segunda-feira, 25 de maio de 2015

O sucesso do FMI em Portugal

Sabendo que, à partida, o Fundo Monetário Internacional se havia tornado na última esperança para os portugueses voltarem a ver a luz do dia, e após tantos sacrifícios os membros do governo exaltarem esses mesmos feitos alcançados pelo povo lusitano, eis que o próprio FMI nos dá o primeiro alerta: afinal não é bem assim.

Os défices foram reduzidos e o financiamento do mercado recuperado. E depois disso? Quando se exalta um feito memorável, creio eu, ele irá perdurar no tempo infinitamente, mas será assim neste caso em concreto?
Ora vejamos: existem, segundo estes especialistas, cinco prioridades a médio-longo prazo:

1) Garantir um equilíbrio interno (que significa, por exemplo, não ter uma taxa de desemprego demasiado alta)

2) Conseguir um equilíbrio externo (não ter défices externos sucessivos)

3) Aumentar o crescimento potencial

4) Reduzir o endividamento dos privados

5) Assegurar a sustentabilidade orçamental

Então, tendo em conta estes cinco factores ou estas cinco prioridades, deparámo-nos, diria, com o primeiro fracasso deste programa de ajustamento – o insucesso.
E ao contrário do feito que exaustivamente os membros do governo proclamam (as vozes do PSD, entenda-se) no que toca ao desaparecimento, no exterior, dos défices, eis que o FMI emite um parecer na corrente oposta, afirmando a insustentabilidade dessas alterações, bem como se mantém tudo menos impressionado com o crescimento das exportações em termos brutos: «Não é prova de que Portugal tenha aumentado de forma significativa a competitividade», arrematam.

Pois bem, isto leva-nos a duvidar daquilo que até hoje alguns defenderam afincadamente como «único caminho possível». Se bem me recordo, as bandeiras de campanha para as próximas legislativas erguidas pela coligação têm sido, efectivamente, a diminuição do desemprego (que os dados do INE vieram deitar por terra tal teoria), o equilíbrio da balança (que vemos ter sido possível pela diminuição das importações, e que também curiosamente é um factor ilusivo porque num futuro próximo irão aumentar consideravelmente; e também pela falsa questão das exportações brutas, que vemos não ser algo viável), a melhoria das condições de vida (se internamente a população não tem poder de compra como poderá fazer a economia crescer e consequentemente melhorar as condições da população?)…

Já se diz, e bem, que nem tudo o que parece é. O (in)sucesso do FMI está à vista de todos.

Álvaro Machado - 00:47 - 25-05-2015

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