quarta-feira, 13 de março de 2013

João Valdoleiros em divagação...


Jean – Claude Juncker, ex - presidente do Eurogrupo em entrevista à conhecida revista alemã “Der Spiegel” revela a sua preocupação e alerta para a possibilidade de novo conflito militar europeu, considerando que as medidas de austeridade implementadas para resolver(?) a crise financeira na Europa, criaram grande e grave instabilidade social em vários países, como a Grécia e a Itália, denunciando mesmo o facto da chanceler alemã Angela  Merkel ter sido recebida em Atenas por manifestantes com o uniforme  das tropas nazis e, em Itália, a campanha eleitoral ter sido demasiadamente anti-alemã e anti-europeia.
Jean-Claude Juncker apesar dos seus receios afirma que, se os líderes da Alemanha, França e Inglaterra unirem as suas vozes, tornarão a voz duma Europa unida, mais forte e certa de demonstrar que não a poderão marginalizar neste processo de resolução da crise, mas, e aqui é que a porca torce o rabo, opina que o caminho a seguir será sempre o da via da austeridade, mesmo se considerado impopular e tão contestado.
Afirma mesmo, que quem governa não deverá temer não ser reeleito pelo facto de manter essas medidas duma austeridade gravosa, prenhe da maior insensibilidade social.
Em resumo, o Sr. Ex-Presidente do Eurogrupo, Jean – Claude Juncker não se inibe em revelar o seu cinismo e a maior hipocrisia perante o sofrimento de milhares e milhares de famílias europeias (gregas, italianas, portuguesas, espanholas, irlandesas,etc.), que sofrem as agruras da pobreza, da falta de assistência social, de carências nos justos cuidados na saúde, rvelando-se apenas muito preocupado, que os governos desses países cumpram o pagamento atempado das suas dívidas, mesmo que extrapoladas por juros de autênticos usurários, insensíveis a questões, que consideram tão comezinhas, como o respeito pela condição humana, o direito à dignidade de cada um, enfim, o direito de no mínimo sermos considerados cidadãos europeus em pé de igualdade com ele próprio.
Não sei se este senhor, agora primeiro-ministro do Luxemburgo, está ou não preocupado com o futuro do seu país, que como todos sabemos deve muito do seu poder económico ao esforçado trabalho dos emigrantes, onde ressalta uma muito significativa taxa de portugueses.
Não sei se o sr. Jean-Claude Juncker temerá que a teta da vaca seque, que os salários dessa mão de obra acabem equiparados aos nacionais.
O que sei é que pertence à linhagem daqueles que defendem a austeridade, custe o que custar, morra quem morrer e como o outro, goste de se ouvir dizer “ai aguentam, aguentam”, pelo menos até quando os espezinhados não se decidirem vestir os tais uniformes em vez de impunhar o cravo e terminem a julgar os verdadeiros responsáveis por esta crise financeira.
E não me venham com a estafada treta “a culpa é do Sócrates”,pois tanto quanto sei não foi o responsável pela gestão governamental da Islândia, da Irlanda, da Grécia, da Itália, etc., nem o criador dos célebres “produtos tóxicos” que “envenenaram” a banca mundial e nacional, nem o responsável pelas bolhas imobiliárias dos U.S.A. e da Espanha.
Recordo aos tais que aceitam sem esforço intelectual, que o culpado da nossa crise foi o Sócrates, duas ou três pequeninas situações, que os ajudarão a ser, penso, mais esclarecidos e melhor informados.
Não pretendendo ser exaustivo, recordarei que a crise financeira se iniciou em 2008 nos U.S.A. depois da falência dum dos maiores bancos norte-americanos – o Leman Brothers – que arrastou a queda de toda uma série de médios e pequenos bancos, companhias seguradoras, etc.ou seja, uma abalo na economia norte-americana de tal ordem, que ameaçou um novo “crash” da conhecida Wall Street.
Ora, renomados economistas portugueses sempre afirmaram que a dependência da economia europeia e portuguesa era tão grande da americana, que quando esta desse um espirro a europeia apanhava uma gripe e a portuguesa uma pneumonia. Mais coisa, menos coisa, dá para perceber da nossa fragilidade – isto desde sempre, muito antes do tal “criminoso” Sócrates.
Regressando ao que entretanto se passava em nossa casa, avivarei a memória desses tantos, que os orçamentos de estado de 2010 e 2011 apresentados por um governo socialista, minoritário, só foram aprovados na Assembleia da República com os votos favoráveis do P.S.D. – sim, em 2010 e abstenção, em 2011. Relembro também que os tão difamados PEC´s I, II e III foram igualmente aprovados pelo grupo parlamentar do P.S.D. com Passos Coelho à cabeça.
Será que isto não corresponsabiliza Passos Coelho e o seu P.S.D. no estado a que chegaram as finanças públicas?
E alguém se recorda da evolução dos juros dos empréstimos logo após a queda do governo de Sócrates, provocada pelo P.S.D. ao não aprovar o PEC IV?
Em consequência da crise governamental, somente em 3 dias, os juros subiram do valor aproximado de 6% para um valor de 10% , ou seja, quase duplicaram, para além da credibilidade junto das agências de renting ter caído a pique – recordo também, que o “licenciado” Miguel Relvas afirmou quando da queda de Sócrates, que imediatamente os juros iriam DESCER. Depois foi o que se viu.
Uma enorme campanha de desinformação, subscrita pelo sr. Silva de Belém, que quando do discurso de tomada de posse da sua recandidatura, afirmou que a crise era nacional – aos mais distraidos recordo que o tal senhor é economista – para mais tarde com a evolução catastrófica dos resultados da gestão dum governo avalizado por ele, vir afirmar que afinal a crise era europeia e até mundial.
Pobre coerência do mais alto responsável da nação, que passou recentemente por um periodo de reflexão, cujos frutos afinal, se revelaram completamente estéreis, por manifesto comprometimento com a ideologia ultra-liberal, dominante, num governo disposto a desmontar tudo quanto a Democracia de Abril nos trouxe.

