quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Aprendizagem ao Longo da Vida: Um Caminho para a Competitividade?

 
O Observatório das Desigualdades, estrutura independente do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa, revelou recentemente um estudo relativo ao processo de aprendizagem ao longo da vida. É possível observar em baixo o Quadro 1, onde se pode constatar a posição mediana do nosso país no contexto europeu. A aprendizagem ao longo da vida constitui-se como um investimento constante da população na aquisição de conhecimento e, consequentemente, na melhoria das condições de empregabilidade. Para nós marcoenses, a realidade é um pouco diferente, pois sabemos que nem sempre isso se verifica e, na nossa região em particular (Baixo Tâmega e Vale do Sousa), não são poucos os casos de cidadãos que não cultivam este hábito de enriquecimento. Aliás, isso está patente no próprio estudo, que refere que as faixas etárias mais avançadas envolvem-se menos em atividades de aprendizagem ao longo da vida.
Queria ainda sublinhar um dado interessante, que está patente no gráfico 2, mais abaixo, que demonstra uma evolução positiva muito acentuada nos anos de 2010 e 2011. Isso está relacionado, como é óbvio, com o programa Novas Oportunidades. O tão famigerado e denegrido programa de formação.
 
 
 
Analisando os dados que constam deste estudo - não apenas os que aqui se apresentam - é possível inferir algumas ilações pertinentes:
1. É prática comum o processo de aprendizagem ao longo da vida nos países mais desenvolvidos, o que pode espelhar uma melhoria dos índices de competitividade do nosso país no longo prazo. A meu ver, um invetsimento interessante.
2. Nestes países o mercado de trabalho é flexível, dinâmico e a taxa de desemprego é relativamente baixa, o que pode indiciar que o caminho de aprendizagem ao longo da vida pode levar a uma elasticidade do nosso próprio mercado de trabalho, mitigando assim, no longo prazo, o receio e o situacionismo que caraterizam muitos elementos ativos do nosso mercado de trabalho.
3. Seria interessante testar a hipótese de esta ser uma forma de melhorar a mobilidade do mercado de trabalho português, evitando desse modo incrementar de sobremaneira a precariedade (criar condições de mobilidade profissional em contraste com a mobilidade profissional forçada sem qualquer processo de aprendizagem e, pior ainda, sem condições financeiras para encetar iniciar um).
4. O investimento socialista no programa Novas Oportunidades demonstra que a taxa de aprendizagem ao longo da vida da população portuguesa ultrapassa inclusivamente a média da UE (a 15 e a 27). Este, a meu ver, é um interessante caminho de criação de competitividade: a disseminação do conhecimento e a aproximação dos portugueses a este ao longo da vida.
5. O facto de as gerações mais jovens apresentarem indicadores de aprendizagem ao longo da via mais elevados são um prenúncio, assim o espero, de uma geração com maior capacidade de adaptação, melhor ginástica mental e mais sagacidade no reconhecimento de oportunidades e concretização de projetos para as aproveitar.
 
Tudo isto são suposições minhas, carecendo como tal de fundamentação científica. Pretendo com isto fazer apenas um pequeno exercício de reflexão em torno da importância da aprendizagem ao longo da vida, da melhoria de condições laborais, da elevação de indicadores de competitividade e do aprofundar do conhecimento em torno do mercado de trabalho, projetando este caminho como uma estratégia passível de ser considerada num momento em que a precariedade laboral parece ser o único trajeto existente para a melhoria do mercado laboral.
 

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