sexta-feira, 8 de junho de 2012

Ensino Superior: A Escolha do Caminho por Miguel Costa Matos



Os tempos que correm tornam a escolha de um curso bem mais difícil do que poderia ser. A tentação, e o mantra com que os nossos governantes, pais e comunicação social aparentam 'conspirar' contra a nossa futura felicidade, é escolher impreterívelmente um curso que seja orientado para uma profissão técnica. Entre estas incluo a engenharia, a medicina, a farmácia, entre outras, ou o desemprego. Bela escolha!
Não porque ache que a escolha do curso é algo de vida ou de morte, mas porque o aparenta ser, queria partilhar convosco alguns mitos que conseguiram me convencer de ser falsos e que penso terem alguma utilidade para o acesso ao ensino superior.

MITO #1 - EMPREGABILIDADE
Conseguimos prever a empregabilidade de um curso?
1) Os fatores que nos diferenciam uns dos outros são tantos: média de final de curso, aspeto, capacidades interpessoais, as infames 'cunhas', entre outras.
2) Como todos temos dias bons e maus, as nossas tentativas de arranjar emprego poderão ser mais ou menos bem sucedidas por motivos que nenhuma técnica estatística poderá decifrar.
3) Depois claro está temos a duração e a qualidade do emprego. Tenho uma amiga que mudou de trabalho para ganhar mais mas depressa apercebeu-se do erro: o sítio era mais desorganizado. Basta dizer que detesta.
4) Finalmente, basta considerar o facto que com o avançar da tecnologia a um passo cada vez mais célere, é impossível adivinhar onde Portugal terá empregos daqui a 20 ou 30 anos. Há 20 anos produzíamos sapatos, hoje produzimos software, amanhã produzimos...? Se tiveres resposta para essa incógnita, por favor contacta-me. ;-)
A estatística da empregabilidade não consegue contabilizar as diferenças que existem em cada um de nós, a química da entrevista para um emprego, as diferenças entre cada emprego, ou a futura procura de um emprego.
A estatística da empregabilidade é uma farça. Rejeita-a e não escolhas o teu curso com base sómente nela.

MITO #2 - DIREITOS CANUDENSES
Cada vez que oiço o Álvaro, o nosso Ministro da Economia, falar de competitivIdade, não consigo evitar uma dose cavalar de cepticismo. No entanto, existe um forte consenso quanto ao que que limita a nossa competitivdade: a produtividade. Posto isto, as maneiras como a melhorar abrem fendas colossais nesse consenso. Como não acredito em oposição surda, e passados hoje um ano após uma derrota histórica para os Socialistas nas passadas eleições legislativas, cumpre-nos escutar um pouco da retórica da Direita.
Falam muitas vezes do que alguns Portugueses vêm a obtenção de um bom emprego como um direito uma vez obtido o seu canudo, leia-se a sua licenciatura, da faculdade. Não basta hoje ter curso para aceder a um emprego: algo provado pela taxa de desemprego de jovens licenciados. Não podemos daí entender que já não é proveitoso tirar uma licenciatura, ou que Portugal tem licenciados a mais. É falso - no aspeto lógico mas também económico. Falta a Portugal é bons licenciados - que tenham a qualidade do seu trabalho como sua marca de referência, sabendo que é fácil arranjar licenciados quaisquer, mas muito mais difícil por seja quem for a trabalhar bem.
Com 1 em 3 jovens desempregados, a percepção de que uma licenciatura é emprego garantido começa hoje a mudar-se. No entanto, esta percepção não deve mudar de certeza para um abismo sem fim e sem esperança. Ela deve encontrar a certeza nas serras do Trabalho e da Perseverança. Respeitando quem opta por se alongar no curso (pois é uma opção de vida válida), é inegável que patrões gostam de cursos sem chumbos e com belas médias.
É raro hoje em dia uma empresa em Portugal anunciar vagas de emprego. Trabalho para fazer até há, mas a falta de folga economico-financeira faz as empresas recorrer somente a processos de recrutamento espontâneo, através dos quais devem mesmo assim ser inundados por candidatuars. Estes processos, muitas vezes estandardizados, deixam-nos com apenas uma maneira de nos promover a nós e à nossa candidatura: verdadeiramente boa substância por de trás das nossas candidaturas a trabalho, e portanto de nos esforçarmos por ter essa mesma boa substância na faculdade.
Como diz uma camarda nossa do Porto - Há sempre lugar para os melhores.
Até nas profissões com menos saídas profissionais. (Se bem que o artigo do Público de domingo sobre este assunto faz nos ter algumas dúvidas a este respeito.)
Enfim, a sabedoria popular tem das suas verdades e a verdade é que cá se fazem, cá se pagam.

MITO #3 - O ADAMASTOR DA ESCOLHA PROFISSIONAL
E, para concluir, como se já não soubessemos, queria deixar escrito que não dá para fugir do adamastor que é o descontentamento com uma profissão que escolhemos por qualquer outro motivo senão gosto. A internet deu à nossa geração asas para investigarmos de forma exaustiva o que se faz em cada profissão no dia a dia. Sinceramente, vale a pena umas horas de aborrecimento a investigar isso do que anos de desencantamento com a vida devido a metermos na nossa cabeçinha que queremos aquela profissão e mais nada! Ou pelo menos assim me diz meu Pai, médico e farto da infindável repetição de fazer exame radiológico após exame radiológico.

Boa sorte!


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