Até um dia!
Um abraço a todos
João Valdoleiros

2 comentários :

  1. Depois de ler o seu esclarecedor e oportuno comentário e sabendo, por experiência própria, ser um excelente clínico, permita-me que tome a liberdade de o questionar.
    A esta "classe" de políticos que gere os nossos destinos, tendo presente os sinais e sintomas que vem manifestando, "diagnosticava" amnésia retrógrada ou anterógrada, mutismo selectivo? Outra?
    O que prescreveria o ilustre Clínico?
    Cumprimentos

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    1. Caro António Ferreira
      Desde já os meus agradecimentos pelo elogio, que sinceramente não mereço, pois desde sempre me limitei a exercer a minha profissão com o máximo de responsabilidade e seriedade.
      Quanto à pertinente questão que me coloca, penso que sobre a corresponsabilização do P.S.D. no estado de coisas a que chegaram as contas públicas e analisando a evolução da situação pós-Passos e Gaspar,sem hesitação, sem necessidade sequer de exames auxiliares de diagnóstico,diagnosticaria um síndroma misto de mutismo seletivo e duma esquizofrenia paranoide.
      Se me permitir,gostaria muito ao meu modo de trabalhar na profissão,tentar explicitar as razões que me levaram a tal diagnóstico.
      Mutismo seletivo ou,se quiser amnésia seletiva. Recordar os nossos erros e admiti-los em consciência, reconheçamos,é algo muito doloroso,causador de grande sofrimento moral em almas bem formadas. Ora, não é o caso. Assim constituíram o seu mecanismo de defesa, a amnésia seletiva.
      Por outro lado, chega-se também com facilidade ao diagnóstico de esquizofrenia paranoide, já que nestes quadros do foro psiquiátrico, os portadores são incapazes de efetuar a auto - crítica dos seus atos e palavras, para além de sofrerem de toda a espécie de delírios (de grandeza,de superioridade intelectual, etc.).
      Como este último quadro,quando não diagnosticado e tratado precocemente,leva na sua evolução à idiotia e à loucura,como parece ser já o caso presente,a minha recomendação seria o seu internamento compulsivo,não com aquele típico colete de forças,mas sim com uma dieta a pão e água e tendo um programa de exercícios físicos com pá e picareta.
      Um abraço
      João Valdoleiros

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