terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Mercado Sem Ti por João Castro


O Nosso Comércio



A situação do comércio tradicional no Marco de Canaveses sofre hoje de um problema paradigmático ao que acontece no resto do país: enfraquece a cada dia que passa e caminha para a extinção. Por culpa da elevada fiscalidade a que os pequenos comerciantes são sujeitos, da falta de poder de compra adjacente à recessão económica que atravessamos ou pela feroz concorrência das grandes superfícies comerciais, vemos o constante enfraquecimento de um conjunto de empresas que representam 99,9% do tecido empresarial nacional e 78,3% do total de emprego gerado em Portugal. No Marco de Canaveses lembro o exemplo da Avenida Gago Coutinho, que sempre esteve recheada de pequenos negócios apesar das péssimas acessibilidades, fundamentais à prospecção de qualquer negócio, ou o mercado Municipal, que outrora já foi o ponto de paragem obrigatório para muitas famílias e hoje a sua figura é puramente decorativa.

O exemplo do mercado Municipal é bem elucidativo das adversidades que os pequenos comerciantes enfrentam, não só face à concorrência de um número exagerado de grandes superfícies comerciais, mas também, a uma carga fiscal que esmaga completamente os seus lucros e os impede de ter preços minimamente competitivos com as grandes empresas. O mercado sempre esteve por debaixo da maior superfície comercial do concelho, mas com o passar dos anos esse facto deixou de ser puramente arquitectónico e tem ganhado um sentido cada vez mais literal. Não é só o facto de as rendas a pagar pelos vendedores do mercado já terem mais do que duplicado nos últimos anos, mas também a manutenção de uma carga fiscal elevada na derrama pública, IMI ou IRC impede que o pequeno comércio prospere e aumente o drama social não só no concelho, mas também numa região que conta com mais de 40 mil desempregados e é a mais pobre do país. As medidas tomadas pela Câmara Municipal em conjunto com a Associação Empresarial do Marco de Canaveses, como as esporádicas campanhas de promoção do comércio local tem aspectos positivos, mas “esporádico” é pouco para alguém que faz do pequeno comércio o seu modo de vida. A maior promoção que qualquer empresa pode ter, mais do que feiras, outdoors e dias dedicados ao comércio local, são preços atractivos para os seus clientes. E esses preços competitivos só podem ser atingidos se o comerciante esmagar a sua margem de lucro (com implicações directas na sua subsistência e na da sua empresa) ou aliviando a carga fiscal.

A tentação da máquina governamental (a nível local e nacional) em manter este tipo de políticas fiscais para com as pequenas empresas é clara: São elas que representam a esmagadora maioria do tecido comercial e assim existe um maior income nas contas de qualquer Governo ou Câmara Municipal. Mas isso não é mais do que uma falsa galinha dos ovos de ouro, que vai acabar por agravar ainda mais a situação social e económica não só dos marcoenses, mas também dos portugueses em geral. E infelizmente esses impostos tem uma tendência cada vez maior para se transformarem em subsídios de desemprego.


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