terça-feira, 23 de abril de 2013

Manifesto da Luz


Aqui fica o Manifesto inserido na conferência PENSAR O MARCO. Tal Manifesto foi devidamente entoado na abertura da conferência, da autoria de José Vieira. 

Deixem-nos respirar! “Abram todas as janelas!”
Que o ar puro entre nesta sala e em todas as salas onde se pensa e quer pensar e voar, voar, voar mais alto. Não cruzem os braços! Não caiamos na mesmice dos dias sem Sol e sem Luz. Não fechemos os olhos ao mundo! Pensemos!, por amor de nós e da Humanidade!
 PENSEMOS!

É por não acontecer nada neste nosso país e nesta nossa cidade, que criamos estas conversas, estas conferências, por forma a voarmos mais alto, sem receios, sem medos, qual Prometeu que rouba a chama divina aos deuses!
Entrai, todos vós que amais a Humanidade como o maior tesouro que temos! Entrai! Vamos pensar contra o comodismo, contra a fatalidade saloia de futuros sem futuro! Pela Cultura, pelo nosso País, por todos nós e pelo tempo, pensemos!
Deixemos a Luz entrar, não sejamos surdos à voz do Conhecimento, do Sentimento e da Razão.
Porque nós queremos “cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e da temeridade.” Queremos o Autêntico, o Novo, o Genuíno. Queremos tudo isso e mais que tudo isso! Queremos novos mares, novas Índias. Queremos outros caminhos. Queremos tudo de todas as maneiras! Queremos TUDO! Mas não queremos as coisas como elas estão! Queremos Mudança. Já chega de marasmo e de tédio! Já chega de silêncio e de abulia. Basta! Basta! BASTA!                                                               
PIM!
Deixemos, de uma vez por todas, de lado, este “Portugal-centavos”, como diria Álvaro de Campos no seu Ultimatum. Deixemos este Portugal sem leme para construirmos um Portugal com velas capazes de navegar sem medo. Deixemos de lado este Marco de Canaveses de escuridão profunda para caminharmos, sem medo, em direcção à Luz. Caminhemos juntos. Vamos! Vamos agora! Vamos já! É tempo de outra coisa. É tempo de uma nova Ordem. Criemos o Caos de onde surja a Harmonia!
Deixemos para sempre este Portugal cauda da Europa. Deixemos este Portugal que com “todos estes senhores conseguiu a classificação do país mais atrasado da Europa”, diria José de Almada-Negreiros.BASTA! BASTA! BASTA!                                                                           
PIM!
Basta de andarmos com as modas, com as políticas e com as opiniões sem opinião, sem fundamento. Basta os sorrisos falsos, as hipocrisias sociais, a miséria, a fome e o desemprego! Basta!                                                                                           
IRRA!
Usemos esta nossa força “desconhecida que nos leva muita vez, disse Antero de Quental, ainda contra a vontade, ainda contra o gosto, ainda contra o interesse, a erguer a voz pelo que julgamos a verdade, a erguer a mão pelo que acreditamos ser a justiça.”
Acusemos a doença moral que assola o país e a cidade! Acusemos a pequenez intelectual! Acusemos as trevas e de quem delas se serve para reinar em terras de ResPública! Basta d’isto! Basta de tudo o que vem d’isto! Basta de gente que viva d’isto e para isto! BASTA!                                                                                                   
PIM!
Sejamos essa miséria, essa escória que quer ser independente e pensar pela sua cabeça! Sejamos isso e mais que isso e tudo! Mas não sejamos isto! Isto não! Já chega d’isto!
Pensemos Marco de Canaveses hoje e amanhã, pensemos a Democracia, pensemos a Juventude, pensemos a Arte, pensemos o Homem, as finanças e a economia. Pensemos Deus, mesmo que ele não exista.
Sejamos sem limites, sem peias! Sejamos aquilo que somos ou que devemos ser: HUMANIDADE! Não humanidade que vagueie e deambule pelas cidades e pelo campo, sem rumo, sem opinião, sem vontade, marionetas de mãos e gravatas poderosas.
“Não é lisonjeando o mau gosto e as péssimas ideias das maiorias, indo atrás delas, tomando por guia a ignorância e a vulgaridade, que se hão-de produzir as ideias, as ciências, as crenças, os sentimentos de que a humanidade contemporânea precisa” disse Antero de Quental. “Acorda, é tempo!”
Acordemos todos nós. Acordemos deste sono de séculos de nada. Acordemos e caminhemos de mãos dadas. Não queimemos edifícios nem destruamos o património público. Queimemos o pensamento passadista! Destruamos a mentalidade provinciana! Pensemos por amor da Justiça, da Verdade e da Igualdade. Façamos a nossa Revolução Francesa do Pensamento! Cantemos as nossas Marselhesas, pintemos paisagens outras, escutemos novas sinfonias, escrevamos novos textos! Que este MANIFESTO DA LUZseja o início de algo Bom, Belo, Justo. Que estas palavras sejam fogo capaz de queimar o passado que vive no obscurantismo de séculos de pão e circo. Deixemos de lado o pão e o circo. Procuremos outro Pão, um que alimente e frutifique e perdure verdadeiramente. Procuremos o Indefinido, o Inatingível! Sejamos poetas, ou loucos! Ou tudo e nada ao mesmo tempo! Sejamos MAIS! Não fiquemos satisfeitos com o pouco. Sejamos insatisfeitos! Sejamos do contra! Sejamos contra! Não nos acomodemos ao estabelecido! Não sigamos as convenções com um sorriso na cara enquanto a sociedade devora a nossa Imaginação e força de vontade! CRIEMOS!

DE UMA VEZ POR TODAS E PARA SEMPRE, ACORDEMOS DESTE SONO DOENTIO E BAFIENTO!

Façamos guerra à guerra, tenhamos ódio ao ódio. Perguntemo-nos: o que é que podemos fazer pelo nosso país, pela nossa cidade?
Não tenhamos somente força e ânimo! Precisamos de mãos e olhos e pensamento e imaginação e vontade e palavras e acções e som e silêncio. Precisamos de Deus e do Diabo, mesmo que não existam! Precisamos de TUDO e de TODOS! Só não precisamos d’isto! Somos jovens, não alfarrobas, sabemos pensar, temos capacidade de pensar por nós, somos capazes de inovar. Somos Românticos como o foram Garrett ou Herculano. Lutamos pela mesma causa: PORTUGAL. Lutamos pela nossa cidade, pelo nosso concelho: o 12º pior concelho do país para se viver!
Queremos mais e melhor! Queremos o que é díspar e não temos medo do inédito, do diferente, da mudança!
Abram as portas e as janelas! “Abram mais janelas do que todas as janelas do mundo!”
Queremos ar fresco, queremos a LUZ que acabe com as trevas. A LUZ que mude definitivamente o Sistema sombrio e oportunista, cheio de compadrio e cunhas que é este país migalhas, este quase concelho a prestações
“Escuta! É a grande voz das multidões!” Que daqui a mil anos mil outras palavras durem para todo o sempre!                                                                        
   PIM!                          

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