segunda-feira, 21 de maio de 2012

Política, Religião e Liberdade


Como dirigente da Juventude Socialista e como coordenador da Pastoral Juvenil da Vigararia do Marco de Canaveses, considero-me conhecedor das diferenças que separam a Política da Religião. São dois caminhos distintos, com preceitos próprios mas que estão inevitavelmente ligados. 

Tanto um como o outro são capazes de arrastar multidões, conferindo um enorme poder a quem os lidera. Um poder tantas vezes descurado ao ponto de colocar em causa alguns dos direitos que considero fundamentais. 

Durante anos, a política e a religião caminharam juntos como um só fazendo com que as opções religiosas, sexuais, diferenças de etnias, etc. servissem como desculpa para diferenciar os cidadãos. Não tenho dúvidas que a separação destes dois conceitos foi uma das maiores conquistas democráticas no nosso tempo. “Somos diversos nas nossas opções de vida, mas devemos ser iguais nos nossos direitos como cidadãos” 

É por isso que, apesar de pertencer a uma religião tantas vezes apelidada de fechada e inexcedível, não sinto qualquer divergência em defender questões tão controversas como o casamento gay, o aborto ou outro qualquer assunto que tenha como objectivo o de habilitar cada um de nós dos mesmos direitos e competências para escolher qual o caminho a seguir. Porque é disso que verdadeiramente se trata: dar a opção a cada um de nós para escolher a sua liberdade sem com isso comprometer a liberdade do nosso próximo. 

Este conceito precisa de ser valorizado… ou melhor, precisa de ser aplicado! É necessário reflectir sobre o que realmente é importante e deixar cair todos os preconceitos que nos prendem no caminho para a evolução social. É por isso que a Igreja e o Estado têm um papel fundamental na defesa desta concepção. Apenas através de um perfeito equilíbrio, poderemos afirmar a nossa liberdade. 

A separação do Estado e da Igreja deve por isso ser absoluta. Defendo um estado laico, não religioso, capaz de oferecer educação, serviços médicos e acção social sem estabelecer diferenças pelas opções de cada um. A Igreja não deverá impor as suas concepções. A religião é algo que se busca. É um caminho que deve ser seguido por convicção. Só assim faz sentido. 

Sou socialista e católico, porém, a minha liberdade transcende estes dois conceitos. Sou antes um homem hábil para evitar extremismos e para compreender as diferenças. Um homem, como tantos outros, capaz de falar abertamente sobre o que nos separa e com vontade de encurtar distâncias.

1 comentário :

  1. caro Ricardo, gostei muito do teu texto por ser sereno e ponderado dando a imagem correta do que é ser católico e socialista; revejo-me no que disseste e ainda bem que pudeste trazer aqui essa visão.
    abraço, Artur Melo.

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