhar a meio gás. Não fico feliz por verificar que a greve serve de pretexto a mais um feriado, para muitos, ao invés de servir para os trabalhadores saírem para a rua e darem voz ao seu poder. Para além disso, os sindicatos acabam por diminuir os grevistas a números, simples números que, constantemente, servem de arma de ataque ao governo em funções, independentemente da cor partidária. Por isto, e porque acredito que uma greve não é feita de números, mas de cidadãos que procuram um melhor rumo para o país, era interessante ver os mesmos sindicatos organizados convocarem manifestações para domingos ou feriados oficiais. Era interessante mobilizar para uma luta comum e independente que demonstrasse que há descontentamento nas ruas e não se trata de fazer greve ao trabalho que escasseia.
Não podemos estar a favor de medidas que afundem, mais ainda, o país. Mas, não podemos, também, apelar à criação de um cenário social que possa pôr em causa o Estado democrático.

Eu sou de esquerda, de uma esquerda que proteja os mais fracos, que abrace os mais desfavorecidos, que crie um ambiente económico favorável ao crescimento e ao desenvolvimento. Sou defensor do 25 de Abril e da liberdade e benefícios que trouxe para o país. Mas, sou também defensor de que não seja esquecido o 25 de Novembro de 1975. Quantos esta sexta-feira comemoraram o fim do PREC e de um período pós revolução que assombrou o país e que culminou com a derrota de uma esquerda radical que queria o poder à força? Vale a pena pensar no jogo partidário que está por detrás de certas organizações. Tal como não me coaduno com uma política de direita, também a extrema-esquerda me assusta. O 25 de Novembro trouxe-nos o fim de uma incerteza democrática e trouxe-nos a democracia possível em que hoje vivemos. É, também, por este momento histórico que devemos lutar e guardar como garante dos nossos direitos. 

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