domingo, 9 de outubro de 2011

Ciência e Saúde


Obesidade – uma “patologia” crescente

A palavra Obesidade é composta por ob(excesso) e edere (comer). Significa, portanto, comer em excesso. Este excesso de gordura resulta de constantes e sucessivos balanços energéticos positivos, onde a energia ingerida é maior do que a energia gasta. Até ao momento, a etiologia da obesidade é ainda desconhecida mas, para a Direcção Geral de Saúde é uma “patologia” multifactorial. Factores biológicos, sociais e comportamentais são alguns dos inerentes. A obesidade representa assim, um problema de saúde que afecta uma elevada percentagem da população mundial sendo por isso reconhecida como um problema de saúde pública que tende agravar-se.

Estudos têm demonstrado que a incidência e prevalência da obesidade nas crianças e adolescentes têm aumentado significativamente. O impacto que esta ocorrência pode trazer nestas faixas etárias, pode ser catastrófico psicologicamente podendo ser determinante para o aparecimento de perturbações psicológicas que podem afectar os indivíduos para o resto da sua vida. Testemunhos mostram que jovens obesos vivem em permanente sofrimento psicológico, facto que é atestado pelo fraco rendimento escolar. Ao mesmo tempo, a obesidade representa um factor limitante, pois impede as crianças de participarem nas mesmas actividades dos seus pares. Estas crianças procuram assim isolar-se, considerando esta a única forma de se afastarem de determinado tipo de humilhações a que possam ser sujeitos. Além disso, a obesidade encontra-se normalmente associada a inúmeras complicações físicas como a diabetes tipo 2, neoplasias, hipertensão assim como, disfunções do sistema circulatório. Ao mesmo tempo, a obesidade encontra-se sobretudo ligada a perturbações psicológicas. A busca da magreza é uma “obsessão” de muitas das sociedades actuais que normalmente associa o excesso de peso à falta de beleza física.

Tratar e investigar a obesidade antes da idade adulta é algo extremamente importante, pois os hábitos e estilos de vida de uma criança ou jovem são mais fáceis de mudar do que os de um adulto. Além disto, os jovens sofrem mais pressão da sociedade para com o seu aspecto físico, pois o excesso de gordura impede a sua integração nos seus meios sociais e culturais. Até ao momento, a maior parte dos tratamentos médicos para a obesidade não tem tido bons resultados: a perda de peso é difícil e a ocorrência de recaídas são muitos comuns, muito provavelmente porque o tratamento para a obesidade não se limita apenas à área puramente médica ou dietética. Neste âmbito, autores defendem que a criação de objectivos (motivação, apoio, auto-controlo) é fundamental para o tratamento da perda de peso. Num outro contexto, o apoio social é uma peça fundamental no tratamento da obesidade, pois o pior obstáculo de um doente obeso é ver-se sozinho perante a tentativa de perder peso. Deste modo, programas não só de âmbito médico mas também de carácter institucional, político e cultural devem ser desenvolvidos no sentido de aumentar a autonomia deste tipo de doentes procurando ajudá-los e demonstrar-lhes que a perda de peso e o encarar da sociedade depende única e simplesmente deles próprios.


Fábio Rodrigues
Aluno de Doutoramento em Ciências da Saúde
Investigador em Neurociências e Medicina Regenerativa
Instituto Ciências da Vida e Saúde (ICVS), Universidade do Minho

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